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outubro 20, 2008
Mostras fazem painel da arte pós-1950, por Caio Jobim, Folha de São Paulo
Mostras fazem painel da arte pós-1950
Matéria de Caio Jobim, originalmente publicada na Folha de São Paulo no dia 20 de outubro de 2008
"Nova Arte Nova" e "Arquivo Geral", ambas no Rio, compõem recortes abrangentes da produção brasileira até hoje; "Arquivo Geral" quer "potencializar" o mercado carioca para colecionadores estrangeiros que visitam a Bienal de São Paulo
Dois prédios antigos no centro do Rio, com menos de cem metros a lhes separar, abrigam a partir desta semana recortes abrangentes da produção artística brasileira dos anos 1950 até os dias de hoje.
"Nova Arte Nova" ocupa todo o espaço expositivo do Centro Cultural Banco do Brasil. São mais de cem obras de 55 artistas que, nos últimos dez anos, vêm explorando e atualizando linguagens e técnicas da arte contemporânea.
Já a terceira edição de "Arquivo Geral" é uma iniciativa de 11 galerias da cidade com o objetivo de potencializar o mercado de arte carioca a partir da movimentação de curadores, colecionadores e visitantes, do Brasil e do exterior, gerada pela Bienal de São Paulo -cuja abertura acontecerá no próximo sábado. Neste ano, a mostra reúne trabalhos de 96 artistas e terá como sede o térreo do Centro Cultural da Justiça Eleitoral.
Mostra coletiva
"Em geral as curadorias hoje são muito determinadas, então eu não quis estabelecer uma separação temática. A idéia foi ocupar o espaço de uma maneira fluida, sem fronteiras", explica Paulo Venancio Filho, curador de "Nova Arte Nova".
Segundo ele, a exposição vai demonstrar a abolição das diferenças regionais entre os artistas e o trânsito da arte produzida no país dentro de um contexto global. O curador prefere não destacar este ou aquele artista. Ou falar sobre obras específicas. "Trata-se de uma mostra coletiva em que o que prevalece é a diversidade", justifica.
"Nova Arte Nova" será montada também no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, a partir de janeiro e até abril do ano que vem.
Sugestões
O curador de "Arquivo Geral", Fernando Cocchiarale, escolheu os trabalhos que compõem a mostra a partir das sugestões de cada galeria. "Você começa a ver os trabalhos e forma grupos a partir de questões que são recorrentes", diz Cocchiarale.
São peças produzidas nas últimas décadas. Esculturas em acrílico de Ruben Ludolf dividem uma sala com outros exemplares da "tradição geométrico-construtivista". Já as instalações de arte sonora de Paulo Vivacqua dialogam com a arquitetura da edificação, erguida em 1892, que combina elementos de neoclássico e do barroco com toques do art nouveau.
"Muitas vezes, a interferência da arquitetura do edifício pode ser até um elemento favorável em um mundo que não valoriza mais a pureza, mas sim a contaminação", afirma Cocchiarale.