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outubro 4, 2015
19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul: Obras selecionadas
19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul: Obras selecionadas
BERNARDO JOSÉ DE SOUZA, BITU CASSUNDÉ, JOÃO LAIA, JÚLIA REBOUÇAS, SOLANGE FARKAS
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Vídeos, instalações, performances, fotografias, obras sonoras e esculturas compõem um panorama das visões de mundo e das questões que mobilizam, hoje, artistas de diferentes regiões do Sul geopolítico. Selecionadas a partir das respostas a uma convocatória aberta, elas desenham ora um cenário de crise, no qual se mostra urgente enfrentar questões políticas e sociais, ora um ambiente pós-utópico, para além da presença humana, ora as possibilidades de um novo engajamento do sujeito no mundo.
Diante de grandes mudanças globais que indicam uma dinâmica de transferência de poder de norte para sul e de oeste para leste, com países ditos periféricos amealhando poder político, e o colapso econômico ameaçando regiões tradicionalmente hegemônicas, em que medida ainda faz sentido falarmos em um Sul geopolítico?
Sem corresponder a uma série facilmente identificável de situações políticas, sociais, históricas e econômicas, o Sul global se reafirma como território imaginado, a partir do qual se tenta criar outra forma de produzir discursos sobre nosso mundo, que não passe pelas modalidades hegemônicas identificadas com o ocidente.
No contexto da arte contemporânea, os países desse eixo simbólico estão habitualmente ausentes das grandes narrativas consideradas fundadoras das práticas artísticas atuais. A circulação das contranarrativas que produzem enfrenta uma resistência histórica.
A seleção reunida aqui aponta questões que animam e movem, hoje, a produção artística do Sul. As obras selecionadas desenham três grandes cenários. O primeiro poderia ser definido pelo acirramento da ideia de crise. Enfrentar questões políticas e sociais – manifestas, sobretudo, na condição do sujeito e em sua relação com o outro – torna-se urgente.
Outras obras investigam um ambiente pós-utópico, para além da presença humana. O sujeito está ausente ou tornado objeto, as paisagens são desoladoras, e a relação com o tempo é ambígua. Narrativas históricas sobrepõem-se em camadas muitas vezes indistintas.
Um terceiro movimento anuncia possibilidades para um novo engajamento do sujeito no mundo. São diversas as obras que tratam da conexão do homem e da natureza, ou da natureza como um grande sistema de poder. O artista, aqui, atua de maneira performativa, colocando-se como agente desse entrelaçamento.
Entre obras em diferentes suportes e mídias, o vídeo e o filme aparecem como dispositivos relevantes em número e qualidade de proposições. Produzir imagem, em movimento ou não, instalada no espaço expositivo ou como proposta imersiva de cinema, segue sendo uma estratégia-chave para nosso tempo e nossa região.
19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Southern Panoramas: Selected works
BERNARDO JOSÉ DE SOUZA, BITU CASSUNDÉ, JOÃO LAIA, JÚLIA REBOUÇAS, SOLANGE FARKAS
Videos, installations, performances, photographs, sound pieces, and sculptures provide a panorama of the worldviews and issues that currently mobilize artists from various parts of the geopolitical South. Selected through an open call for entries, they outline either a crisis scenario where pressing political and social issues require addressing, a post-utopian environment beyond human presence, or the possibilities for a new engagement of the subject in the world.
In view of significant global changes that point to a shift in power dynamics from North to South and West to East, as purportedly outlying countries amass political power, and economic collapse threatens traditionally hegemonic areas, to what extent does it still make sense to speak of a geopolitical South?
Without corresponding to an easily identifiable set of political, social, historical, and economic situations, the global South reaffirms itself as an imagined territory, where attempts are being made to produce discourses about our world that do not involve the hegemonic modalities associated with the West.
Within the contemporary art context, countries in this symbolic axis are habitually absent from the encompassing narratives that are considered to underlie current art practices. The circulation of the counter-narratives they produce is met with historical resistance.
The selection featured here points to questions that animate and fuel art production in the South today. The selected works outline three broad scenarios. The first one could be defined through the growing idea of crisis. Addressing political and social issues—predominantly manifested in the subject’s condition and his or her relationship with the other—becomes a pressing need.
Other pieces explore a post-utopian environment that lies beyond human presence. The subject is absent or objectified, the landscapes are bleak, and the relationship with time is ambiguous. Historical narratives juxtapose into oft-indistinct layers.
A third set heralds the possibilities for a new engagement of the subject in the world. Several pieces address the man-nature connection or nature as a big system of power. Here, the artist operates performatively, presenting him or herself as an agent of this interweaving.
Amid artworks in different materials and media, video and film appear as relevant devices in number and quality of propositions. Producing image, in motion or otherwise, installed in the exhibition venue or presented as an immersive cinematic experience, remains a key strategy in our time and region.