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outubro 24, 2008
O universo sensorial de Cildo Meireles, O Globo
O universo sensorial de Cildo Meireles
Matéria originalmente publicada no Globo no dia 24 de outubro de 2008
´The Independent´ põe de lado sentido político de obras na Tate Modern
Em crítica no jornal inglês“ The in de pendent”, Michael Glover analisou anteontem a exposição do brasileiro Cildo Meireles na Tate Modern, em Londres, ressaltando suas “relações imersivas com os objetos”, em vez dos significados políticos e conceituais que costumam permear as considerações sobre o artista. Glover citou instalações como “Volátil”, em que o visitante precisa pôr uma máscara de papel, tirar os sapatos e vestir botas, pisando em algo que, para o crítico, parece ser farinha, mas depois descobre ser talco: “Está escuro e abafado, e meus pés se afundam em algo profundo e pegajoso. Viro uma esquina, numa área onde há a luz de uma vela no meio do chão. A sensação é de estar num santuário, mas que coisa estranha é esta em que estou afundando?
Explicações conceituais limitariam fruição da mostra
Essa imersão em objetos “bizarros”, diz Glover, é o mérito da exposição: “Uma investigação sobre a natureza paradoxal dos objetos é como Meireles descreveu sua aproximação estranhamente prazerosa com a arte. Para nós, é dito que se trata de arte conceitual, o que pode proceder se você tiver uma noção das idéias a que essas peças tentam dar forma. Na verdade, você poderia reduzir cada uma das obras a um resumo de seu significado, e muito seria relacionado a parábolas de repressão política. Mas isso limitaria os prazeres desta exposição, que continuamente nos prega uma peça, mandando-nos numa direção, para então nos arremessar a outro lugar”.