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novembro 7, 2004
Contra o resultado da caravana FUNARTE Sul/Sudeste
São Paulo, 1 de novembro de 2004.
A quem aprecia, vive e defende a legitimidade da arte.
Referente ao Projeto de Circulação Sul/Sudeste Caravana Funarte.
Vimos nestas linhas expressar nosso profundo desapontamento com a condução da arte no Brasil, causado desta vez pelo resultado bastante questionável da seleção para o Projeto Caravana Funarte de Circulação Sul/Sudeste, publicado no último dia 28. Nossa fala direciona-se especificamente à área de dança, onde as premiações mostram-se amplamente tendenciosas, principalmente com relação à cidade de São Paulo.
Nossa indignação refere-se a forma absurda como são conduzidas as decisões e o modo como são distribuídos os poucos recursos direcionados para o trabalho artístico em dança.
O recém nomeado coordenador de dança da Funarte, o Sr. Marcos Moraes, provém de um dos grupos de discussão a respeito de políticas para a Dança, o grupo de artistas intitulado Mobilização Dança - SP, o qual indicou-o e apoio-o para o referido cargo. Agora, com a divulgação dos resultados da Caravana Funarte, alguns questionamentos se fazem necessários, uma vez que basicamente a maioria dos contemplados da cidade de São Paulo (pelo menos quatro dos cinco contemplados) estão ligados ao Mobilização Dança. Mera coincidência?
Antes de respondê-lo, é preciso dizer que este grupo, de maneira alguma tem sido a voz uníssona e exclusiva dos profissionais de dança em São Paulo, além de estar encontrando oposição de artistas e pensadores da dança, os quais não concordam com o pensamento do referido grupo(mobidança-SP).
Participando da elaboração do Edital para o Premio Estímulo à Dança - 2003, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, os representantes deste grupo mostraram um pouco sobre o seu modo de pensar em política para a Dança. As premiações eram indistintas entre trabalhos solos e de grupos, mesmo sabendo-se que um trabalho em grupo via de regra consome muito mais recursos para a sua viabilização. O motivo provável: a maior parte dos participantes desse movimento trabalha individualmente.
Agora, na premiação da Caravana em São Paulo mais uma vez, vários premiados são trabalhos solos e, como já dito, ligados ao grupo. Isto não parece coincidência, mas sim uma representação política conduzida com base em interesses particulares, não no desenvolvimento de um todo para o qual esse grupo e, por conseguinte, o novo coordenador Sr. Marcos Moraes, não têm olhos.
Mais um exemplo disso é a participação da Sra. Isabel Maria Meirelles de Azevedo Marques na comissão julgadora, sendo ela também participante deste grupo (Mobilização Dança). Tanto ela como Sr. Marcos Moraes não se mostraram familiarizados com a postura ética que exige uma seletiva como essa, pois não foram imparciais nas escolhas e, portanto, mostraram não ter aptidão para corresponder responsavelmente às exigências de suas atribuições.
Com base nesses fatos solicitamos uma nova avaliação dos projetos da área de dança, envolvendo pessoas aptas a esse tipo de julgamento e que o façam com autonomia em relação a quaisquer grupos e instituições. Também faz se necessário rever a forma como foi distribuída essa verba pública.
Por fim gostaríamos de alertar a diretoria da FUNARTE, o ministério da cultura, a classe artística como um todo e nossos representantes políticos, a respeito da importância da escolha de pessoas para ocupar cargos vitais para o desenvolvimento da cultura neste País. Este é um exemplo do que não podemos mais fazer, do que não podemos mais aceitar, do que não podemos mais calar!
Por isso pedimos a atenção dos responsáveis diretos e indiretos da FUNARTE, que apurem esses fatos relatados e, por favor, tomem as medidas necessárias para que isso não volte a acontecer e que seja possível realmente rever os resultados desta seletiva, que nos perdoem a palavra foi uma "GRANDESSÍSSIMA MARMELADA".
CHEGA DESSA POLÍTICA DO TOMA LÁ DA CÁ, VAMOS CONSTRUIR UMA POLÍTICA CULTURAL DE VERDADE!!!
Colocamo-nos a disposição para eventuais esclarecimentos,
CIA CORPOS NÔMADES
Edson Calheiros
Fabíola Camargo
João Andreazzi
Gustavo Vaz
Tatiana Guimarães
Adriana Grechi e Núcleo Artérias Dança Vila apóiam este protesto da Cia. Corpos Nômades!
Gostaríamos de acrescentar que a falta de ética nesta situação é ainda mais
grave:
1) Alguns premiados fazem parte da EXECUTIVA do Mobilização dança.
2) Isabel Marques é da área de educação e portanto não é capacitada para exercer a função de curadora de projetos artísticos.
3) Marcos Moraes trabalha com Isabel Marques no espaço Caleidos.
Lia Rodrigues
Coreógrafa
Diretora do Festival Panorama da Dança/Rio de Janeiro
Indignada e perplexa com esses acontecimentos, aguardo o mais rápido possivel uma manifestação da FUNARTE e do Ministério da Cultura.