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maio 8, 2016
Poéticas de uma Paisagem – Memória em Mutação por Bernardo Mosqueira
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(ao meu amor)
A obra de Alan Fontes apresenta como característica a pesquisa de aspectos ligados à arquitetura tanto no âmbito doméstico quanto no urbano. nesta exposição, Fontes articula esses dois interesses para investigar poeticamente a região no entorno do CCBB.
A cartografia produz instrumentos de análise capazes de auxiliar na localização de si ou dos outros em relação ao espaço. o artista partiu de imagens de satélite, de arquivo e produzidas em jornadas pela região, todas geradas em tempos distintos, para representar esse fragmento do centro do rio, expandindo de forma experimental a representação cartográfica e gerando uma obra atravessada não apenas por dados espaciais, mas também pela dimensão temporal, refletindo, assim, a constante transitoriedade da estrutura urbana.
Somado a isso, Fontes criou um ambiente de aparência doméstica composto por objetos encontrados nas ruas dessa região. A cor cinza com a qual foram revestidos os retira do campo dos objetos de uso prático e os transforma em um índice da vida privada. A justaposição do estudo sobre a cidade a partir do céu e dos arquivos com a investigação da existência cotidiana mais próxima das dores e paixões de quem vive na mesma região cria um palimpsesto de tempos e versões que dá visualidade para o fato de toda representação corresponder a uma ficção relacionada aos interesses ideológicos específicos de seu agente. Ademais, somos lembrados por Alan Fontes de que é preciso aprender constantemente formas originais de enxergar e de que tudo que há no mundo é capaz de produzir sentido para auxiliar a nos localizar no espaço e no tempo.
Bernardo Mosqueira
(ao meu amor)
Alan Fontes’s work is characterized by research into aspects linked to architecture in both the domestic and urban setting. In this exhibition, Fontes articulates these two interests to poetically investigate the region surrounding the CCBB.
cartography produces analytic tools that help one to locate oneself, or others, in relation to space. the artist began with satellite and archive images as well as photos he took on outings through the region, all taken at distinct times, to represent this fragment of downtown rio de Janeiro, experimentally expanding cartographic representation and generating a work involving not only spatial data, but also the temporal dimension, thus reflecting the constant transitoriness of the urban structure.
Fontes then went on to create an environment with a domestic look, composed of objects found in the streets of this region. the color gray with which they were covered removes them from the field of objects of practical use and transforms them into indices of private life. By considering the city as seen from the sky and in archive images, juxtaposing this to an investigation of daily existence closer to the pains and passions of those who live in the same region, this study creates a palimpsest of times and versions which underscore the fact that all representation corresponds to a fiction related to its agent’s specific ideological interests. Alan Fontes moreover reminds us of the need to constantly learn original ways of seeing, and that everything which exists in the world is able to produce meaning to help us ascertain our location in both space and time.
Bernardo Mosqueira