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Como atiçar a brasa

 


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junho 9, 2005

‘O Rio é uma cidade que ressurge a cada verão’ - Entrevista com Ricardo Macieira

'O Rio é uma cidade que ressurge a cada verão'

Entrevista com Ricardo Macieira, originalmente publicada, no Jornal do Brasil do dia 5 de junho de 2005.

Todos os segundos cadernos da imprensa brasileira se acreditam cadernos de serviço. Não sei se o leitor já reparou que estamos tentando transformar o nosso B num espaço de conversação, de troca de opiniões, de reflexão bem-humorada sobre o Rio e, depois, o Brasil, sua extensão (para nós, que vivemos nesta cidade).

Daí, a razão de trazermos para esta entrevista descontraída gente de conversa boa para falarmos sobre tudo, como se todos os leitores estivessem em volta da nossa mesa.

O Caderno B quer ser, também - e isto iremos conseguindo aos poucos - o house-organ da cultura de nossa cidade. Daí a lembrança de trazer para a entrevista desta semana Ricardo Macieira, o secretário das Culturas da Prefeitura do Rio de Janeiro. Dono de raciocínio rápido e de palavra fácil, sua articulada entrevista nos faz crer que esta é uma agradável conversa que Macieira estava devendo à sua cidade. (Ziraldo)

Ricardo Macieira - Li aquela maravilhosa entrevista que vocês fizeram com Washington Olivetto e num determinado momento ele falava, com certo saudosismo, de um Rio que não volta mais. Gente, existe esse Rio ainda, temos que vivenciar com plenitude o que essa cidade oferece! Eu sou um usuário do Rio. Vejo como minha filha Mariana, de 17 anos, vivencia o Rio, com a Lapa bombando, o Circo Voador sendo retomado, a Rua do Lavradio, o Baixo Gávea, os cinemas na Praia de Botafogo... quantos espaços urbanos diferentes com uma riqueza enorme! O Rio é uma cidade que ressurge a cada verão.

Ziraldo - Agora podemos cantar: "A Lapa está voltando a ser a Lapa..."

Zezé Sack - A cultura carioca também está voltando? Macieira - Está. O grande ganho dessa cidade na área de cultura foi justamente a continuidade. O projeto das Lonas Culturais foi criado em 1993 e continua em 2005. Inaugurei agora a oitava Lona, um projeto premiado em Berlim, em Buenos Aires... São prêmios pela transformação social através da cultura. O Financial Times deu página dupla sobre os projetos culturais da Prefeitura do Rio.

Arthur Poerner - Como Cesar Maia entrou na sua vida?

Macieira - Conheci Cesar Maia quando ele era deputado federal, mas, antes disso, já havia uma identidade minha com as coisas que eu lia dele, principalmente pela sua preocupação com o social. O que me juntou a ele? Suas idéias, seus compromissos, e ele ter a inquietude do fazer como coisa muito forte. Em 92, ele veio candidato à Prefeitura do Rio, pelo PMDB, indicado por Ulysses Guimarães, e foi nessa campanha que nos conhecemos melhor. E aí construí uma relação com ele ao longo de 12 anos. Começamos na Prefeitura de 93 a 96, aí ele elegeu o Conde, com quem fiquei até 11 de novembro de 99, e voltei com o retorno de Cesar Maia, em 2000.

Ziraldo - E por que ele te chamou pra isso?

Macieira - Pelo meu perfil executivo. Comecei como diretor-executivo e chefe de gabinete. Eu tinha um escritório de arquitetura.

Ziraldo - E como é que o Cesar Maia, com uma origem de esquerda, vai pra direita e convive com Bornhausen? Ele é um grande administrador, mas vive pulando de partido.

Macieira - Não temos a menor dificuldade de transitar nem na direita nem na esquerda. Todos sabem de minha origem na esquerda, mas meu compromisso é com o que faço. Tenho a possibilidade, estando no poder, de fazer coisas com que sempre imaginei. Não sei se em outro partido eu teria essa possibilidade. A gente é uma geração de trabalho, de fazer, o tempo é muito rápido. Na questão específica da cultura: pra fazer alguma coisa você tem que ter idéias, projetos e conceitos, tem que ter recursos e tem que fazer. Não adianta ter duas dessas coisas e não ter a terceira.

Luís Pimentel - Pelo seu projeto das Lonas Culturais, por exemplo, dá pra ver que você é um sujeito ideológico, mas o que o Rio pensa é que Cesar Maia é um sujeito nem um pouco comprometido com ideologias.

Macieira - Acredito que ele tenha ideologia sim. Cesar Maia é uma pessoa que te provoca permanentemente. Cada conversa, cada e-mail, cada reunião é uma provocação rica para que se pense e se faça. Por exemplo: eu queria retomar o projeto original do Affonso Reidy para o MAM, pelo qual, além do museu, seria construído um teatro. Tenho uma preocupação grande com a internacionalização do Rio, onde se agregue valor simbólico ao que já tenha, com elementos arquitetônicos como novos ícones da cidade. Fizeram o Cristo nos anos 40, o Maracanã nos anos 50, e de lá pra cá mais nada que tornasse o Rio um atrativo que fizesse alguém te ligar: "Ziraldo, tô saindo aqui de Madri porque quero ir pro Rio conhecer o Hall Sinfônico". É este hall que quero construir no MAM. Falei com o prefeito e ele topou imediatamente.

Ziraldo - É algo como a Ópera de Sydney, o Museu de Bilbao... assim você acaba chegando no assunto do Guggenheim.

Macieira - É a questão da cultura como processo de desenvolvimento da cidade. As pessoas não estão antenadas com as grandes intervenções culturais nas cidades do mundo.

Poerner - Niterói construiu o Museu de Arte Contemporânea.

Macieira - Sem sombra de dúvida, tem um grande elemento de atratividade, mas é um museu complicado, não tem reserva técnica. O Rio precisa de um grande museu internacional. A gente tá num namoro com o Centro Georges Pompidou. Você senta com esses caras pra falar e eles babam com essa cidade!

Ziraldo - Por que vocês não pegam a Estação da Leopoldina e transformam num centro cultural?

Macieira - Aquilo é maravilhoso, é uma Gare d'Orsay! Temos um projeto pronto para isso mas nisso o aporte tem que ser privado. Falta captação pra viabilizar. Temos uma grande preocupação com o patrimônio histórico da cidade. Entramos incisivamente nessa área com as APACs: Leblon, Jardim Botânico, Botafogo, Laranjeiras e Ipanema. Imaginem a pressão do mercado imobiliário sobre nós, mas o prefeito não arredou pé. Dizem que estamos congelando a cidade. Não, estamos com uma visão diferente, contemporânea, garantindo qualidade de vida. O Rio já foi sede da Colônia, capital do Império, capital da República, tem um chão com muita história, gente. Qualquer lugar onde se pise é solo sagrado. Então agora toda obra que for feita tem que ter um arqueólogo acompanhando. Fizeram uma obra em Santa Cruz e encontraram uma ponte da época dos jesuítas! E essa questão de patrimônio é maior do que o histórico: tombamos a Banda de Ipanema, pô! Qual o significado da Banda de Ipanema pro Rio de Janeiro?

Ziraldo - Quantos artistas plásticos brasileiros têm preço internacional pra valer? Uns quatro. Sabe quantos da Colômbia? Quarenta! Por quê? Não se faz um prédio na Colômbia sem que o habite-se inclua uma obra de arte no hall.

Macieira - Já temos um decreto nesse sentido a ser aprovado pela Câmara de Vereadores. Um por cento do pago para o habite-se tem que ser destinado à aquisição de obras de artes. Fui defender isso na Abemi (Associação Brasileira de Arquitetos Industriais) e todos os construtores adoraram!

Poerner - Você acabou não completando a idéia de se construir um teatro no MAM.

Macieira - Fiquei oito meses me reunindo com a direção do MAM. O tempo foi passando e vi que assim não dava. Fui ao prefeito: "Tenho uma idéia. Tô pensando em chamar um dos maiores arquitetos do mundo pra fazer no Rio um dos maiores halls sinfônicos da atualidade". A frase dele, sabe qual foi? "Macieira, vá em frente." Saí dali e liguei pro Portzamparc, que fez o projeto Cité de la Musique em Paris, o Hall Sinfônico em Edimburgo, outro na Alemanha. Tô no meu gabinete e me liga o Paulo Amorim, do Tom Brasil, dizendo que tinha visto uma matéria minha na Folha e gostado desse perfil de internacionalização da cidade. "O senhor tem um lugar pra gente fazer um Tom Brasil no Rio?" Me deu um estalo e me lembrei na mesma hora do teatro do Reidy. "Tenho um lugar que não tem igual no mundo." O MAM tem uma coleção maravilhosa, é um dos ícones arquitetônicos dessa cidade, mas tá com 70 visitantes por mês. Falei com João Maurício Pinho: "Vocês cedem o espaço do Reidy prum grupo que tem um projeto de casa de espetáculos de música brasileira?" Toparam. O projeto arquitetônico tá pronto e a obra começa agora em junho. No lugar mais lindo dessa cidade, de cara pra Baía da Guanabara! Vocês estão perguntando sobre meus compromissos ideológicos, mas meu compromisso é fazer uma cultura com a dimensão do Rio! O Rio não tem parque industrial mas a criatividade está aqui e não vai ser tirada daqui nunca! Que se debatam os paulistas, os baianos que me perdoem, mas é aqui no Rio que estão os criadores.

Pimentel - Nesses casos o poder público cede os espaços ou dá mais alguma coisa?

Macieira - Viabilizamos o espaço.

Pimentel - Se for um sucesso absoluto, o poder público recebe algo de volta?

Macieira - Quem ganha com isso é a cidade. Quando eu sair da Secretaria, quero ir ouvir a boa música no Tom Brasil. Além disto, o pessoal do Tom Brasil vai ceder 200m2 para uma exposição permanente de João Gilberto.

Pimentel - Qual o papel do Estado na cultura de uma cidade como o Rio?

Macieira - Existe a política cultural pública, que não é excludente da iniciativa privada, elas são complementares, mas seu foco é diferente. Há uma linha tênue hoje no mundo entre cultura do ponto de vista estético e artístico e o que é vendido como produto da produção cultural para o mercado de entretenimento e lazer. Cabe a nós, gestores públicos de cultura, atuar na base, com os que têm talento mas não têm oportunidade. O Sérgio Porto o principal espaço hoje da renovação da música e das artes plásticas. O Centro Coreográfico é o maior da América Latina, com 5.000 m2 dedicados à dança.

Zezé - Mas você é muito criticado pelos atores e recebeu um pau dos críticos de teatro.

Macieira - Gosto muito da crítica, principalmente por parte da imprensa, porque faz com que a gente corrija rumos. Neste caso que você citou, algumas críticas têm fundamento, outras não. Se você me perguntar se gosto desse modelo de indicar diretores para teatros respondo que não. Agora, é uma circunstância já colocada. Não é o modelo ideal. Mantivemos o processo ao mesmo tempo em que buscamos aperfeiçoá-lo, buscando novos nomes e os comprometendo com a produção. Por exemplo: briguei pela volta da música na Sala Baden Powell, que foi projetada pra essa atividade. A pauta lá tá fechada até março de 2006. Criamos o Fundo de Apoio ao Teatro, investindo 25 milhões na manutenção da maior rede de teatros da América Latina. Eu trabalho com resultados, Zezé, até porque o dinheiro é público, e resultado pra mim é público. O espaço público tem que ser permanentemente utilizado.

Zezé - Quais são os critérios para que se montem peças nos teatros municipais?

Macieira - Nós queremos democratizar isso e a melhor maneira é trazer a classe pra dentro do processo, dizendo: "Vocês que fazem teatro é que vão se selecionar". É aquela coisa de fechar a porta e apagar a luz: quem sair vivo entrega a lista. Selecionamos 56 peças no ano passado e este ano já temos 25. A transparência, a democratização e a participação desses segmentos são fundamentais. E essa base tem que ser ampliada, para que as pessoas digam: "Tudo bem, não fui escolhido, mas eu participei". Muitos me procuram: "Secretário, minha peça tem melhor qualidade, mas não fui selecionado". Por isto é que a comissão apresenta suas justificativas por escrito.

Pimentel - Você disse que o critério de resultados para os teatros é darem público. E as peças mais ousadas, que também precisam ter seu espaço?

Macieira - Quando o prefeito fala em "teatro de resultados", esses resultados podem ser uma grande produção estética e cultural mas que acabe não tendo público; ou pode ser uma peça que, na avaliação dos críticos, não tenha uma base conceitual mas tenha gente saindo pelo ladrão. Qual é o modelo de uma política teatral ideal pro Rio? Ter repertório de qualidade, ter uma seleção pautada pela transparência e ter público. Todo último fim de semana de cada mês, os teatros da rede municipal e as Lonas Culturais têm ingressos a R$ 1. Outro fator para o acesso irrestrito do público aos teatros é a proximidade do equipamento urbano às suas casas. Em 2004 focamos estrategicamente em caminhar em direção à Zona Norte e Oeste. Tô falando com Paulo Rocco: "Vamos colocar quiosques de livros em todas as praças da Zona Norte e da Zona Oeste".

Poerner - Tenho ouvido que a Secretaria não tem abastecido como deveria as bibliotecas públicas, que são o único acesso à leitura de milhões de pessoas.

Macieira - Concordo, mas já começamos a adquirir livros pras nossas 27 bibliotecas. Inauguramos recentemente a Biblioteca Jorge Amado, uma das maiores do município, dentro da favela da Maré. Sou um leitor inveterado, chego a ler sete livros ao mesmo tempo. Até abril de 2002 eu tinha uma média de 331 mil pessoas freqüentando nossas bibliotecas por mês. Recebi um e-mail de uma senhora: "Secretário, tenho uma dificuldade enorme de levar minhas filhas às bibliotecas durante a semana. Elas estudam, eu trabalho. Será que não dá pra abrir as bibliotecas no sábado e no domingo?". Chamei Antonio Olinto, levantamos os custos, mas cultura pra mim não tem custo, tudo é investimento. Sabe qual foi a visitação em 2004, depois que as bibliotecas abriram nos fins de semana? Mais de 1 milhão de visitantes por mês.

Poerner - Existe uma sede grande pela leitura, mas o preço do livro afasta as pessoas. Não que o livro no Brasil seja caro, o salário é que é baixo.

Macieira - Não, o livro é caro sim. No ano de 2004, o Governo Federal colocou um reajuste de 12% sobre os impostos e as taxas a serem cobrados na produção de livros. E aí, o que fizemos? Temos pequenas editoras no Rio com a melhor qualidade, mas elas têm enorme dificuldade de sobrevivência. Criamos então a Primavera do Livro voltada para as pequenas editoras, que não participam da Bienal, que têm que se articular em conjunto pra ter estandes. Na primeira Primavera do Livro, no Jockey, em 2001, tivemos 54 editoras. Fundaram a partir daí a Libre, uma associação de pequenas editoras que está com 109 associados inclusive de outros países da América Latina. Os livreiros então começaram a reclamar que a gente estava colocando os livros na Primavera dos Livros a um preço muito baixo. "Livreiro, de que maneira podemos te ajudar?" Fizemos o Livros da Calçada.

Maria Lucia Dahl - A Secretaria das Culturas tem planos para a televisão, como os de fazer programas sobre o Rio de Janeiro? A TV Globo só mostra a cidade pelo ponto de vista do novelão.

Macieira - Estamos tratando o audiovisual como um todo. No ano de 2003 aportamos 20 milhões pra produção nessa área. O que a gente buscava com isso? Resolver o problema do cinema brasileiro? Não, queremos provocar a produção. Perguntam muito: "Por que não se tem um canal de televisão aberta dedicado à produção de cinema feita pra televisão?" Mas não sei por que isso não acontece, estamos superabertos. Estamos brigando pela utilização dos canais reservados pelas TVs a cabo para a municipalidade desde a sua implantação. Temos a MultiRio, que produz conteúdo audiovisual pedagógico para a rede do município. São 1.056 escolas e 750 mil crianças. Temos documentado tudo que foi feito na Secretaria das Culturas, dos festivais de Música nas Igreja ao Panorama RioArte de Dança. Sou proprietário de 256 títulos do cinema brasileiro, sendo que nos últimos dois anos sete das dez principais produções cinematográficas brasileiras tiveram aporte pela Riofilmes. Então temos material para este canal. Outra coisa que nos preocupa é a queda assustadora de público em cinema nos anos de 2003 e 2004: menos 34%!

Ziraldo - Esse Macieira seu é de Portugal?

Macieira - Meu avô veio de Portugal para o Maranhão. Tinha um entreposto em Codó: trazia da Europa maçãs e azeite de oliva e levava arroz. Minha mãe é da família do Marechal Cândido Rondon, de fazendeiros do interior do Mato Grosso. Sou trineto do Rondon. E Marli Sarney é prima-irmã do meu pai. Passando férias no Rio, minha mãe conheceu meu pai e foram viver em Codó. Mas nasci em Tupaceretã, no Pantanal, porque minha mãe ia fazer os partos junto da família. Meu pai depois veio morar no Rio, teve empresa de ônibus e rede de farmácia, mas minhas origens são portuguesas, nordestinas e indígenas.

Poerner - De onde vem seu interesse pela cultura?

Macieira - Meu pai era um homem rígido, mas era muito ligado na música e nos livros. Tinha tudo de Nat King Cole e Dave Brubeck! Independente de ser bem nascido, era preocupado em transmitir valores morais e princípios de socialização. Buscava ajudar as pessoas em seu entorno. Tudo isso esteve presente na nossa educação, e mais, na nossa vida. Cresci incomodado com aquele coronelismo do Maranhão. Em Botafogo eu brincava na rua com as crianças do Santa Marta. Na faculdade de arquitetura, fundei o diretório do PSB. Ao mesmo tempo, a casa de nossa família, em Petrópolis, era freqüentada por Lotta Macedo Soares, Sandra Cavalcanti, Affonso Reidy e Carlos Lacerda, pessoas inteligentes que sempre conversavam sobre a cidade. Fiquei fascinado pelo Rio.

Ziraldo - Meu filho, o que falta você dizer aqui?

Macieira - Quero enfatizar que a cultura é um instrumento de transformação social. A gente tem uma preocupação enorme com o acesso do público à cultura. Não é filantropia cultural. Nossa lei de incentivos deveria começar a financiar ingressos. Isso viabilizaria o retorno financeiro pra quem produz e permitiria às pessoas irem aos espetáculos. Veja bem, se você possibilita uma programação cultural numa biblioteca prum chefe de família, com sua esposa e mais três filhos, isso é valor agregado à sua renda. É qualidade de vida. A oferta cultural pode ser um fator preponderante na decisão de morar em algum lugar. Temos que atuar em Santa Cruz, Bangu, Campo Grande, Realengo, Anchieta, Méier, Tijuca, Ipanema, Centro, Botafogo, cobrindo geograficamente a cidade com produção de qualidade. A primeira contrapartida da OSB - que hoje é financiada pela Prefeitura do Rio - é gerir para nós a Cidade da Música. Quando aportamos recursos no Festival de Cinema do Rio dizemos que queremos o festival nas Lonas Culturais. Na Lona de Vista Alegre 4.600 pessoas assistiram a uma sessão de cinema!

Ziraldo - Quero falar uma coisa antes de terminar. Adoro Artur da Távola, agora, esse negócio de Secretaria das Culturas é de uma babaquice! Que tolice inventar essa moda!

Macieira - É uma das coisas que mais me perguntam. A geração do Artur da Távola, com seus intelectuais, adora esse tipo de fundamentação antropológica: não existe uma cultura, existem várias culturas, logo, a Secretaria deve ser das Culturas. Já Lina Bo Bardi dizia que tudo é cultura. Mas fica o nome como um carinho do secretário Ricardo Macieira para com Artur da Távola.

Posted by João Domingues at 1:16 PM