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agosto 24, 2019
Renato Morcatti - Pirajá por Fernanda Lopes
Depois de passar por Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, chega a São Paulo a primeira exposição individual de Renato Morcatti. Pirajá - revela já no nome elementos importantes da poética do escultor e desenhista mineiro. A palavra-título da mostra tem origem no Tupi e é formada na junção dos termos “pira” (peixes) e “já” (repleto), tendo como significado “o que está repleto de peixes”. Como cardumes, as séries de esculturas e desenhos apresentam para o publico da Caixa Cultural o interesse do artista pelo múltiplo, pela profusão, pela repetição e pela organização em conjuntos.
Acostumado a trabalhar com materiais diversos, como madeira, argila, cimento e aço, Morcatti incluiu a cerâmica em seu repertório escultórico desde 2017. Parte do resultado dessa nova pesquisa é o que pode ser visto nesta exposição. Ao invés de grandes esculturas, essas séries são formadas pela repetição e acúmulo de objetos cerâmicos de pequenos formatos realizados em três técnicas distintas – o entalhe, a modelagem e a fundição. Queimadas na técnica Bizen, as peças são levadas ao forno sem esmaltagem, realçando a textura e a cor crua natural do material. Nas séries de desenhos realizadas com carvão, grafite e pigmento natural é também a repetição que constitui a base do trabalho. Aqui, isso se dá no número de folhas e em sua organização em sequência, mas também nas formas que mantém evidentes os múltiplos traços que as constituem.
Em Pirajá (também o nome de um bairro na cidade de Belo Horizonte, onde o artista nasceu, e onde vive e trabalha até hoje), ver esse conjunto de trabalhos reunidos é ter também a possibilidade de pensar como uma lógica escultórica permanece presente no plano bidimensional , e, ao mesmo tempo, como aspectos fundamentais do desenho se fazem presentes nas esculturas.