|
setembro 2, 2020
Exposição: Como habitar o presente? Ato 2: Estamos aqui por Érika Nascimento
Exposição: Como habitar o presente? Ato 2: Estamos aqui
ÉRIKA NASCIMENTO
Ana Clara Tito, Batman Zavareze, Ivar Rocha, Jonas Arrabal, Leandra Espírito Santo, Gabriela Noujaim, Martha Niklaus, Nathan Braga, Panmela Castro, Roberta Carvalho, Simone Cupello, Talitha Rossi, Ursula Tatuz, Virgínia Di Lauro e VJ Gabiru
[scroll down for English version]
Neste tempo cronometrado, em que a vida humana na Terra aparenta ter seus dias contados, estamos aqui habitando um presente possível, no desejo por dias melhores, enquanto seguimos imersos pela presença do nevoeiro que atravessamos.
Em um lugar de risco de permanência e fragilidades de nossos corpos sociais e físicos, onde o experenciar a cidade está afetado e novos códigos são estabelecidos, percebemos o mundo sendo recriado, nos restando seguir à deriva absorvidos por esta névoa traduzida por uma dinâmica confusa, onde temos medo do peso das gotículas do ar. No profundo sentimento de estranhamentos, estabelecemos movimentos fictícios para nos conectar com o mundo, tateando as fissuras desse hiato tentando nos manter vivos e ativos diante de um estado de tensão e atenção em uma sociedade doente.
Estamos aqui, diante de uma exposição que pode ser vista como a possibilidade de refletir a expansão do presente em um espaço em transição, como se vivêssemos uma dilatação no tempo, em um ritmo complexo, infinito e suspenso. Uma espécie de drama, no qual apesar da divisão em atos, há uma sucessão de quadros em movimentos com grande autonomia estrutural que leva à dispersão do tempo e dos espaços. Um paradigma de forma aberta regido pelo desejo de romper a temporalidade.
Ao passo que, neste risco de desaparecimento, idealizamos mudanças individuais e coletivas, seguimos sem respostas para as provocações projetadas no Ato 1, tornando-se urgente emancipar as estratégias de vivência e criar formas de existir, que não seja a mesma praticada por políticas de negligenciamentos. Sendo assim, como podemos imaginar o nosso lugar como habitante neste tempo? Como manter um estado de potência? Poderíamos vislumbrar até um terceiro ato, que nos transporta para uma projeção temporal, onde imaginamos um horizonte possível, com palavras de esperança lançadas na cidade, até o ponto de deslocarmos o nosso lugar de espectador e atuarmos no tempo presente-futuro.
Exhibition: How to inhabit the present? Act 2: We are here
ÉRIKA NASCIMENTO
Ana Clara Tito, Batman Zavareze, Ivar Rocha, Jonas Arrabal, Leandra Espírito Santo, Gabriela Noujaim, Martha Niklaus, Nathan Braga, Panmela Castro, Roberta Carvalho, Simone Cupello, Talitha Rossi, Ursula Tautz, Virgínia Di Lauro and VJ Gabiru
In this timed age, when human life on Earth seems to have numbered days, we are here, inhabiting a possible present and looking forward to better days, while we are still drowned by the presence of the fog that we are going through.
In a place of risk of permanence and weakness of our social and physical bodies, where the experience of life in the city is affected and new codes are established, we perceive the world as being recreated, leaving us to remain adrift and absorbed by this fog translated into a confused dynamics, where we are afraid of the air droplets’ weight. Facing a deep feeling of strangeness, we make fictional movements to connect with the world, feeling the cracks in this gap, trying to keep alive and active in the face of a state of tension and attention in a sick society.
We are here, witnessing an exhibition that can be seen as a possibility of reflecting on the expansion of the present in a space in transition, as if we were experiencing an expansion in time, in a complex, infinite and suspended rhythm. A kind of theater play, in which, despite the division into acts, there is a chain of pictures in movement with great structural autonomy that leads to the dispersion of time and spaces. An open paradigm governed by the urge to break temporality.
Meanwhile, at the risk of disappearance, we idealize individual and collective changes, we go on without answers to the issues raised in Act 1, making it urgent to emancipate living strategies and to create ways of existing that differ from the one rooted in policies of neglect. So, how can we imagine our place as inhabitants of this time? How to maintain a state of potency? We might even contemplate a third act, which would take us to a temporal projection, where we would imagine a possible horizon, with words of hope being heard in the city, to the point where we forsake our place as spectators and act in the present-future time.