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janeiro 18, 2006
Apreensão com anúncio de que CCBBs sofrerão cortes de 30%
Apreensão com anúncio de que CCBBs sofrerão cortes de 30%
Matéria originalmente publicada no Segundo Caderno do Jornal O Globo do dia 18 de janeiro de 2006
No mesmo dia em que o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) deu início à sua programação teatral no Rio, repleta de boas novidades, o diretor de marketing do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, fez um contraponto dramático nos bastidores. No dia 12 deste mês, o executivo disse em entrevista ao GLOBO que em 2006 os três centros culturais ligados ao banco - no Rio, em Brasília e em São Paulo - terão que cortar 30% de seus gastos.
Caffarelli assumiu o cargo em julho. Seu antecessor, Henrique Pizzolato, deixou o cargo em meio a denúncias de envolvimento com o empresário Marcos Valério de Souza. O contrato do BB com a DNA Propaganda, agência de Valério, foi rescindido. Na nova gestão, dez dos 125 funcionários da diretoria de marketing deixaram a empresa, e 12 dos 15 gerentes foram remanejados. No ano passado, o orçamento do marketing foi de R$ 300 milhões. Os centros culturais gastaram R$ 32 milhões.
Além do corte de 30% na área cultural - parte do plano para reduzir em 20% os gastos do setor de marketing - foi contratada uma empresa para auditar se os preços dos eventos culturais patrocinados correspondem aos de mercado. O banco também está renegociando os patrocínios esportivos, que consumiram R$ 40 milhões em 2005.
Em artigo publicado abaixo, o curador Marcus Lontra lembra o "padrão de qualidade CCBB", vê com apreensão os cortes anunciados pelo banco e espera que os ministérios da Cultura e do Esporte interfiram.
O CCBB carioca foi inaugurado em 1989. Instalado num prédio centenário, é um dos espaços culturais mais visitados da cidade, por reunir música, exposições, vídeo, palestras, cinema e teatro.