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janeiro 21, 2008
Hora de crescer - Uma proposta de ação político-econômica
Hora de crescer - Uma proposta de ação político-econômica
A sustentabilidade do Canal Contemporâneo e seus desdobramentos sociais, políticos e econômicos.
Publicado no e-nforme ANO 8 - N. 5, de 22 de janeiro de 2008.
Para começar este texto, nostalgicamente fui ler a primeira edição do 'Hora de crescer', publicada em 31 de maio de 2002, quando lançávamos o programa de assinaturas do Canal Contemporâneo. Uma atitude nova em nosso setor cultural - cobrar e pagar semestralidades - nascia para promover a sustentabilidade de um veículo de interesse comum a um segmento produtivo. A proposta era simples: rachar as despesas para crescer. Nesta época, o Canal era tocado por apenas uma pessoa, esta artista que vos fala, que, obviamente, já não conseguia mais dar conta da trabalheira sozinha.
Os e-nformes eram ainda convites eletrônicos, sem data certa para sair e, às vezes, eram disparados mais de uma vez por dia. Eles ainda não estavam ancorados no sítio e, portanto, também não eram enviados automaticamente. Tudo era "manual", feito com apenas um computador e conexão discada (o nosso técnico lembra bem da agonia quando dava pau na máquina em dia de e-nforme).
O fato é que o 'Hora de crescer' nos permitiu, mesmo, crescer: estamos iniciando o ano 8 do Canal Contemporâneo e muita coisa mudou desde então. Da equipe e equipamento ao conceito, fomos passando por várias etapas e, em cada uma delas, mudanças eram percebidas no ar. O sítio, que sempre existiu, passou de fato a concretizar o nosso caminho, ancorando todos os nossos movimentos. Este crescimento orgânico e paulatino pode ser percebido no sítio, que apresenta módulos construídos em momentos diferentes. As diferenças não são apenas visuais, mas também tecnológicas, o que faz desta arquitetura de "puxadinhos" um verdadeiro frankenstein cibernético e cria mais um desafio para nós, qual seja, dar inteligência tecnológica e maior interação a este conjunto de interfaces.
No ano passado, na Documenta (ver a participação do Canal no www.canalcontemporaneo.art.br/documenta12magazines), falei da problemática tecnológica na minha palestra, que tinha como título "Canal Contemporâneo, is it a magazine, a newspaper, a site or what?". A idéia foi relacionar o desenvolvimento deste work in progress: os nossos conceitos de atuação, a participação da comunidade e seus integrantes (profissionais e organismos de formatos e tamanhos diferentes), a troca de informações, as ações políticas e o desafio da estruturação de nossa própria economia.
Apesar do atraso em relação às ferramentas tecnológicas para operarmos como uma comunidade digital, este conceito se construiu, mesmo de maneira low-tech, com a troca de emeios alimentando a participação dos integrantes da comunidade, que transformaram um simples ir e vir de mensagens eletrônicas em memória coletiva e plataforma política. As próximas implementações tecnológicas, patrocinadas pela Petrobras, dão um passo importante no sentido de ampliar as possibilidades desta comunidade: perfis dos integrantes publicados, interação automatizada com o conteúdo e um banco de dados unificado (finalmente) facilitarão a nossa comunicação e administração. Mas ainda é pouco para o tanto de coisas que queremos e podemos fazer. Então, como viabilizar as transformações de que necessitamos?
Chegamos a este novo patamar econômico, em que temos muito mais do que no início, mas é como se estivéssemos zerados novamente, pois muitas outras necessidades surgiram. Na verdade, o objetivo do 'Hora de crescer' agora é o mesmo que o originou: rachar as contas. Só que as contas cresceram e gostaríamos de não ter que pagá-las com a maior contribuição que recebemos de apenas um de nossos integrantes: o patrocínio da Petrobras. Queremos, neste momento, turbinar as nossas assinaturas para usar os recursos do patrocínio da Lei Rouanet, prioritariamente, para alavancar novos investimentos em tecnologia e contratação de novos profissionais. O nosso grande desafio em termos econômicos é este: alçar novos patamares com patrocínios e sustentá-los com as contribuições das associações. Estas, em quantidade suficiente, podem igualar a mesma importância financeira e, mais, permitir a autonomia em relação à nossa subsistência e à nossa liberdade de ação. É uma matemática simples, mas que exige um amadurecimento político e uma mudança de atitude.
Da parte do Canal, desde que começamos a lidar com a aprovação do primeiro patrocínio da Petrobras para a Agenda de Eventos, ficamos tão absorvidos com a dinâmica de crescimento que deixamos de promover o Programa de Assinaturas. Por outro lado, a participação dos usuários foi minguando e hoje temos a metade de associados que tínhamos no momento da publicação do último 'Hora de crescer', em dezembro de 2004. O fato de termos conseguido um patrocinador nos levou de volta ao padrão corrente de nosso segmento cultural (e muitos outros), que deixa a cargo do patrocínio a responsabilidade do sustento da iniciativa. É esta atitude que precisa ser mudada para ampliarmos o nosso horizonte.
O patrocínio da Petrobras, através da Lei Rouanet (Art. 26, abatimento de 30%), é responsável hoje por um investimento de R$ 300 mil ao ano no Canal, cifra destinada atualmente à manutenção da equipe e do desenvolvimento tecnológico do sítio. Contudo, este valor não é suficiente para sustentar as melhorias em nossa infra-estrutura e nem arcar com a ampliação da equipe, que hoje ainda não trabalha em horário integral, e com a contratação de novos profissionais. Para que o Canal Contemporâneo continue a existir como um espaço vivo para o debate da arte contemporânea brasileira é preciso dar conta desta realidade.
O estágio de funcionamento ideal nos demanda dobrar o investimento do patrocinador e para isso seria necessária a adesão de 1.700 indivíduos (cuja associação anual custa R$140) e 80 organismos (R$800 ao ano). Números que podem parecer altos, mas que são bem menores que aqueles que já angariamos em iniciativas de ativismo político. Ah, mas isso é diferente, vocês vão pensar. Nem tanto. Trata-se, apesar da contribuição financeira, de uma ação política, nem mais e nem menos difícil das que já vivenciamos. A diferença está no embate da ação, que se dá em relação a nós mesmos, pois somos nós o objeto que se pretende transformar. E está também no que esta transformação deflagra: uma mudança de atitude; tomar para si a responsabilidade do mecenato e agir como um investidor, pensando que o seu investimento já nasce rendendo os 300 mil do patrocinador e sete anos de memória da arte contemporânea brasileira. E mais, os resultados da ação são diretos: não se trata de constituir uma etapa para deflagrar uma outra; aqui é aderir de um lado para ver o resultado acontecer em seguida, com a vantagem de que não começamos do zero.
Neste ano 8 que se inicia, abrimos o debate sobre o tema: a sustentabilidade do Canal Contemporâneo e seus desdobramentos sociais, políticos e econômicos. Publique o seu comentário no Como atiçar a brasa ou envie uma mensagem pelo contato online e vamos à discussão.
Para finalizar, como fazíamos anteriormente, publicamos os nomes dos indivíduos e organismos que contribuem para a manutenção do Canal, a fim de demonstrar o nosso agradecimento à sua participação. No final deste e-nforme, encontram-se as informações sobre como se associar para integrar esta ação político-econômica.
Patricia Canetti
Artista e criadora do Canal Contemporâneo
Acesse sempre a lista online para acompanhar A COMUNIDADE: associados individuais, organismos associados, apoios e parcerias e patrocínios.
Para se associar ao Canal Contemporâneo, escolha o seu tipo de associação semestral (indivíduos: R$75 ou organismos: R$400) e a sua forma de pagamento:
1 - Depósito ou transferência bancária em nome de Canal Contemporâneo Criações Artísticas em Rede Ltda., CNPJ: 08.658.479/0001-60, nos bancos Bradesco (agência 472-3, conta 55.594-0) e Unibanco (agência 0586, conta 118146-8). Envie o comprovante (ou dados) do depósito realizado, com o seu nome completo e emeio, por fax 21-2547-8627 ou pelo contato online.
2 - Boleto bancário, pagável em qualquer banco, inclusive pela internet (esta forma de pagamento sofre o acréscimo de até R$6,74 de tarifa bancária). Envie os seus dados (nome completo, endereço e valor da associação) e peça o boleto pelo contato online.
acredito que tem pouco mais de 1 ano que conheço o link de vcs, acompanho pelos feeds os posts e não fazia a menor idéia que vcs timnham já um patrocinio tão significativo da petrobras. Nó s blogueiros na maioria postamos quase como um papel cívico rsrsrs
mas voltando ao "como atiçar a brasa", quando leio canalcontemporâneo, penso que encontro informaçãoes sobre arte contemporanea(ponto) e sustentabilidade é um tema consequencia do "temas" que os artistas estão envolvidos atualmente, uma vez que vcs associam que o link é de arte e sustentabilidade... e pensando nos visitantes não tão ligados, ou que tenham conhecimento nem de uma área ou de outra às vezes por simples falta dos tags estarem perto dos assuntos que ele procura mais específicamente, então... arte / sustentabilidade /moda
arte/ sustentabilidade / lifestyle.... arquiterura, mobiliário... design... etc e tal
gastronomia etc e tal... que em todas as atividades necessitam de arte para ser desenvolvidas... ou seja tudo na vida precisa de criatividade / arte... praticamente tudo na web poderia precisar do canalcontemporaneo não?
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Posted by: Kramer31Kelly at fevereiro 26, 2010 9:27 PM