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abril 12, 2017
Estofo por Luiza Baldan
SABE-SE LÁ DE ONDE VEM O FASCÍNIO PELO MAR. PÉROLAS, CONCHAS, SAMBAQUI.
DE IDOS TEMPOS, DE QUANDO A GUANABARA FOI SAVANA E O PÃO DE AÇÚCAR, ILHA.
O SILÊNCIO DAS CANHANHAS. SEMPRE OUÇO DA BAÍA UM VOZERÃO DE MULHER. É O SEIO DE ONDE BROTA O MAR.
RAINHA DOS ANJOS. A MARÉ QUE BAIXA E O FEDOR QUE SOBE.
QUASE SEM OXIGÊNIO. CADA VÃO DA PONTE É UM FOTOGRAMA. PLATAFORMAS DE PETRÓLEO COMPETEM COM AS MONTANHAS, SE SOMAM ÀS ESTRELAS.
GÉLIDOS DUTOS SUBMARINOS AFUGENTAM OS PEIXES.
O QUE PENSARÁ O MARUJO QUE DURANTE ANOS FOI FIEL ÀQUELA EMBARCAÇÃO FUNDEADA, QUE AGORA, ESQUECIDA NO NADA, QUER ARROLAR NO MAR?
A BAÍA SITIADA. SOMOS TODOS PESCADORES.
MUITAS ILHAS SE DESPRENDERAM DAS MONTANHAS EM BUSCA DA SOLIDÃO SALINA.
O ROSTO ESCULPIDO NA PEDRA. O MACIÇO COM O PERFIL DE NOEL.
OS SENTIDOS SENSÍVEIS SE ATENTAM AOS CHEIROS, AOS SONS, AOS DESENHOS DAS NUVENS RABO-DE-GALO. NAVEGAR POR HORAS A FIO POR UMA MESMA PAISAGEM EM ÁGUAS MOVEDIÇAS. A FUGA OCEÂNICA E AS LÍNGUAS SANITÁRIAS. LÍNGUAS ESTRIADAS, GEOGRÁFICAS. MANCHAS ESPARSAS, REDES ABANDONADAS, PESCA FANTASMA.
A ÁGUA PERTO DO OUVIDO, O OLHO N’ÁGUA. AS BOLHAS DE METANO QUE SALPICAM NA PELE. GÁS SULFÍDRICO, CORTINAS ACÚSTICAS.
A LETRA CAMBALEANTE COM O MOVIMENTO DO BARCO. O LIMITE DO QUE FICA FORA E DENTRO DO BARCO. A BOLHA DE METANO QUE SALPICA NA PELE.
SE ABRIR AO SILÊNCIO. MACACU É QUASE PAU-BRASIL.