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janeiro 10, 2014
À primeira vista e Primeira paisagem por Marcelo Campos
À primeira vista
Curadoria de Brígida Baltar, Efrain Almeida, Marcelo Campos
À Primeira Vista, Artur Fidalgo Galeria, Rio de Janeiro, RJ - 24/01/2014 a 13/02/2014
A ideia central desta exposição é apresentar uma produção selecionada e acompanhada por Brígida Baltar, Efrain Almeida, Marcelo Campos. O processo de orientação, discussão, reflexão acontecera junto a um grupo de artistas que acompanhou um curso ministrado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Nos trabalhos, podemos perceber potencialidades diversas e diversificadas. O uso do vídeo, a pintura, o desenho, a escultura, a fotografia vêm agregar conceitos ao modos de agir diante do objeto e das imagens da arte. Ao mesmo tempo, esta será uma feliz oportunidade de percebermos poéticas ainda em formação, a aurora da criação, a força de uma premier, uma predição, uma possível destinação de bons caminhos. À primeira vista trata, assim, do frescor dos acontecimentos.
O fato de termos trabalhos vinculados a meio diversos enriquece a variedade de abordagens sobre assuntos múltiplos. Com isso, destacamos a recorrente citação da história da arte, a coragem no uso de imagens tradicionais. Ao mesmo tempo, os modos de impressão das imagens e o uso de cortes à laser, por exemplo, coadunam-se aos mais comezinhos recursos. A manufatura acentua-se tanto nas possibilidades de uso de meios e materiais simples como a argila, o arame, a colagem, o tecido quanto se apresenta nos recursos de edição dos vídeos. Os artistas nos fornecem a sensação de quebra ampla e irrestrita das hierarquias entre alta e baixa materialidade.
Em outra medida, a questão geracional abandona quaisquer contingências de faixa etária. O grupo apresenta-se com trabalhos recentes, ainda que as trajetórias individuais aconteçam em momentos diferentes da carreira, da vida e das pesquisas de cada artista.
Há, inegavelmente, uma retomada das questões relacionados ao corpo, na presença de performances, ações, no uso do retrato. Ao mesmo tempo, muitos trabalhos optam por certa ironia, por uma maneira mais livre, uma leveza no uso da imagem, nas citações, nos modos de registrar, editar, selecionar conceitos e visualidades. Ainda assim, enfrentam-se assuntos nodais como a hipocrisia da Classe Média, a sexualidade, a etnicidade, as categorias tradicionais da arte.
Acreditamos, assim, que um grupo heterogêneo em termos sociais e culturais possa congregar desejos, produzir novidades e nos conquistar à primeira vista.
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Efrain Almeida: Primeira paisagem
Efrain Almeida - A Primeira Paisagem, Armazém Fidalgo, Rio de Janeiro, RJ - 24/01/2014 a 13/02/2014
Primeira luz, primeira paisagem, o nascimento. Estes são os interesses que norteiam a escultura, onde o artista Efrain Almeida apresenta-nos a imagem da natividade, tão cara à história da arte cristã, mas, agora, destinada a um bestiário íntimo. Efrain observa filhotes de pássaros nidificados, à espera de proteção, de um vir-a-ser potente. Nascer, aqui, não se opõe ao morrer, mas, sim, à inatividade, à inação, à inércia, recusadas pelo primeiro grito por auxílio. Ao mesmo tempo, estamos diante das crueldades da primeira infância, as expectativas de filhotes com bicos abertos, as exigências auto-referentes, a observação voltada para cima como se dispostos a ler os prenúncios no ar.