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março 16, 2009
Senise explora ateliê e arquitetura em exposição por Mario Gioia, Folha S. Paulo
Matéria de Mario Gioia originalmente publicada na sessão Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 14 de março de 2009
Pintor carioca surgido na geração 80 ganha mostra na Estação Pinacoteca, em SP
Além de reunião de 24 pinturas de Senise, museu abre individuais de Fabrício Lopez, que exibe grandes gravuras, e de Amelia Toledo
Um banco de plástico no meio de uma massa de tinta. Diversos planos em perspectiva que estão no centro de uma grande tela. Esses elementos de dois quadros de grande dimensão dão a chave da mostra que o artista carioca Daniel Senise, 53, faz na Estação Pinacoteca, em São Paulo. A exposição, com 24 pinturas, segue até o dia 10 de maio no museu.
"Eu queria ter essa situação do meu ateliê. Esse banco ficou lá por muito tempo. A tinta ao lado é uma forma de reconstrução do chão do espaço", diz o artista sobre a tela "Legenda", que fica na entrada de uma das salas expositivas. "E pensei que uma arquitetura de planos que se dividem e sugerem novos espaços, sendo colocada em um outro extremo em relação a "Legenda", pudesse dar uma configuração interessante à mostra", completa o artista, comentando a pintura que abre o espaço da outra sala.
Os movimentos de imersão no próprio local de trabalho e de expansão por arquiteturas fictícias dão ao espectador duas leituras complementares. Egresso da geração 80, conhecida pela renovação da pintura, Senise já teve essas obras exibidas no Museu de Arte da Bahia, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul e na Casa do Conde, em Belo Horizonte.
"Não quero que a exposição tenha um tom de retrospectiva, apesar de ter trabalhos de diversas fases da minha carreira", diz o artista. De fato, ele mostra telas como as da série "Bumerangue", de 1997, que simulam as trajetórias do brinquedo pelo ar. O tom vermelho oxidado se dá pela corrosão de pregos sobre a superfície do quadro.
Também muito diversa da produção atual é "Paisagem com Levitação" (1995), em que uma figura humana levita à frente de uma paisagem com pequenas cruzes ao fundo.
Gravuras
Grandes dimensões também são exploradas pelo paulistano Fabrício Lopez, 32, que ganha exposição a partir de hoje. Em 20 obras - algumas delas chegam a medir 2,20 m x 4,80 m-, Lopez explora as paisagens do Valongo, bairro portuário de Santos.
"Gosto desses tamanhos porque dão a ideia de um embate com a matéria. Mas faço uma xilogravura impressa em papel japonês, bem fino, colada diretamente nas paredes. Isso dá a cada mostra uma configuração diferente", diz o artista, que também tem obras exibidas no Rumos Artes Visuais, no Itaú Cultural, em São Paulo.
Outra exposição que é aberta na Estação é a de Amelia Toledo, com 20 trabalhos, entre pinturas, colagens e objetos, que foram doados ao museu.