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fevereiro 9, 2016
A vida é a soma errada das verdades por David Cury
A vida é a soma errada das verdades
Conceitualmente, trata-se de uma paisagem cívica negativa.
Quinze sentenças acerca da história social e política brasileira são isoladas em lajes de cimento e ferro, em meio a escombros residuais.
Quer de senso metafórico, filosófico ou lírico, cada uma delas aspira à condição de aforismo sobre três das formas de violência incorporadas ao nosso cotidiano: a social (Matem a todos porque nem Deus nem o Estado reconhecerá os seus), a política (A ianque Dorothy Stang não voltou para casa) e a moral (Aqui o mal ao menos de impostura prescinde).
Contudo, trata-se aqui não de arte política, mas política da arte: o texto quer ser imagem e matéria. Esse híbrido de experiência sensível e mental é que deve contestar qualquer percepção unidimensional dos fatos — levando-os à contínua revisão e paradoxo, incerteza e crise.
No relacionamento entre a instalação e o público, tais “palavras de ordem” e seu comportamento escultórico devem implicar monumentos de aridez reflexiva.
David Cury, 2015