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outubro 15, 2008
Petrobras Cultural lança edital com verba de R$ 42,3 milhões, por André Miranda, O Globo
Petrobras Cultural lança edital com verba de R$ 42,3 milhões
Matéria de André Miranda, originalmente publicada no Globo no dia 15 de outubro de 2008
Presente à cerimônia, o ministro Juca Ferreira admite que Cultura pode sofrer cortes com a crise econômica
Numa cerimônia em que o tema da crise econômica mundial pairou no ar, foram apresentadas ontem pela manhã as novas diretrizes do Programa Petrobras Cultural (PPC), maior edital de patrocínio de uma empresa a projetos culturais do país. As inscrições para o programa estão abertas a partir de hoje para as áreas de produção e difusão em audiovisual, artes cênicas, música, literatura e cultura digital, com um orçamento de R$ 42,3 milhões. No evento, a Petrobras anunciou, ainda, uma verba suplementar de pelo menos R$ 40 milhões, que serão destinadas a um pacote de projetos selecionados pelo Ministério da Cultura (MinC).
Para longas, aprovação prévia na Lei será exigência
A partir de agora, o PPC será dividido em dois editais, um aberto em outubro (produção e difusão) e outro em maio (patrimônio e formação). A maior mudança para esta edição é um acordo firmado entre a Petrobras e o MinC que cria uma nova etapa do processo de análise e seleção, em que os projetos finalistas serão avaliados para aprovação na Lei Rouanet, antes de serem anunciados os vencedores. A única exceção será no caso dos projetos de longa-metragem, para os quais o PPC vai exigir a aprovação na Lei do Audiovisual no momento da inscrição.
Outras novidades são os apoios específicos para festivais de música (R$ 2 milhões) e para projetos de cultura digital (R$ 2 milhões). A maior parcela desta fase do PPC ainda ficará com propostas de audiovisual (R$ 26,6 milhões), com a produção de longas-metragens em 35mm (R$ 13 milhões) à frente. Já os projetos de artes cênicas terão R$ 7,3 milhões; os de música, R$ 5,6 milhões; e os de literatura, R$ 810 mil.
Apresentada pela atriz Marieta Severo, a cerimônia de anúncio do PPC foi realizada no Museu de Arte Moderna, no Rio, e contou com as presenças do ministro da Cultura, Juca Ferreira, do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabriel li, e do gerente executivo de Comunicação Institucional da empresa, Wilson Santa Rosa. Gabrielli fez questão de ressaltar que o apoio ao PPC não pode ser afetado pela conjuntura econômica. Já Ferreira admitiu que a crise pode gerar cortes na cultura.
- É possível que, em algum momento, o estado brasileiro tenha que reduzir os gastos, e isso pode chegar à área cultural. Talvez tenhamos que nos adequar a essas condições de turbulência. Mas o presidente Lula já disse que quer poupar a área social, o que inclui a cultura. Então, acredito que seremos pouco afetados - disse Ferreira.
Coube, então, a Santa Rosa anunciar o investimento extra que a Petrobras fará em cultura, também citando a crise econômica mundial. - Muito embora a banca do cassino financeiro mundial tenha quebrado, o resultado da Petrobras é muito bom. Então vamos apoiar um novo pacote do MinC, com cerca de R$ 40 milhões, podendo ser mais, dependendo do resultado da empresa até o fim do ano - disse. Segundo Ferreira, o destino dessa verba será avaliado pelo MinC e deve ser anunciado em até três semana.
Zulu Araújo na Funarte
Solução definitiva sai em 20 dias
Após a cerimônia de lançamento do Programa Petrobras Cultural (PPC), o ministro da Cultura, Juca Ferreira, aproveitou para tratar do futuro da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Com o pedido de demissão de Celso Frateschi na semana passada, a Funarte será dirigida interinamente, durante 20 dias, pelo arquiteto e produtor cultural Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares. Araújo acumulará os dois cargos neste período, mas a idéia do MinC é criar um colegiado para presidir o órgão.
- A gente vai esperar passar a turbulência antes de tomar qualquer decisão e poder fazer a transição com calma. Ainda não há nada definido - disse Ferreira. - Paralelamente a isso, estamos trabalhando para desobstruir as aprovações de projetos da Lei Rouanet. Vamos investir em tecnologia para que possamos sair desta dificuldade em atender a demanda pela lei. A crise na Funarte estourou com o pedido de demissão do ator e diretor teatral Celso Frateschi do cargo de presidente. A demissão ocorreu dois dias depois de o GLOBO mostrar como um projeto do grupo de teatro Ágora, fundado por Frateschi, foi aprovado em tempo recorde para captar patrocínio pela Lei Rouanet.