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março 27, 2007
Carta Aberta de Mário de Souza Chagas ao Jornalista Élio Gaspari
Carta Aberta de Mário de Souza Chagas ao Jornalista Élio Gaspari
Goiânia, 26 de março de 2007.
Prezado Senhor Élio Gaspari,
Meu nome é Mário de Souza Chagas, nasci no dia 26 de junho de 1956; sou filho de João de Souza Chagas e Sylvia da Costa Chagas. Meus pais não me deixaram riquezas materiais. Eles me deram amor, honra, caráter, inteligência e vontade de trabalhar pelo belo, pelo bom e pelo bem da humanidade.
Estudei toda a minha vida em escolas públicas, e me orgulho disso: fui aluno da Escola Municipal Espírito Santo, do Colégio Estadual Sobral Pinto, da Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Fiz Mestrado no Programa de Pós-graduação em Memória Social da UNIRIO e Doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UERJ. Hoje, sou Professor Adjunto da UNIRIO, Professor Visitante da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Museólogo e Coordenador Técnico do Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN. Sou funcionário público, técnico e pesquisador com 27 anos dedicados à cultura e 20 anos dedicados ao magistério superior.
Nunca fugi de um debate intelectual, sempre escrevi e publiquei o que penso. Nunca me ocultei atrás de cargos, nunca fiz dos cargos que ocupei uma trincheira ou trampolim político. Tenho artigos e livros publicados no Brasil e no exterior, nas áreas da memória, da educação, do patrimônio e dos museus. Além disso, e acima de tudo, sou poeta. Antes de tudo na vida, sou poeta.
No meio museológico brasileiro, sou conhecido e reconhecido. Tenho posições intelectuais, e sei que tenho contribuído para a consolidação do campo dos Museus e da Museologia no Brasil. Minha obra é pública e meu currículo está disponível na Internet. Ajudei, por convicção, a construir a Política Nacional de Museus, que alterou as relações de forças no campo dos Museus brasileiros. No entanto, prezado jornalista, nunca invadi privacidades, nunca me interessei, nem invadi, nem espionei, nem roubei correspondência alheia. O senhor é um jornalista responsável. Aprecio a sua coluna. Por isso mesmo, confesso que fiquei chocado de me ver ali, na sua coluna, citado como um criminoso, ou alguém que precisasse desempenhar papéis sórdidos para construir carreira ou se manter grudado num cargo.
Examine a minha biografia. Eu sei que tenho uma biografia que o senhor não conhece ? é justificável que não a conheça ? mas eu zelo por ela. Até porque zelar por ela é zelar por mim e pelos meus. E eu, como não tenho riquezas materiais, cuido bem da minha biografia, e cuido bem de mim.
Prezado jornalista Élio Gaspari: a nota (ou o artigo) publicada na sua coluna, no dia 25 de março de 2007 poderia, de modo particular, denegrir a minha imagem profissional e afetar o meu ser moral. Eu digo e sustento: não sou e não estou afetado. Caro jornalista Élio Gaspari, ainda que eu seja seu admirador, penso que a sua coluna exagerou e foi ligeira e apressada nas conclusões e insinuações ali presentes. Penso que a sua coluna exagerou mais ainda, quando publicou, sem a minha autorização, o meu e-mail pessoal.
Finalmente, eu gostaria de dizer, prezado jornalista Élio Gaspari, que se os e-mails do Museu Imperial foram clonados, que isto seja inteiramente apurado; no entanto, me acusar publicamente daquilo que não fiz não é correto. Tenho a consciência limpa e o coração tranqüilo.
Mário de Souza Chagas.