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janeiro 19, 2009
Lasar Segall, Daniel Senise e Carlos Vergara estão entre as melhores exposições de 2008, Globo on line
Lasar Segall, Daniel Senise e Carlos Vergara estão entre as melhores exposições de 2008
Matéria originalmente publicada no Globo on line, no dia 31 de dezembro de 2008
RIO - O Segundo Caderno desta quarta-feira listou as melhores exposições de 2008. A crítica Suzana Velasco escolheu os destaques entre as artes plásticas que passaram pelos espaços cariocas este ano. Confira:
"É DA SUA NATUREZA": O humor sobre o cotidiano deu o tom da exposição de Marcos Chaves no Oi Futuro, com fotografias e vídeos, e da instalação sonora, que, através de um contêiner fechado, soltava gargalhadas na saída do metrô do Largo do Machado.
"NUVEM": Em outubro, Eduardo Coimbra levou um céu de nuvens claras para a Praça Quinze. A instalação ficou no Centro da cidade por um mês, e era iluminada durante a noite, impactando o público que passava a pé no local, ou de carro, pela Perimetral. Com uma pesquisa artística sobre a paisagem, Coimbra também inaugurou este ano a bela "Passarela", no Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude, integrando sua obra com a natureza.
"FAMÍLIA FERREZ: NOVAS REVELAÇÕES": A exposição no Centro Cultural Banco do Brasil mostrou como o fotógrafo Marc Ferrez deixou o gosto por sua arte para os filhos, Júlio e Luciano, e o neto, Gilberto, que herdaram também o apuro técnico e de linguagem. As 396 imagens retratavam fatos históricos, como o desmonte do Morro do Castelo, a vida social, como o carnaval de rua carioca, o cais de Salvador, as obras de Aleijadinho em Ouro Preto, a arquitetura de São Paulo e cenas familiares, com os costumes e a moda das décadas de 1910 a 1950.
"A PERMANÊNCIA DO INSTÁVEL": Burle Marx faria 100 anos em agosto de 2009, mas já no fim deste ano ganhou uma homenagem à sua altura no Paço Imperial, onde, logo na entrada, um jardim ressalta sua inventividade no paisagismo. Mas a exposição, ainda em cartaz, mostra em 335 peças que Burle Marx não foi apenas um brilhante paisagista, mas também pintor, cenógrafo, tapeceiro e gravurista.
"SEGALL REALISTA": Uma caprichada retrospectiva de Lasar Segall reuniu, no Instituto Moreira Salles, 190 obras - 40 delas tendo o Rio como inspiração -, selecionadas para mostrar a vertente realista de um artista que sempre foi vinculado ao expressionismo europeu.
"VAI QUE NÓS LEVAMOS AS PARTES QUE TE FALTAM": Em sua maior exposição já feita no Brasil, Daniel Senise mostrou, no MAM, por que é um dos grandes nomes da arte brasileira. As 34 telas em grande formato, que abarcavam os últimos 15 anos de criação do artista, revelaram o processo de impressão em madeira que marca seu trabalho. Explorando uma mesma nuance de cores e os vazios do espaço, as obras de Senise prezavam o que pode haver de imaterial na pintura, brincando com o olhar do espectador.
"UMA LEITURA NOS TRÓPICOS": O impacto da natureza brasileira sobre o francês Nicolas-Antoine Taunay e sua releitura das cores dos trópicos foram a tônica da exposição no Museu Nacional de Belas Artes, que mostrou ainda como Taunay levou traços do Brasil ao voltar para a França, tornando-se saudoso da paisagem que, antes, causara-lhe estranhamento.
"HÜZUN": Em viagem à Capadócia, na Turquia, Carlos Vergara criou fotografias, instalações, monotipias e montagens de fotos em acrílico lenticular. Expostas no Oi Futuro, as obras foram inspiradas pela melancolia que a palavra turca hüzun expressa, mas que não tem tradução literal em português.
"CARLOS ZILIO": O artista revisitou sua trajetória e reafirmou a opção pela pintura na exposição que inaugurou a galeria Anita Schwartz na Gávea. Em telas como "Et in Arcadia ego", Zilio manteve suas habituais referências à história da arte e se debruçou em sua própria produção pictórica, desde os anos 1970, sem deixar que a memória do passado freasse novas possibilidades de criação.
"PENETRÁVEIS: HÉLIO OITICICA": No fim do ano, o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica inaugurou uma rara mostra, reunindo seis penetráveis do artista. Até meados de 2009, o visitante tem a chance de adentrar criações como "Rijanviera" e "Rhodislandia: Contact", inédita no Brasil, cheirá-las, tocá-las e andar descalço na areia e na água, sendo um participante ativo da obra de Hélio Oiticica.