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julho 27, 2017
Novíssimos 2017 por Cesar Kiraly
Novíssimos 2017
CESAR KIRALY
A proposta curatorial do Novíssimos de 2017 concerne à interrogação da distância entre as imagens da vigília e do sono. Foram para isso escolhidos artistas em início de trajetória que se propuseram a pensar a experiência dessa forma expandida. O onírico surge atrelado aos mais diversos suportes, em formas escultóricas de pano, fotografia, na interação do concreto com aparato eletrônico, no conflito do rosto com matérias que insistem em cobri-lo, nas estratégias de captação de vídeo etc. Notar-se-á o cinza insistente como bruma temporal, como pó nos objetos. Não é objetivo pleitear a hipótese de região da vigília a salvo do sonho ou o contrário. Nem mesmo os impasses de se estar acordado ou dormindo. Nada disso nos importa. A vontade é pela evidência da mistura, que pode ser separada, mas que aparece de complexa disjunção, até mesmo indiscernível. A presença na imagem, na linguagem, do onírico, está na força mesma da expressão, restaria pouco ou nada sem ela. Andamos atrás é dessa lógica de continuidade, em que associamos por semelhança, contiguidade, causalidade, porém enredada em deslocamentos e condensações. Isso quer dizer que as imagens pesam, por condensarem as parecenças, ou rapidamente se livram da densidade, frustrando-nos a expectativa, sendo fáceis de carregar. Essa é a primeira edição do Novíssimos na nova galeria ao Jardim Botânico. Pudemos contemplar os percursos dos artistas, mas também tivemos a oportunidade de indicar trabalhos que nos pareceram exemplares de boa direção na proposta que nos foi submetida. Na vernissage será anunciado o artista que conosco fará uma individual.
Cesar Kiraly