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março 23, 2014
Somewhere In Time por Andrei Thomaz
Somewhere In Time
ANDREI THOMAZ
Somewhere In Time utiliza como matéria-prima legendas de filmes, das quais são extraídos textos e o momento em que são exibidos. Textos e horas são impressos em postais, que formam um painel de narrativas incipientes, sugerindo histórias que não se definem. Cada trecho de legenda que é exibido num determinado momento é tão curto que só lhe resta ser um tanto banal; é por esta razão que é possível ler o trabalho em qualquer direção e ter a impressão de que os textos fazem parte de uma narrativa coerente.
Estes postais também formam pilhas, podendo ser levados pelo público. No endereço impresso neles (http://andreithomaz.com/arte/somewhere/), nos deparamos com uma vasta grade contendo inúmeras "horas" diferentes. As "horas" representam o momento em que um diálogo do filme começa a ser exibido, e são extraídas das legendas carregadas no início do trabalho. Ao clicar em alguma das "horas", o espectador assiste a uma sequência de textos, exibidos na parte inferior da tela e centralizados de maneira parecida com a forma como as legendas são exibidas no cinema. Porém, não há nenhuma imagem; vê-se apenas os textos sobre um fundo negro. Os textos também são extraídos das legendas de filmes, sendo exibidos apenas os textos cujo momento de exibição é semelhante à "hora" selecionada pelo espectador.
Já em Jogo da Vida, são apresentadas dezenas de narrativas possíveis de ocorrerem no jogo de tabuleiro homônimo. Mesmo que o jogo utilize uma série de simplificações – todos os jogadores casam, todos terão filhos ao longo da partida, todos são heterossexuais -, a vasta gama de histórias que podem ser criadas ao longo do mesmo não deixa de ser fascinante. Ao exibir apenas os textos das casas do tabuleiro do jogo, na sequência em que são visitadas por um jogador, propomos ao espectador que preste atenção nas narrativas criadas pelo jogo, fruindo-o de maneira distinta da de um jogador preocupado com a vitória.