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dezembro 11, 2008
Novas rotas para artistas viajantes, por Paula Alzugaray, Revista Isto É
Novas rotas para artistas viajantes
Matéria de Paula Alzugaray, originalmente publicada na Revista Isto É edição 2039, no dia 26 de novembro de 2008
Artistas viajantes
Cresce o trânsito de artistas brasileiros e estrangeiros em programas de residências
O artista viajante foi o antecessor do documentarista. Por séculos, transitou a Terra Brasilis, registrando em desenhos e pinturas as pessoas, os animais, as plantas. A prática arrefeceu no final do século 19 com o advento do cinema e das novas mídias, mas hoje ganha novo fôlego com as residências artísticas. Como nas Missões Artísticas do passado, os programas de residências querem ampliar horizontes. Em um mundo atravessado por meios de comunicação, deslocamentos e migrações, o artista residente é convidado a desenvolver projetos a partir de vivências em novos territórios e a refletir sobre a cultura globalizada que nos envolve.
Durante dois meses, o videoartista argentino Federico Lamas, de 29 anos, fez um trabalho a partir da janela de seu apartamento na Praça Patriarca, em São Paulo. Contemplado pelo programa Videobrasil de residências, Lamas ficou hospedado no Edifício Lutetia, que desde 2006 já recebeu 58 artistas internacionais dentro do projeto da Residência Artística FAAP. “Não tenho sede de turismo e São Paulo não tem uma torre Eiffel para se conhecer. A torre Eiffel aqui são as pessoas”, diz ele. Em um exercício diário de voyerismo sobre os personagens da cidade, o artista mapeou os predicadores da Praça Patriarca e produziu um vídeo ficcional a partir de imagens documentais, intitulado Vete al Diablo.
Em São Paulo, Lamas conviveu com o espanhol Javier Peñafiel, de 44 anos, convidado da 28ª Bienal de São Paulo, que também habitou o Lutetia durante dois meses, a convite da Fundação Bienal, instituição parceira das residências da FAAP. “Escolhi trabalhar com a agenda, porque é uma coisa muito paulistana”, diz Peñafiel. Sua Agenda do fim dos tempos drásticos propõe uma nova divisão do tempo semanal e foi realizada sob medida para combater o estresse da vida paulistana. O trabalho consiste em um vídeo, um livro e uma “conferencia dramatizada”, em que a atriz Marisa Orth foi chamada para preencher as páginas em branco da agenda.
“As residências estão diretamente relacionadas ao processo de globalização, significam ampliação de acesso à informação, disseminação, mas também podem ser resposta e este mesmo processo, uma espécie de resistência a este modelo, pois permitem trocas mais diretas entre os artistas”, diz Marcos Moraes, coordenador da Residência Artística FAAP. Fortalecer ações de intercâmbio é a meta desses programas que proliferam no Brasil. O interesse nesse tipo de prática é tão grande que São Paulo sediou essa semana o I Encontro Iberoamericano de Residências Artísticas Independentes, do qual participaram 13 programas brasileiros, onze de outros países da America Latina e três da Espanha. Entre os brasileiros, participaram o recém-lançado programa do Laboratória de Novas Mídias do MIS, e o SPA das Artes, de Recife.
Evento referencial da produção artística pernambucana, que todo ano preenche Recife com atividades e exposições, o SPA das Artes esse ano criou uma Bolsa de Incentivo à Residência Artística, contemplando seis artistas de diferentes cidades do Brasil com R$ 2,5 mil. Entre eles, estava a paulistana Maíra Vaz Valente, que ocupou faixas de pedestres com guarda-chuvas vermelhos e cadeiras de metal na intervenção-performance Movimentos para atravessar a multidão. A experiência, efêmera, durou poucas horas. Mas os resultados são levados pelo artista viajante de volta para casa. “O trabalho nunca se encerra em uma só leitura”, diz Maíra que continua elaborando novas intervenções para “questionar a inércia da multidão urbana”.
Colaborou Fernanda Assef
Roteiros
Poéticas do deslocamento
DESLOCAÇÕES, 4 PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS PORTUGUESAS/ Instituto Camões, Brasília/ até 12/12
A União Européia recebe, em média, 400 mil pedidos de asilo por ano, mas é cada vez mais comum a criação de leis para dificultar a entrada de estrangeiros. Portugal é o país-membro que mais recebe imigrantes de países que não pertencem à UE.
Acredita-se que existam mais de 70 mil imigrantes morando no país. Migração tornou-se um foco constante da atualidade e a arte contemporânea não está alheia a esse debate. O tema é abordado na mostra Deslocações, em que quatro fotógrafos portugueses interpretam aos sentidos diversos das experiências migratórias hoje. Na vídeo-instalação 38 Minutos de Antropologia, José Carlos Teixeira colhe depoimentos, em tom confessional, de imigrantes que não se deixam revelar e aparecem em imagens fragmentadas. Mais do que observar, a exposição convida a um permanente deslocamento, para experimentar o sentir-se estrangeiro.
Karin Schneider em repasse de Artur Barrio
Eu proponho que um grupo de artistas
e intelectuais brasileiros se organizem para abrir uma conta em um banco,
contratar e pagar um excelente advogado para defender
Caroline Piveta da Mota. Ela precisa de ajuda jurídica.
Eu acabo de ler as declaraçoes do presidente da Bienal e de Ivo Mesquita e eles
nao estao dispostos a fazer nenhuma intervençao no caso. Nós
precisamos nos organizar e lutar na justiça contra esse tipo de repressao.
Isso é muito sério.
Karin Schneider
Posted by: Artur Barrio at dezembro 18, 2008 9:35 AM