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fevereiro 4, 2009
Olhares cruzados, por Paula Alzugaray, Revista Isto É
Matéria de Paula Alzugaray, originalmente publicada na Revista Isto É edição 2045, no dia 21 de janeiro de 2009
Exposição itinerante mapeia a fotografia documental realizada por coletivos da América Latina, Espanha e Portugal (Laberinto de miradas - coletivos fotográficos ibero-americanos / Galeria Olido, SP/ até 1º/3)
Diversidade é a tônica dominante, sempre que se fala em América Latina. Mas entre as preocupações de artistas, fotojornalistas e documentaristas da região, que trabalham em âmbitos de ação social, é possível detectar pelo menos três grandes temas comuns: a identidade, os fluxos migratórios e os relatos das fronteiras. Essas são as questões que conectam os 15 coletivos de fotógrafos participantes da exposição Laberinto de miradas.
A idéia de labirinto é perfeita para orientar o visitante no roteiro dessa viagem, formada por 15 subcuradorias, já que cada grupo propõe seu próprio tema de exposição. Os territórios são muitos: há desde os coletivos que abordam temas e projetos sociais de maneira mais "clássica" e tradicional - o que não diminui seu interesse - até aqueles com propostas mais experimentais e artísticas. A Cooperativa Sub, por exemplo, que se autodefine como uma "mistura de agência de fotos, banda de rock e família", apresenta a exposição Ciudad invento, formada por imagens de um lugar inventado, com características fragmentárias de várias culturas. Mexican way of life, do coletivo Mondaphoto, do México, se utiliza de uma estética editorial e publicitária para fazer uma autocrítica sobre a forma com que os sonhos dos mexicanos são influenciados pelo gigante vizinho. Já a agência espanhola Pandora ilustra uma realidade antagônica àquela defendida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Composto por três exposições itinerantes - no roteiro, mais de 20 países da América e da Europa -, o projeto Laberinto de miradas é também uma ótima oportunidade de jogar um foco de luz sobre o fenômeno recente dos coletivos de fotógrafos. "Organizar- se em coletivo é uma maneira de fugir de um mercado saturado e criar uma alternativa comercial que seja funcional.
Num coletivo conseguimos uma produção muito maior porque somamos forças e nos dividimos em funções para responder a uma demanda de encomendas de todo tipo, ensaios de fotografias comerciais ou artísticas, publicitárias ou jornalísticas. É um processo muito colaborativo", diz João Kehl, fotógrafo da paulistana Cia da Foto.
Colaborou Fernanda Assef