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novembro 28, 2020
Bruno Dunley por Luis Pérez-Oramas
Tendo a pintura alcançado o dinamismo promissor da sua própria marginalidade poética ao libertar-se de toda função ‘de época’, hoje os pintores alcançaram uma liberdade invejável: já não carregam o mundo nas costas.
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Bruno Dunley é pintor: um dos protagonistas essenciais da geração de pintores que despontou no Brasil no início do século XXI. A complexidade e riqueza de sua obra – sua variedade e consistência – lhe conferem singularidade notável entre os artistas que emergem no novo século.
Sua obra contém um repertório fascinante de diagramas sabiamente filtrados pela espessura da imagem pictórica, por vezes como se a matéria que cria a imagem na pintura suspendesse em um limbo – isto é: des/trabalhasse – tudo aquilo que o esqueleto diagramático da imagem pode fazer na pintura.
Os trabalhos de Dunley enfatizam essas tensões. Nos mais recentes, abundam festivas figuras serpentinas, circulares – uma assinatura de Dunley. Esta dimensão diagramática das pinturas faz-se muito mais com manchas e traços do que com cores e linhas.
Abertas ao que delas surgirá, as obras de Dunley enfatizam uma verdade que nosso mundo saturado de múltiplas imagens efêmeras quer esquecer: que, de fato, nenhuma pintura se esgota em sua própria imagem.
While painting has reached the hopeful dynamism of its own poetic marginality, thus freeing itself from its epochal functions, painters have found an enviable freedom: they no longer carry the world on their shoulders.
Bruno Dunley is a painter: he is an essential protagonist amidst Brazil’s young generation of painters whose work has come to prominence in the beginning of the twenty-first century. His oeuvre’s complexity and richness—its variety and consistency—singularly stands out amongst this century’s emerging artists.
His work contains a fascinating repertoire of diagrams, wisely filtered through the thickness of pictorial images, as if the matter which makes image in the painting suspended in a limbo—in other words: un/worked—everything that the image’s schematic backbone can achieve as painting.
Dunley’s works emphasize these tensions. His most recent pieces offer an abundance of festive, serpentine, circular forms—a signature in Dunley’s oeuvre: achieving the diagrammatic dimension of painting through stains and strokes, rather than through colors and lines.
Open to what will come from within them, Dunley’s works emphasize a truth, which our world now saturated with multiplying ephemeral images would like to forget: that actually no painting can exhaust itself in the image.
Luis Pérez-Oramas