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julho 7, 2004
Lula promete ajudar a valorizar cultura nacional
Matéria de Rodrigo Rangel, publicada originalmente no Jornal O Globo no caderno O País do dia 7 de julho de 2004.
Lula promete ajudar a valorizar cultura nacional
RODRIGO RANGEL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem de um grupo de artistas e intelectuais um conjunto de propostas para valorizar a cultura brasileira. A lista de sugestões é resultado de um seminário realizado em fevereiro, em São Paulo, em que mais de 70 profissionais ligados à área debateram possíveis soluções para proteger a produção cultural nacional. O presidente se comprometeu a tirar as propostas do papel e defendeu uma atitude mais altiva do Brasil no setor cultural.
Presidente: Brasil deve deixar de ser subalterno
Segundo ele, o país não pode continuar se comportando como um "zé-ninguém".
É uma orientação de todo o governo que em todos os debates que façamos em nível internacional a questão da cultura seja vista como estratégica para a interação que o Brasil pretende fazer com o restante do mundo disse Lula.
Para o presidente, o Brasil deve deixar de se comportar como um subalterno diante dos outros países:
Um país do tamanho do Brasil, com a diversidade cultural que tem o Brasil, com a dimensão tanto cultural quanto de outras riquezas que tem o Brasil, não pode mais ficar agindo no mundo como se fosse um "zé-ninguém", como se fosse uma coisa menor, como se tivesse sempre que estar pedindo licença para fazer as coisas.
O documento entregue a Lula tem 13 sugestões para o Executivo e o Congresso Nacional. Todas elas com o objetivo de defender a produção brasileira da crescente inserção, no mercado nacional, da concorrência muitas vezes desleal de empresas estrangeiras. O seminário que originou as propostas foi promovido pela Rede Globo e pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Lula informou que encaminhará o texto aos ministros ligados à área e dará a eles um prazo para que as sugestões virem políticas públicas ou leis. O documento defende, por exemplo, mudanças na lei que estabelece mecanismos para regular os novos meios de comunicação social, como a internet e o conteúdo veiculado pelas empresas de telecomunicações por meio de telefones, hoje sob controle de empresas estrangeiras.
"Essas empresas veiculam conteúdos produzidos sem qualquer vinculação com a cultura, a diversidade e as necessidades nacionais e regionais e apenas comprometidas com os hábitos e padrões de consumo de seus países de origem e a estratégia de seus controladores", diz o documento.
Personalidades de diversas áreas participam do evento
A delegação que foi ao Palácio do Planalto levar o documento a Lula estava repleta de famosos e de gente que trabalha nos bastidores. Havia ainda estudiosos de temas como comunicação e cultura. Lá estavam, por exemplo, artistas como Tony Ramos, Regina Casé e Cláudio Manoel, os diretores Cacá Diegues, Luiz Carlos Barreto e Jayme Monjardim e a escritora Maria Adelaide Amaral.
O documento defende a criação de subsídios e a taxação de produtos culturais importados como forma de defender a produção nacional.