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junho 2, 2008
MAC vai privilegiar contemporâneos, por Mario Gioia, Folha de São Paulo
MAC vai privilegiar contemporâneos
Matéria de Mario Gioia, originalmente publicada na Folha de São Paulo, no dia 2 de junho de 2008
Museu quer justificar seu nome, mas obras modernas importantes terão atenção especial, diz diretora, que já dividiu espaços
De acordo com João Sayad, instituição será envolvida por área verde e ganhará espaço com a incorporação de terrenos vizinhos
A diretora do MAC-USP, Lisbeth Rebollo Gonçalves, está em definições finais de como será ocupado o espaço do novo prédio do museu, sede do Detran apenas até o fim de junho.
No entanto, já tem estabelecida boa parte da divisão: quatro andares, incluindo o térreo, serão destinados a exposições; um andar ficará somente com o setor educativo; e o último andar, de um total de nove, na cobertura, abrigará um restaurante e um espaço para eventos menores, como lançamentos de livros e pequenas mostras.
"Um dos pontos que quero destacar é que a leitura do museu virá do contemporâneo para o moderno. Temos de frisar, como o próprio nome sugere, que o museu é de arte contemporânea", afirma ela.
Gonçalves é a responsável por comandar um museu que possui cerca de 8.000 obras, com alguns "tesouros" raros de serem encontrados em outras instituições brasileiras (veja quadro ao lado). O acervo nasceu a partir da coleção do mecenas Ciccillo Matarazzo (1892-1977), doada à universidade e que fazia parte da primeira fase do MAM (Museu de Arte Moderna) paulistano.
Dividido entre um prédio de proporções modestas na Cidade Universitária e um andar no Pavilhão da Bienal, também no Ibirapuera, o museu ganha com a nova sede uma visibilidade que ele nunca teria nos antigos espaços. Por isso, precisará passar por uma reestruturação administrativa.
"O conselho de museus da secretaria chamou a atenção para o fato de que esse museu vai ter, mais ou menos, 20 mil m2. Vai exigir uma grande gerência, mais gente envolvida", diz o secretário estadual da Cultura, João Sayad. "Com certeza haverá mais pessoal e condições de segurança, circulação e conservação incrementadas", diz Gonçalves.
Jardim de esculturas
A diretora do museu quer ainda criar espaços especiais dentro do prédio. Ela planeja um jardim de esculturas, com abertura para a área externa; um setor apenas de trabalhos de novas mídias, "mais tecnológico"; um espaço para os trabalhos em papel; um para fotografia, entre outros.
"Isso não significa que eles não se espalhem pelas exposições", afirma ela. "Também estamos aceitando doações e comodatos que ajudem a compor e melhorar o nosso acervo." Parte da coleção do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, que foi transferida judicialmente para a instituição, fará parte das mostras.
O MAC terá também montagem especial para suas "obras-ícones", segundo Gonçalves, como "Unidade Tripartida", de Max Bill, escultura que influenciou a eclosão dos movimentos construtivos no Brasil.
Para inaugurar o espaço em 2009, ainda têm de ser escolhidas as exposições, mas é quase certo que uma delas esteja dentro da programação do Ano da França no Brasil, possivelmente a da Coleção Renault, com obras de Victor Vasarely e Pierre Alechinsky, entre outros.
Parque envoltório
De acordo com João Sayad, em junho do ano que vem, quando as reformas estiverem concluídas, as áreas que ficam atrás do atual Detran estarão unidas ao MAC e formarão uma grande área verde, como uma extensão do Ibirapuera.
"Com o Detran implementado como museu, há uma área imensa que pode se incorporar ao parque [Ibirapuera]. Existe solução. Com o Instituto Biológico, é fácil, é só tirar a cerca", afirma o secretário.
"No pátio do Detran, há uma escolinha de trânsito, galpões, área para burocracia. Ao lado, tem a garagem do CDHU [a companhia de habitação do Estado] e mais uma porção de coisas para tirar de lá."
Segundo a diretora do MAC, concluídas as reformas, será necessário ao menos um mês para a montagem das exposições. "A área verde ao lado, se não estiver completamente pronta, ao menos vai estar com um novo paisagismo."
Gonçalves também não determinou o que vai fazer com os espaços atuais que o museu ocupa. "Até a transferência, ninguém sai de nenhum lugar", diz. "O campus é importante porque temos disciplinas sendo dadas, programas de pós-graduação e outros compromissos com a universidade. E o público da USP é nosso visitante, terá à sua disposição mostras especiais", promete a diretora do MAC.