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março 9, 2006

Carta ao Jornal O Globo / Noite Livre na EAV

Carta ao Jornal O Globo / Noite Livre na EAV

E-meio enviado por Denise Cathilina ao Jornal O Globo, sobre a matéria Polêmica à vista no Parque Lage

Caro Andre Miranda

Foi com muita surpresa que vi o evento NOITE LIVRE por mim curado citado como uma festa ilegal e nefasta que ocorreu no Parque Lage. A NOITE LIVRE foi uma parceria da escola com o evento MOSTRA DO FILME LIVRE, atualmente na 5ª edição, realizado no CCBB e na CASA FRANÇA BRASIL, casas tradicionalmente culturais.

Os trabalhos por mim selecionados para o evento do dia 11/02, refletiam sobre a ausência de fronteiras na arte contemporânea, obras onde a imagem, o som, a palavra, a música,o movimento e o espaço se mesclam, se hibridizam, se decupam, não se adequando mais as tradicionais salas de exibições.

Convém ressaltar, que na referida mostra, estavam envolvidos os professores do núcleo de tecnologia, de fotografia e de cinema, bem como 25 alunos da escola, mostrando a vitalidade do núcleo tecnológico do Parque.Contamos também com a presença de artistas convidados de inegável trajetória no circuito das artes, bem como a novíssima geração do grafite. Sempre apontando caminhos para nossos alunos e para o público em geral.

Sou carioca, amo o Rio e todos concordamos com a necessidade de preservar o patrimônio de nossa cidade, mas devemos nos preocupar com os exageros de ambas as partes, correndo o risco de, em nome da falsa normatização, castremos cenas como a antológica feijoada antropofágica de Macunaíma na piscina do Parque Lage ou as cenas de Terra em Transe no terraço, para citar alguns dentre os muitos eventos que fizeram da arquitetura da EAV parte do imaginário cultural brasileiro.

DENISE CATHILINA
curadora da NOITE LIVRE e prof de fotografia da EAV


Polêmica à vista no Parque Lage

Matéria de André Miranda, originalmente publicada na seção Zona Sul do Jornal O Globo, no dia 23 de fevereiro de 2006

O Ministério Público Federal pediu à Justiça, na semana passada, a devolução da Mansão dos Lages, no Parque Lage, à União. O prédio serve como sede da Escola de Artes Visuais, de administração estadual, por um decreto federal datado de 25 de abril de 1991, sob a condição de seu uso exclusivo para atividades pedagógicas. O problema, segundo o procurador da República Maurício Manso, é que o prédio tem sido usado constantemente para festas, com alterações inclusive em sua estrutura.

A Mansão dos Lages é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1976. No contrato de cessão à Escola de Artes Visuais, prorrogado em 2002 por mais cinco anos, uma cláusula obrigava o estado a restaurar o prédio. Manso garante, porém, que projetos para sua restauração nunca foram apresentados.

No início do ano passado, uma liminar foi concedida contra a Escola de Artes Visuais, impedindo que fossem realizados festas ou shows que fugissem do objetivo pedagógico da instituição. Mas, para o Ministério Público federal, a decisão não foi cumprida. No dia 11 de fevereiro, a mansão foi palco do evento Noite Livre, reunindo DJs, bandas, performances e instalações. Em 2005, uma festa de uma grife de roupas tomou conta da Mansão dos Lages.

- A mansão é tombada e foi cedida ao estado para que ali funcionasse uma escola, não uma casa de festas. Há denúncias, com fotos, da instalação temporária de aparelhos de ar-condicionado num desses eventos, alterando a estrutura de um prédio tombado. Como o contrato não está sendo cumprido, estou pedindo que a Escola de Artes Visuais seja multada até que o prédio seja devolvido - explica o procurador Maurício Manso.

Diretor garante realizar restauração

O diretor da Escola de Artes Visuais, Reynaldo Roels, por sua vez, não vê razão para a ação do Ministério Público Federal. Ele garante que após a liminar, contratos de festas foram canceladas e até dinheiro foi devolvido.

- A festa do início de fevereiro era em comemoração a um evento realizado pelos alunos e a da grife de roupas era reconhecida pelo Conselho Estadual de Cultura. A função pedagógica de uma escola como a nossa é bem mais ampla do que simplesmente dar aulas - explica Roels.
- Estamos cumprindo o contrato sobre a restauração do prédio em etapas. Há dois anos fizemos a impermeabilização do terraço, por exemplo.

Representante do Ibama no Parque Lage, Beth Sarmento defende a Escola de Artes Visuais:

- Houve época em que realmente não se respeitava o meio ambiente, mas a atual administração solucionou o problema e até controlou o volume da música. Eu seria a primeira a correr para pedir ajuda à Justiça, mas hoje não é necessário.

Moradores do Jardim Botânico, porém, contestam as explicações. De acordo com Luiz Guilherme Chaves, da AMA-Jardim Botânico, a mansão sofre degradação ininterrupta há anos.

- A escola funciona no parque desde 1966. Em 1985, o Ibama entrou como uma ação de reintegração de posse para despejar a escola e retomar o imóvel. Porém, um acordo entre os governos do estado e federal cedeu a mansão para a escola no início dos anos 90 - lembra Chaves. - Como nada mudou, a associação entrou no Ministério Público Federal com uma ação civil pública em 1993, pedindo a reparação dos danos e a devolução do imóvel à União. O problema persiste e nada foi feito.

Posted by João Domingues at 3:35 PM | Comentários(1)
Comments

a carta da Denise é muito pertinente,gostei

Posted by: roxxane chonchol at outubro 8, 2007 3:43 PM
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