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outubro 16, 2007
Laura Vinci constrói obra perecível, por Silas Martí, Folha de São Paulo
Laura Vinci constrói obra perecível
Matéria de Silas Martí, originalmente publicada na Folha de São Paulo, no dia 16 de outubro de 2007
Em nova individual, artista usa 7.000 maçãs e disparos de 9 mm para falar sobre a passagem do tempo
Uma cena doméstica expõe suas feridas na nova individual de Laura Vinci, aberta hoje pela galeria Nara Roesler. Numa placidez artificial, milhares de maçãs vermelhas apodrecem sobre placas de mármore, diante de marcas de bala. A artista comprou 7.000 maçãs e pediu a um amigo que atirasse com uma pistola 9 mm contra a parede para montar a instalação "Ainda Viva".
O trabalho é uma natureza-morta irônica: em vez de imortalizar a forma perfeita, expõe a putrefação, fazendo brigar o tempo breve da maçã com a perenidade do mármore. É a primeira vez que ela usa matéria orgânica e cor em sua obra, mas o discurso não é novidade: o perecível da fruta é argumento visual para voltar a falar sobre a passagem do tempo e a transição de elementos de um estado para outro.
A artista é mais conhecida pela instalação de 1997 em que transformou um prédio abandonado numa ampulheta gigante, fazendo passar de um andar para outro uma montanha de areia por uma fresta na laje. Agora, ela diz querer criar uma temporalidade carnal. "A maçã tem algo de sangüíneo e, ao apodrecer, a cor vermelha vai virar só uma borra", afirma.
O vídeo "Branco", na mesma individual, mostra o turbilhão d'água das cataratas do Iguaçu, numa reflexão sobre os diferentes ciclos da matéria. A idéia se repete em outra obra, com cerca de 40 bacias de mármore cheias de água, exposta até 11/11 na Pinacoteca do Estado de SP (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000). Aquecida por fios de cobre, a água evapora e ocupa o espaço como escultura móvel e transparente.
Por que não colocar as próprias fezes, etc, sobre um jornal de ontem?
Posted by: partimer at outubro 21, 2007 3:18 PM