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abril 20, 2009
Ministério Público analisa o resumo da ópera por Eduardo Fradkin, O Globo
Matéria de Eduardo Fradkin originalmente publicada no Segundo Caderno no jornal O Globo, em 18 de abril de 2009
Denúncia sobre montagens no Teatro Municipal gera processo, que Carla Camurati atribui à campanha contra OS
Está em circulação um e-mail que detalha denúncias feitas ao Ministério Público Estadual contra a gestão de Carla Camurati à frente da Fundação Theatro Municipal, por conta de supostas remunerações indevidas pagas a profissionais que trabalharam em espetáculos do ano passado na centenária instituição. O Ministério Público (MP) confirma que recebeu formalmente as denúncias e instaurou processo, na 7ª promotoria, para investigá-las, mas o encarregado do caso se recusa a comentá-lo por enquanto, pois nada foi comprovado até agora. A documentação recebida pelo MP para embasar as denúncias está sob sigilo, pelo mesmo motivo.
O e-mail começa dizendo que Carla está empenhada na transformação da Fundação Theatro Municipal numa OS (organização social), entidade de direito privado. O projeto de lei que propõe essa transformação, elaborado pela Secretaria estadual de Cultura, tramita na Assembléia Legislativa e tem provocado manifestações de revolta dos funcionários do teatro.
Em seguida, a missiva acusa Carla de conceder a si mesma cachê de R$60 mil pela direção da ópera “Carmen”, em novembro de 2007, e de R$20 mil pelo espetáculo “Stabat mater”, em março de 2008. O diretor artístico do teatro e regente de sua orquestra, Roberto Minczuk, também é citado por receber pagamentos extras e se afastar de suas atribuições naquela casa por períodos de mais de 15 dias sem autorização do governador. Por fim, é relatado que uma assessora da presidência da Fundação Theatro Municipal ganhou generosos cachês como cenógrafa e figurinista de “Carmen”, sendo que a ópera foi apresentada em forma de concerto.
Carla se mostrou surpresa ao tomar conhecimento das denúncias e disse que comentá-las equivaleria a dar crédito a acusações sem provas.
— Até agora, eu não fui procurada pelo Ministério Público, e não dá para ficar comentando correntes de internet. Assim que o MP me procurar, contará com todo meu apoio e colaboração para dar todas as informações necessárias e esclarecer qualquer dúvida que eles tenham. Minha administração no teatro é honesta e transparente. É fácil perceber, pelo teor do e-mail, que ele faz parte de uma campanha orquestrada por quem é contra o projeto de lei do governo sobre as OS. As pessoas, ao invés de discutirem as ideias e questões que o projeto propõe, estão atirando para todo lado para tentar desqualificá-lo, e agora procuram atingir a mim e ao meu trabalho. Além do mais, um texto que começa dizendo que eu influenciei o governador e a secretária para a implantação das OS é uma loucura — argumentou ela.