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agosto 8, 2006
Paulo Herkenhoff finca pés em SP com duas mostras, por Fabio Cypriano
Paulo Herkenhoff finca pés em SP com duas mostras
Matéria de Fabio Cypriano, originalmente publicada na Folha de São Paulo, no dia 7 de agosto de 2006
CCBB e Instituto Tomie Ohtake inauguram, a partir desta semana, exposições que contam com mais de cem artistas
Curador fala, em entrevista à Folha, de sua experiência no Museu Nacional de Belas Artes e da próxima Bienal Internacional de São Paulo
A primeira vez que o curador capixaba Paulo Herkenhoff pisou em São Paulo, em 1955, aos seis anos, seus passos eram mancos, pois calçava sapato em apenas um pé, o outro estava machucado e com curativos.
Nesta semana, Herkenhoff está com os dois pés bem firmes na cidade: um no Centro Cultural Banco do Brasil, onde inaugura, hoje, "Manobras Radicais", mostra organizada junto com Heloisa Buarque de Holada, e outro no Instituto Tomie Ohtake, onde abre, depois de amanhã, "Pincelada - Pintura e Método, Projeções da Década de 50". Nas mostras, o curador expõe mais de cem artistas, algo da grandeza de uma bienal.
Seu trabalho à frente da 24ª Bienal de São Paulo, em 1998, aliás, é creditado por ele mesmo como "o mais feliz" de sua carreira profissional. "Sou extremamente grato à Fundação Bienal, tive condições ideais de trabalho". Logo após a Bienal, ele passou a exercer curadoria no Museu de Arte Moderna de Nova York, onde esteve por quatro anos, e depois dirigiu o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, gerando certa polêmica.
"Eu poderia ficar dez anos lutando para implantar o plano de reestruturação física do prédio, encontrei o museu à beira de um colapso, mas não posso ficar um dia a mais quando mudam as prioridades. É inaceitável trocar a reestruturação física por um restauro de fachada porque é ano eleitoral", diz o curador ao justificar sua saída, em janeiro passado.
Tal experiência afastou Herkenhoff de novos projetos institucionais: "Minha grande fantasia era trabalhar no Museu Nacional, mas, depois de minha experiência lá, não quero mais trabalhar em instituições. O governo Lula fez infinitamente mais do que o governo Fernando Henrique pelo museu, mas eu peço consistência no campo da ética museológica. O José do Nascimento Júnior [diretor do Departamento de Museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] é uma pessoa intolerante, e o autoritarismo dele não se justifica."
Elogios
A experiência no Museu de Belas Artes não tirou o otimismo de Herkenhoff. Sobre a próxima Bienal, o curador não mede elogios: "A Lisette [Lagnado] e sua equipe estão fazendo a primeira bienal do século 21, porque partem de um entendimento de que é preciso trabalhar em grupo, o que até já ocorreu em outras bienais, mas não só define questões a serem trabalhadas como, ao acabar com as representações nacionais, realizará a mais ajustada bienal entre as intenções curatorais e a realização na arte."
O curador acha que a Bienal "Como Viver Junto" cria "uma agenda vinculada à crise do nosso mundo, que não admite utopias, e essa bienal criará diagramas de convivência, com perspectiva histórica firme; antes de ocorrer, já é memorável".
Sobre o recente episódio da expulsão de Edemar Cid Ferreira do conselho da Bienal, a partir do afastamento em protesto de Cildo Meireles, Herkenhoff torce para que o artista se reintegre à mostra. "O Cildo é um artista de uma consistência ética extraordinária. Conheço-o desde 1969 e acho que ele entendeu que hoje a sua presença é estratégica no sistema da arte internacional. Expressou uma opinião que foi um desafio à instituição e acendeu uma luz".
Finalmente, para Herkenhoff, "o presidente da Bienal, Manoel Pires da Costa, tem uma opinião semelhante à do Cildo, creio que agora é preciso parar de escutar fofocas e as partes perceberem que apontam para a mesma direção".
Tive o prazer de conhecer o Herkenhoff nos anos 70 e pelo pouco que o conheço tenho a certeza que estas duas mostras que ele acaba de abrir, será muito importante para a arte brasileira, pois ele é uma das mais importantes autoridades das artes no Brasil, num País que a cada dia que passa as artes plásticas perde mais espaço na mídia, um trabalho deste é de suma import6ancia.
FRED SVENDSEN
Posted by: FRED SVENDSEN at agosto 14, 2006 8:36 PMParabéns para o Paulo Herkenhoff por mais estes dois eventos no CCBB e no Tomie Ohtake !!!!!!!!!!
"Como viver junto" um DESAFIO p/todas as sociedades deste nosso planeta tão desgastado por incompreenções .
Posted by: Sandra Schechtman at agosto 14, 2006 9:07 PMNo domingo assisti na tv cultura Rj, um programa em que conversavam sobre Arte em geral Bia Lessa e Paulo Herkenhoff. E como não conhecia a opinião do Curador, apesar de conhecer seu trabalho ( esta havendo no SESC petrópolis Rj, uma exposição da Adriana Varejão com sua curadoria), foi um belo presente tomar conhecimento de algumas de suas opiniões sobre cultura. E fiquei feliz em saber que temos entre nós alguem lúcido e extremamente conhecedor de arte e muito coerente com seu pensamento. Acho que a arte de São Paulo fica ganhando com sua presença, Boa sorte em SAMPA Paulo!!!
Posted by: Rosa paranhos at agosto 15, 2006 6:03 PM