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julho 28, 2005
Serra reduz programação cultural de CÉUS, por Luciane Scarazzati
Serra reduz programação cultural de CÉUS
Matéria de Luciane Scarazzati, originalmente publicada na Folha de São Paulo do dia 28 de julho de 2005
Construídos para serem espaços de educação para as crianças e de lazer para a comunidade, os CEUs (Centros Educacionais Unificados) tiveram atividades culturais reduzidas desde janeiro, no governo José Serra (PSDB).
A reportagem visitou 10 dos 21 escolões entre quarta e sexta-feira da semana passada e constatou alterações na programação teatral e de cinema. A revisão dos contratos de segurança em unidades da zona sul também levou à redução da quantidade de vigilantes --de oito para cinco em cada turno.
Até dezembro, eram contratadas pela Secretaria da Cultura peças profissionais para serem apresentadas nos finais de semana. O catálogo de filmes para as sessões de cinema incluía novidades.
Desde janeiro, porém, as peças teatrais são somente de grupos da comunidade ou contatados pelos coordenadores das escolas. O catálogo de filmes não foi atualizado --as atrações são repetidas.
Com capacidade para 2.400 alunos, cada um dos 21 CEUs também tem um roteiro de aulas e cursos para a comunidade.
Em 2004, último ano do governo Marta (PT), a agenda de atividades estava movimentada. Havia aulas de iniciação artística --teatro, artes plásticas, dança e música. Mas os contratos com esses educadores acabaram em 31 de dezembro.
Entre janeiro e abril, foram mantidas as aulas em unidades que tinham voluntários ou professores contratados em regime diferenciado. Foi só em maio que novos profissionais chegaram.
Todos os CEUs possuem estúdios para fotografia e cinema, que estão equipados. São poucas as unidades, porém, que usam esse material, porque faltam profissionais. Em 2004, parcerias com a iniciativa privada garantiram a realização de alguns cursos.
No CEU Paz, na zona norte, a falta de pessoal levou à paralisação de atividades da oficina na padaria e no estúdio de foto. O material para revelação do laboratório do CEU São Rafael, na zona leste, não foi usado até agora.
Os CEUs Casa Blanca e Meninos, na zona sul, estão entre os que sofrem com a falta de professores e técnicos de educação física. No CEU Aricanduva, na zona leste, a pista de skate fica tomada pela terra quando há chuva.
Alunos e moradores reclamam. "A comunidade está perdendo espaço", diz a telefonista Delfina Custódio da Silva, 49, vizinha do escolão de Aricanduva.
Outro lado
A prefeitura afirma que está retomando as atividades culturais nos CEUs e que o quadro de profissionais e a agenda estarão completos até agosto.
A Secretaria da Cultura diz que avalia a contratação de peças profissionais e uma nova série de filmes para a programação do segundo semestre.
A chefe-de-gabinete da Secretaria da Educação, Maria Lúcia Tajal, diz que houve "interrupção" das aulas de iniciação artística por falta de pagamento da gestão Marta Suplicy (PT), no ano passado, e também por causa do fim do contrato dos arte-educadores.
Os professores não receberam os salários de pelo menos dois meses do final de 2004. A equipe petista diz que honrou pagamentos e deixou dinheiro em caixa para contas que venceriam em janeiro.
A troca de titulares da pasta da Cultura (Emanoel Araújo foi substituído por Carlos Augusto Calil) também teria atrapalhado as contratações.
Enviado por Oliver Cauã Cauê olivercauacaue@hotmail.com