|
dezembro 9, 2006
Gil dá sinais de que vai permanecer no governo, por Adauri Antunes Barbosa
Gil dá sinais de que vai permanecer no governo
Matéria de Adauri Antunes Barbosa, originalmente publicada no Globo Online, no dia 8 de dezembro de 2006
O ministro da Cultura, Gilberto Gil disse nesta quinta-feira que até a próxima quarta se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para decidir sobre sua permanência no governo. Embora não tenha antecipado sua decisão, Gil deu sinais de que vai continuar no cargo, depois de receber, na Bienal de São Paulo, uma carta com a assinatura de mais de 300 artistas pedindo que fique no ministério.
- A gente só pode pensar que é porque estão achando bom, não é? Primeiro, se acostumaram com o convívio. Depois, acho que começaram a fazer a leitura dessa linguagem pós-moderna do Ministério atual, com muitos fragmentos - disse Gil.
O ministro revelou que, em conversa com Caetano Veloso, que não pediu para ele ficar, encontraram "compreensão mútua para uma idéia de permanência".
- Não, ele (Caetano) não me pediu que ficasse. Ele conversou muito comigo na segunda-feira e nós encontramos linhas de compreensão mútua para uma idéia de permanência, para uma idéia de continuação de trabalho - disse, reafirmando que ainda não está decidido:
- Não, não está definido porque eu estou conversando ainda com o governo, com o presidente, especialmente.
"A gente só pode pensar que é porque estão achando bom, não é? "
Mas garantiu que a definição está perto:
- (o período de reflexão termina) É agora, até o fim dessa semana. Assim que eu puder voltar a falar com o presidente. Falei com ele na sexta-feira passada. Tentei voltar a falar com ele ontem e anteontem, mas ele estava muito atarefado, falei por telefone com ele. Ele até tentou achar uma brecha na agenda, mas não pôde. Tenho a impressão que lá pela terça-feira, quarta-feira ele deve sentar comigo e aí decide - revelou.
Segundo Gil, o que está "pegando" para que saia a decisão sobre sua continuidade no Ministério da Cultura é que a "vida é assim mesmo":
- O que está pegando é que a vida é assim mesmo. Tem que pegar porque o dia de amanhã não é o de hoje. Então, o dia de amanhã tem que ser feito com hoje, mas tem que ser feito também com o que ainda não está posto hoje. É o que vai ser processado hoje à noite, de hoje para amanhã. É o inusitado, a construção e a desconstrução da próxima noite. Tem tudo isso. O ânimo de alta temperatura da tarde de hoje e o desânimo da manhã seguinte, tudo isso jogado junto. É tudo junto porque tem vida humana, tem eu pessoa, tem as pessoas próximas, tem o meu limite físico, tem um bocado de coisas. ao mesmo tempo tem a desmesura do ideal, a desmesura da vontade, da religiosidade, da idéia de religar tudo, de ligar tudo o tempo todo. Ao mesmo tempo há os limites da máquina governamental, os limites da máquina do mundo.
Para tomar a decisão, Gil disse que tem levado em conta vários aspectos, mas o peso dos apoios que tem é importante e "interessantíssimo".
"É muito lisonjeiro as pessoas pedirem para você dizer sim. Isso é muito importante, tem um valor de transmissão de positividade, de seqüencialidade que é muito importante, é interessantíssimo "
- Tem aspectos, primeiro, para esse lado pessoal, o lado da limitação pessoal, física psíquica e tudo, o fato de a gente se achar pequeno para tarefas tão gigantes. Isso tudo é compensado por essa palavra do outro, que estimula, que diz assim: 'você é pequeno, sua força é pouca mas é suficiente'. Tem esse ânimo, além da lisonja. É muito lisonjeiro as pessoas pedirem para você dizer sim, as pessoas dizerem sim para que você diga sim por elas. Isso é muito importante, tem um valor de transmissão de positividade, de seqüencialidade que é muito importante, é interessantíssimo - definiu.
De acordo com o ministro da Cultura, tem outro lado que está examinando antes de tomar uma posição sobre a continuidade no governo, que é a aglutinação de forças em torno de projetos e idéias. E sentenciou:
- Eu não sou técnico, nem sou nada. Eu sou poeta! Então, pronto, eu estou no governo como tal!