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junho 20, 2007
Novo presidente promete calar críticos do Mube, por Luciana Garbin, O Estado de São Paulo
Novo presidente promete calar críticos do Mube
Matéria de Luciana Garbin, originalmente publicada nO Estado de São Paulo, no dia 17 junho de 2007
Empresário Jorge Landmann assume presidência de museu com meta de profissionalizar a administração
Depois de 12 anos, o Museu Brasileiro da Escultura (Mube) tem novo presidente. É o empresário Jorge Frederico Landmann, eleito há quase um mês, em 18 de maio, pelo Conselho da Sociedade de Amigos dos Museus para substituir Marilisa Rathsam, no cargo desde a fundação. Aos 60 anos, pai de dois filhos, Landmann tem uma missão de fôlego pela frente: profissionalizar e modernizar o museu projetado por Paulo Mendes da Rocha, que fica num terreno de 7 mil metros quadrados, com paisagismo de Burle Marx, no Jardim Europa, zona sul de São Paulo. 'Estamos vivendo uma emergência e minha obrigação é deixar o Mube de pé. Acho que em alguns meses a gente consegue.'
A emergência começou em abril, quando o prefeito Gilberto Kassab rescindiu a concessão de uso da área, feita em 1987 pelo prefeito Jânio Quadros em regime de comodato, por 99 anos. A briga foi parar na Justiça. Além de ganhar essa batalha, Landmann tem outro desafio: calar críticos para os quais o Mube é um museu elitista, sem acervo, que virou basicamente sede de eventos.
'Quero construir algo a longo prazo. Um trabalho que prestigie artistas brasileiros, com enfoque nos objetos de arte tridimensionais. Por que não trazer designers de móveis não comerciais? E maquetes de grandes estádios? Nosso plano é ter de duas a três exposições de artistas de nível internacional por ano e possibilitar a convergência da arte manual para a arte eletrônica', diz.
Para Landmann, criatividade e destreza manual foram fundamentais até o século 20. 'Agora, a destreza manual pode ser substituída pela digital. A criatividade passa a ser a peça principal da arte. Queremos oferecer cursos na área e, quando o artista não tiver condições, dar bolsas.' Nos planos dele estão a criação de um centro de imagem digital, a promoção de palestras com professores brasileiros e estrangeiros e o intercâmbio de estudantes.
Landmann conta com algumas armas na empreitada pela modernização do Mube. Formado e pós-graduado em Economia pela Universidade de Hartford (EUA), tem um currículo elogiado no campo empresarial. Suas empresas fazem desde consultoria para estrangeiros que querem trabalhar no País a softwares de matemática e engenharia, que servem, entre outros usos, para simulações da Embraer e projeções de inflação do Banco Central.
No campo artístico, conheceu desde cedo, em casa, os bastidores de grandes exposições. Aos 13 anos, sob tutela do mecenas Ciccillo Matarazzo, já acompanhava a montagem da Bienal de 1961. Em 1968, foi com o pai, Oscar Landmann, e Ciccillo à Bienal de Veneza procurar bons nomes de artistas para trazer ao Brasil. Em 1977, Ciccillo passou o comando da 14ª Bienal a Oscar. Mais tarde, Julio, colecionador de arte pré-colombiana e irmão do comandante do Mube, presidiu a 24ª edição da Bienal.
'Ciccillo foi o grande difusor da arte brasileira e internacional no País e pôs o Brasil no mapa dos eventos internacionais', diz Landmann. 'A Bienal na época era muito menos rica. Não havia grandes incentivos à cultura. Lembro como adolescente de ficar noites em claro ajudando na colocação das obras. Isso será útil na nova e profissional gestão do Mube.'
No Mube, Landmann entrou ainda na época da construção, para ser diretor-tesoureiro. Saiu e, há cinco anos, voltou, para ser presidente do conselho e depois vice-presidente. Acha que a solução para o museu é ter um conselho gestor forte, formado por voluntários influentes na sociedade, que, por sua vez, indicará três diretores-executivos remunerados.
A profissionalização começou há duas semanas com a estréia como curador do crítico Jacob Klintowitz. Landmann ainda quer trazer para o Mube públicos que não costumam freqüentá-lo, como jovens da periferia, ONGs e deficientes. Informações sobre cada peça, por exemplo, passarão a ser escritas também em braile. 'Ficou a imagem (de elitista) muito em função da localização. A briga inicial para que não fosse feito shopping ou supermercado nessa área durou anos e vários diretores eram da elite industrial. Mas é uma imagem muito mais fabricada do que real.'
Sobre a crítica à falta de acervo - o museu tem hoje apenas 18 esculturas, às quais devem se somar outras 2, doadas por Caciporé Torres e Toyota -, Landmann afirma que 'museu moderno não precisa ter acervo'. 'Tem de ser uma casa comunitária de cultura para exposição, de livre acesso para comunidade como um todo. Não somos um museu histórico, queremos ser um museu dinâmico.'
Na matéria Jorge Landmann presidente do MuBE, demonstra não ter um projeto claro, pois, pairam dúvidas sobre suas propostas. Não consigo imaginar um museu sem acervo! Não entendo o que ele que dizer: "queremos ser um museu dinâmico." Sei que dinamismo é pressuposto fundamental de qualquer instituição, seja ela privada ou pública. É evidente que o MuBE tenha que ser dinâmico alem de conservar o seu acervo e implementar o aumento de novas aquisições...etc. Afinal, o MuBE é um museu ou um centro comunitário cultural? É preciso definir isso melhor para que se possa entender quais os verdadeiros propósitos no projeto, parcialmente anunciado, de Jorge Landmann. Fico curioso por saber qual o projeto da curadoria do MuBE, acho que a preocupação sobre essas propostas da presidência, certamente serão discutidas e revistas com muito atenção e cuidado...
A objetivo alvo e firme de Jorge Landmann, em calar a critica contra o MuBE, é muito bom, pois, foi essa critica que provocou algumas mudanças dentro daquela instituição. Não é por acaso que o novo presidente assumiu por renuncia da Mariliza..Não houve ali uma eleição oficial, o conselho teria que convocar uma...não é mesmo? A renovação e a profissionalização tardia, demonstrou que o MuBE não estava sendo bem administrado e seu desgaste já era fato notório e noticiado. Portanto a critica foi construtiva, foi necessária. Não por vaidade e sim por profissionalismo e cidadania, pois a maioria que gritou foram artistas, arquitetos, curadores, críticos, profissionais liberais, educadores...etc. Estão lá no abaixo-assinado (MuBE Privado ou Público) constam os nomes e profissões...
Será muito bom se o MuBE caminhar por construir uma identidade histórica e patrimonial como museu dinâmico e moderno, ai penso que a critica certamente irá se calar e referenciar a instituição como exemplo de boa gestão...
Roberto Silva/artista plástico.