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fevereiro 4, 2020
Livros de artista da Biblioteca do MAM por Felipe Chaimovich
Os livros de artista floresceram nos últimos cinquenta anos. Embora certos livros já tivessem sido impressos com a colaboração de artistas, desde o século XVIII, a busca por formatos alternativos de obra de arte incentivou o uso do livro para multiplicar exemplares de uma produção que buscava circular por fora de instituições consagradas, como museus e galerias. Assim, um número crescente de artistas passou a criar obras tecnicamente estruturadas como um livro, mas que desafiavam nossas expectativas sobre tal objeto.
Nas décadas de 1960 e 70, os livros de artista utilizaram a escrita impressa e o desenho gráfico como ferramentas para veicular obras de arte mais próximas da teoria. Tratava-se de uma estratégia para gerar reflexão no público, chamando atenção para temas políticos, como a própria indústria de comunicação de massa, da qual as gráficas que imprimem livros fazem parte.
A partir dos anos 1980, houve um interesse crescente pela materialidade do livro. Além das propriedades dos papéis, as tintas e encadernações tornaram-se matéria-prima para experiências diversas com carimbos, colagens e diversos expedientes técnicos que singularizavam a produção do livro de artista. Logo, cada peça poderia ser única, aproximando-se novamente da obra de arte original. Desde então, os artistas têm transitado entre livros mais conceituais ou mais plásticos.
O experimentalismo do livro de artista foi identificado pelas bibliotecas de arte, antes mesmo de os museus prestarem atenção a tal inovação. Foi assim que a Biblioteca do mam formou uma coleção de livros, que agora trazemos ao público. Reunimos aqui livros de artista que não foram produto de editoras comerciais, enfatizando o trabalho singular de certas tiragens. O pioneirismo da Biblioteca do mam fomentou também importantes doações, levando à constituição de uma das coleções mais relevantes de livros de artista do país.