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Como atiçar a brasa

 


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abril 6, 2009

Novo museu no Ibirapuera muda projeto por Mario Gioia, Folha S.Paulo

Matéria de Mario Gioia originalmente publicada na sessão Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo, em 5 de abril de 2009

A partir de outubro deste ano, Pavilhão das Culturas Brasileiras irá ocupar prédio no parque onde funcionava a Prodam

Antes mais concentrado em folclore, novo espaço tem conceito alterado, incorporando arte urbana e outras coleções

Até outubro, o parque Ibirapuera reforça a condição privilegiada de abrigar museus, com uma "prévia" da próxima instituição que ganhará sua sede em um de seus prédios.

Anunciado em junho do ano passado, o Pavilhão das Culturas Brasileiras irá ocupar o edifício da antiga Prodam (a companhia de processamento de dados do município), ao lado do Museu Afro Brasil, e mudou a sua proposta inicial.

Na versão anterior, as duas coleções-base do museu seriam a do antigo Museu do Folclore, elaborada por Rossini Tavares de Lima; e a da Missão de Pesquisas Folclóricas, organizada por Mário de Andrade em 1938.

O espaço agora vai incluir também uma coleção de arte indígena, que vem do acervo do indigenista Orlando Villas-Bôas (veja quadro ao lado). As três estão sob a guarda da prefeitura. O Pavilhão também incorporará uma faceta urbana, destacando manifestações como o grafite e a street dance.

Além disso, o prazo de entrega aumentou -antes previsto para o final do ano passado, deve ser inaugurado em 2011.

"Vai ser um museu vivo", afirma a futura diretora do museu, a crítica de design Adélia Borges, 57, que foi diretora do Museu da Casa Brasileira até 2007. "A ideia é um espaço contemporâneo, onde não haja apenas mostras das coleções municipais. Haverá um intenso diálogo com a cultura urbana."

"Criar um outro Museu do Folclore não seria o caso. A gente parte dessas coleções e cria um vetor de expansão, que vai discutir o traço brasileiro, não interessando se é rural, urbano, espontâneo, erudito", diz o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, 57, que promete até outubro deste ano uma espécie de cartão de visitas do novo espaço.

"A cultura urbana de cunho popular é mal compreendida. O pavilhão pode funcionar para compreendermos melhor o grafite, o hip hop, a street dance. Tudo isso estará no museu."

Calil pretende inaugurar até o início de 2011 a nova instituição. Até lá, devem ser feitas grandes reformas no telhado e em todos os caixilhos do edifício, com orçamento estimado em R$ 5 milhões. Os órgãos de patrimônio também terão de aprovar as intervenções, já que o prédio é tombado.

Borges planeja fazer diversas aquisições ao acervo do futuro museu e investir em atividades que dinamizem a instituição. "Por exemplo, traremos um grupo de maracatu de algum lugar do Nordeste. As atividades deles no museu serão registradas, eles farão workshops, nós compraremos objetos e peças que consideremos importantes para o nosso acervo", explica.

Lina Bo Bardi
Calil germinou a ideia do novo museu paulistano em 1969, ainda jovem, quando viu a exposição "A Mão do Povo Brasileiro", no Masp, que se tornou uma referência em montagens de arte popular. O nome inicial do pavilhão seria Museu A Mão do Povo Brasileiro.

Organizada pela polêmica arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992), parte das peças que estiveram expostas naquele ano foram restauradas e estão sendo mostradas em Salvador.
"Certamente a inspiração foi a mostra de Lina, em 1969. Foi um acontecimento na cidade. Tinha uma força enorme e uma vibração fantástica", avalia Calil. "São Paulo tem uma rede sofisticada de museus, mas ainda não se deteve sobre a arte popular. Faltavam instituições. Com o pavilhão, não haverá mais essa lacuna."

Saiba mais sobre o novo museu
Conheça o projeto da instituição que vai abrigar coleções e mostras de arte popular no Ibirapuera

A COLEÇÃO DE MÁRIO DE ANDRADE

700 peças
1.000 itens, entre gravações e fotografias
>> ex-votos
>> arte plumária
>> instrumentos musicais
>> cadernetas de campo da equipe
>> registros musicais
>> utensílios de cerâmica
>> objetos religiosos
>> fotografias

A COLEÇÃO ROSSINI TAVARES DE LIMA

3.800 objetos
9.700 itens na biblioteca
>> ex-votos
>> instrumentos musicais
>> utensílios de barro, para cozinha
>> esculturas
>> rendas e bordados

A COLEÇÃO DE ARTE INDÍGENA

750 peças
>> arte plumária
>> bancos
>> máscaras
>> cestos
>> arcos, flechas e lanças

fonte: Secretaria Municipal da Cultura


Posted by Ana Maria Maia at 2:22 PM | Comentários(2)
Comments

É muito oportuna esta iniciativa e em boas mãos de Adelia Borges que teve uma atuação exemplar no Museu da Casa Brasileira.

Posted by: Percival Brosig at abril 16, 2009 9:31 AM

Sim, o Pavilhao da Cultura Brasileira deve ser um espaço interessante e alusivo as exposições do Brasil 500 que foi bastante espetacular.
Agora, ainda me questiono porque o MAM não ocupou este pavilhão, ja que esta transferência era prevista desde 2004, arduamente defendida pelo arquiteto Niemeyer.
Interessante como as decisões politicas alternam-se.

Posted by: Wesley Macedo at agosto 26, 2009 12:07 PM
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