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dezembro 6, 2017
Exercício por Marcio Harum
Exercício
MARCIO HARUM
Com o apoio da Galeria Jaqueline Martins, a exposição coletiva exercício assinala o trabalho de 3 anos na condução do grupo de acompanhamento crítico em pintura que vem sendo realizado na cidade de São Paulo por Regina Parra e Rodolpho Parigi.
Neste período, diversos artistas das mais variadas procedências e faixas etárias passaram pelas atividades propostas por seus tutores. As experiências e as práticas de ateliê dos participantes diferem heterogeneamente - tanto em quesitos que vão desde a educação formal em artes, quanto a genuínas inclinações vocacionais, absolutamente experimentais, vivenciadas por parte de alguns deles. O deslocamento, que quer reagir ao sistema da arte da atualidade, surge muitas vezes como vibração propulsora. Há ainda aqueles que pintam movidos por uma saudável energia de diletantismo, e uns que também apresentam uma produção paralela, com forte presença do desenho, colagem, escultura, instalação e performance.
Está claro a todxs a condição de exígua espacialidade com a qual se faz reunir as obras selecionadas no ambiente expositivo. Um exercício de coragem. E de resistência.
Com uma visada detida, percebe-se a intensidade do trabalho que vem sendo gerado paulatinamente por este conjunto de artistas. Além de pinturas que estão sendo reveladas de maneira não definida por estranhos efeitos abstrato formalistas, nota-se, ao longo desta pesquisa, a profusão de surpreendentes portraits e selfies finalizados sob distintas técnicas. Outros aspectos empregados no reconhecimento e categorização que estão sendo considerados para esta tarefa são os que envolvem inquietantes noções de natureza-morta/ figuras de paisagem.
Nesta investigação curatorial em curso, há sem dúvida um interesse desperto pelos trabalhos de difícil classificação. O que está sendo proposto não é somente a organização de uma mera mostra, mas sim a tentativa de estabelecer um aprofundamento visual de observação, percepção, análise, compreensão e exibição de pinturas que convoquem ao exercício agudo da autocrítica. Os trabalhos escolhidos apontam para um exorcismo de reflexão acerca do desequilíbrio de nossas emoções - o cansaço, a solidão, a angústia no sentido do medo do presente e a ansiedade pela negação do futuro, com o qual convivemos elástica e constantemente em meio aos rumores de guerra em tempos de paz neste momento do mundo.
De nossa parte, o que está posto é o desejo e a sincera intenção do acontecimento. Por ora, a mostra exercício se mantém em suspensão como um estado psicológico de rara qualidade, aguardando apenas o seu irromper.
Marcio Harum
Novembro de 2017