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março 23, 2009
Ministério da Cultura disponibiliza nova Lei Rouanet para consulta por Gabriela Guerreiro, Folha Online
Matéria de Gabriela Guerreiro originalmente publicada na Folha Online em 23 de março de 2009.
O Ministério da Cultura vai disponibilizar a partir desta segunda-feira, em seu site na internet, o novo projeto da Lei Rouanet -que tem como objetivo alterar o atual modelo de financiamento para o setor cultural brasileiro.
O texto ficará disponível por 45 dias para consulta, depois será enviado para análise do Congresso Nacional. O ministro Juca Ferreira (Cultura) disse esperar a votação do texto pelo Legislativo ainda este ano.
Com duras críticas ao atual modelo da Lei Rouanet, Ferreira disse que o objetivo das mudanças é permitir que o financiamento das empresas privadas a atividades culturais não se restrinja a grandes produções artísticas nem ao eixo Rio de Janeiro-São Paulo, como ocorre no modelo atual.
O governo também quer acabar com a cobrança elevada dos ingressos para espetáculos culturais no país.
O ministro disse que metade dos recursos captados pela Lei Rouanet, atualmente, são repassados a apenas 3% dos produtores culturais. "Não há política pública que resista. Isso é dirigismo, tão perigoso quanto o dirigismo estatal. Quem paga o preço é a população brasileira. Artista novo que não é do gosto público tem dificuldades de ter acesso à Lei Rouanet", afirmou.
Renúncia Fiscal
A principal mudança diz respeito à renúncia fiscal das empresas que optarem por financiar projetos culturais. Hoje existem apenas duas faixas de isenção de Imposto de Renda para as empresas, de acordo com a lei: 30% ou 100%.
Pela proposta, haverá um escalonamento maior. O Ministério da Cultura vai criar outras quatro faixas de renúncia, de 60%, 70%, 80% e 90%. Os critérios para o uso dos impostos serão estabelecidos por um conselho, composto por governo e sociedade, de forma paritária, correspondente ao atual Cnic (Comissão Nacional de Incentivo a Cultura).
O conselho também vai poder interferir na faixa de renúncia, assim como verificar se a proposta de financiamento vai atender a projetos de diversas áreas culturais, com preços mais acessíveis para a população.
"Tem áreas da cultura que não têm acesso à lei porque interessa ao empresário financiar algo que dê retorno. A última palavra cabe à direção de marketing da empresa, isso tem que mudar", afirmou.
Pelo novo texto, o conselho vai definir anualmente, por meio de portaria, os critérios da renúncia, relacionando-os com cada faixa. Embora o projeto de lei não esclareça esses critérios, Ferreira, disse que a prioridade serão o preço do ingresso, o acesso ao espetáculo e sua diversidade cultural.
"Projetos de música popular brasileira têm hoje só 30% de renúncia. Por que? Não se justifica esse preconceito contra a música. Por que outras áreas têm 100% de renúncia? Os índices serão analisados mediante avaliação", disse.
Na opinião de Ferreira, a remodelação do atual modelo da Lei Rouanet vai impedir que recursos "adormecidos" não sejam aplicados anualmente pelo governo no setor cultura.
Fundo
O projeto também prevê mudanças no Fundo Nacional de Cultura, que passa a contar com recursos do Tesouro Nacional. Também haverá fundos setoriais de financiamento direto da cultura, como de memória e patrimônio, de cidadania e diversidade, artes e equalização.
O governo também que implementar um "Vale Cultura" no valor mensal de R$ 50, nos moldes do atual "Vale Refeição", que poderá ser utilizado no acesso a espetáculos de artes visuais, artes cênicas, audiovisual, música e patrimônio cultural. Pelo projeto, o governo dará renúncia fiscal para 30% do seu valor, o empregador pagará 50% do valor e o trabalhador, 20%.
"Ao invés de alimentar o estômago, o Vale Refeição vai alimentar o espírito", disse o ministro.
MISERÊ ARTISTICO
Os artistas de todas a áreas que trabalham como profissionais agradecem ao MINC se a nova lei estivar voltada para artistas vivos e atuantes.
Os empresários obcecados pelo lucro de qualquer jeito, só se importam com aquilo que pode lhes dar mais retorno na mídia.
Marketing objetivo e certo, não importa os que estão jogados na Rua da Amargura.
Tem artista aqui no Brasil de importância internacional morando em barraco alugado com telhado de brasilite sem forro, implorando por dez pau para um lanche na padaria da esquina.Parece até que o Vincent Van Gogh os contagiou, daqui a pouco vai chegar um caminhão de orelhas ai de acrílico. Aqui se algum artista corta orelha fatalmente vai fritar na omelete.
O artista vivo vale mais que o morto.
Como dizia o velho deitado Grumpolis Miniaticun.
Líbano Montesanti Calil Atallah
Artista plástico
www.artponto.com