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Como atiçar a brasa

 


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outubro 20, 2007

Lavagem da capela do MAM - resposta à imprensa baiana das ARPLAMB e AAV-Ba

Lavagem da capela do MAM - resposta à imprensa baiana das ARPLAMB e AAV-Ba

Leia na sequência as matérias dos jornais A Tarde e Correio da Bahia que provocaram a resposta das associações de artistas na Bahia.

A A Tarde e Correio da Bahia

Tendo em vista a repercussão da performance intitulada "Lavagem da capela do MAM", de autoria de Marcondes Dourado, em cobertura jornalística veiculada por A Tarde e Correio da Bahia, a Associação dos Artistas Modernos e a Associação de Artes Visuais da Bahia vem manifestar seu apoio ao artista por entender que a performance, enquanto atividade artística e contrariamente às opiniões veiculadas por A Tarde e pelo Correio da Bahia, não desrespeitou nenhuma instituição, tampouco as tradições afro-brasileira e católica, se constituindo em uma peça de arte da qual se valeu de elementos culturais da identidade brasileira, adequando-a à contemporaneidade e dando uma dimensão poética respeitosa e competente do ponto de vista da expressão artística.

O que se observa desde a apresentação da performance são aspectos que nos parece preponderante neste momento pontuar:

1) O trabalho de Marcondes Dourado destaca a importância da crença e manifestação religiosa das pessoas em contraste à homogeneização econômica e cultural que a globalização propaga. A presença da luz no desfecho da performance acentua esse alcance transcendental de oposição e resistência da cultura local (representada por baianas, pela música e dança, pela cor branca e pelo ritual de purificação da lavagem) versus a global (simbolizada pelas garrafas de refrigerantes que substituem os rostos das baianas, alusão à região do corpo humano em que se dá, mediante os sentidos, a apreensão das imagens, do som e do paladar do mundo físico e a percepção deste mediado pela indústria de massa). A luz, portanto, aponta a força espiritual da religiosidade.

2) O despreparo da cobertura jornalística de A Tarde (Matéria publicada pela Jornalista Ceci Alves) e pelo Correio da Bahia ao restringir a performance ao ponto de vista jornalístico e descritivo dos elementos da performance e perdendo de vista a sua real importância poética e metafórica. Isso é reflexo da inexistência de uma coluna regular de crítica de arte na imprensa baiana, feita por especialistas no assunto.

3) A inclusão de anões como performers não é preconceituosa. Pelo contrário, preconceito é a segregação sócio-cultural que eles sofrem na sociedade capitalista de consumo e a crítica pela inclusão deles no trabalho. A participação deles na performance é dignificante, física e metaforicamente. Só não entende isso quem emite opiniões sem ter visto a performance.

4) A evidente manipulação do referido trabalho artístico com o intuito político de oposição à Secretária de Cultura do Estado, ou seja, está-se a falar de política (esfera extra-artística) e não de arte.

O que também nos leva a nos manifestar é a trajetória profissional de Marcondes Dourado, a qual agrega diversas mostras e premiações, sempre margeadas por respeito às diferenças culturais sem, todavia, deixar de refletir a complexidade contemporânea. E é em nome desta complexidade e do respeito ao direito de livre expressão que lamentamos ter sido a mencionada performance percebida tão equivocadamente.

Atenciosamente,
Associação dos Artistas Modernos - ARPLAMB
Associação dos Artistas Visuais da Bahia - AAV-Ba


AS MATÉRIAS NA IMPRENSA QUE DESENCADEARAM A RESPOSTA

Arte-ebó decepciona público no MAM da Bahia

Matéria originalmente publicada no jornal A Tarde, Caderno 2, em 10 de outubro de 2007

"O governador Jaques Wagner é o responsável por todo esse descalabro, porque deu carta branca ao secretário Márcio Meirelles", disse Bacelar

A performance de abertura do 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica Sesc-Videobrasil, realizada ontem à noite pelo artista plástico e videomaker baiano Marcondes Dourado, no Museu de Arte Moderna (Solar do Unhão), decepcionou tanto aqueles que esperavam um outro fato político que esquentasse o caldeirão da crise na cultura baiana, quanto os que acorreram ao MAM para ver que proposição estética sairia do alardeado Ebó-arte que o per former far ia.

As expectativas políticas foram criadas em torno da abertura porque, durante a tarde de ontem, o deputado João Carlos Bacelar (PTN), em discurso na tribuna da Assembléia Legislativa, disse que o ato era um absurdo, por ser o "ebó um elemento sagrado e está sendo desrespeitado".

"O governador Jaques Wagner é o responsável por todo esse descalabro, porque deu carta branca ao secretário Márcio Meirelles", disse Bacelar.

Mas, talvez pelo ambiente apertado da Capela do MAM ou pelo frustante derretimento da cruz de Sonrisal, que seria a pièce de résistance da performance, representando a efemeridade do tratamento dado às manifestações tradicionais baianas, quem foi ver a apresentação nem a aplaudiu ao final.

Manobra -Quanto às acusações de que sua obra estava sendo usada como massa de manobra para atingir Márcio Meirelles, Marcondes foi enfático: "Os desesperados, os privilegiados que asseguraram a monocultura durante 16 anos, não entendem nada de arte, não assistiram à minha performance, não estão dispostos a vê-la", defendeu-se.

A diretora do MAM, Solange Farkas, que também está à frente do festival, diz receber com tranqüilidade as críticas à atual política cultural baiana e ao seu regime de gestão a distância do museu, já que reside em São Paulo e vem a Salvador a cada 15 dias.

"Não estar aqui não significa não fazer as coisas. Essas críticas partem de um estranhamento natural. Mas não deve ser uma questão que se polariza", afirmou Solange Farkas.

Artes do MAM

Matéria originalmente publicada no Correio da Bahia, Folha da Bahia / Gente, em 9 de outubro de 2007

Cinco anãs trajadas de baianas, com garrafas pet na cabeça, foi a forma que o artista plástico Marcondes Dourado encontrou para a performance Lavagem da Capela do MAM, que abre hoje o 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica Sesc-Videobrasil, no Museu de Arte Moderna. Ele diz que faz ebó-arte e a performance é irônica.

Mas irônico por que, Marcondes? Porque elas são anãs? E o ebó, deixa de ser um ritual sagrado para virar gracinha? O release diz que a performance é um protesto contra a crise da baianidade. Mas que culpa as anãs têm de tudo isso? Tripudiar do aspecto físico é um novo conceito na política cultural deste polêmico museu, dona Solange Farkas?

Posted by Patricia Canetti at 11:20 AM | Comentários(2)
Comments

Este talvez seja um probelma que ainda vai ocorrer muitas vezes,m pois já é famosa em toda a Comarca do Brasil o tipo de política cultural praticada na Bahia, inclusive o MAM , no governo que era atrelado ao espírito corrupto e nefasto do ACM.

Solange Farkas não levanta sombra de dúvidas e seria muito lógico que ela daqui para frente colocasse a mostra trabalhos como do Artista e perfromer Marcondes Dourado, de quem tive o prazer de assistir a maravilhosa performance em frente ao correio da Bahia a dois anos atrás.

è claro que os abutres que ainda estão doídos com as retiradas vão sempre estar pronto para caluniar e tentar criar o clima que eles adoram.
O pior.

Posted by: marco paulo rolla at outubro 23, 2007 6:30 PM

Glauber seria mais propicio na Bahia de hoje; acho que Marcondes ainda amenisa.

Posted by: Hermano at outubro 25, 2007 6:43 AM
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