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novembro 3, 2009
Comunicações Científicas em 27 de outubro, mesa relatada por Marília Sales
III Simpósio internacional de arte contemporânea do Paço das Artes
Comunicações Científicas em 27 de outubro
Relato realizado por Marília Sales
A mesa estava composta por Daniela Maura Ribeiro (Mestre em Artes, na linha de pesquisa História da Arte pela ECA/USP), por Santiago Rueda Fajardo (Doutor em História, Teoria e Crítica das Artes pela Universidade de Barcelona), Rubiane Vanessa Maia da Silva (Mestranda em Psicologia Institucional na UFES) e a mediação foi feita por Angela Santos (Paço das Artes). Na apresentação das pesquisas foi discutida a influência do contexto social contemporâneo na produção artística em diferentes meios e contextos.
A mesa inicia com a apresentação da pesquisa de Daniela Maura Ribeiro intitulada A ficção na imagem contemporânea (o retrato e o auto-retrato) que parte de idéias sobre o auto-retrato como gênero para pensar a questão da ficção na imagem contemporânea. A partir do auto-retrato pintado por Jacques-Louis David, em 1794, traz idéias sobre a produção de artistas contemporâneos como: Albano Afonso (2001), Helga S tein (2005) e do retrato realizado pelo artista norte-americano Keith Cottingham (1993) em analogia ao realizado por German Lorca (1958), fotógrafo.
Suas questões partem do ensaio Grotesco David com a bochecha inchada: um ensaio sobre o auto-retrato do teórico T.J. C lark sobre a prática do auto-retrato na pintura ocidental, como gênero de características específicas e o aumento do interesse no século XVIII pela subjetividade e a valorização da identidade.
Ribeiro acredita que nos séculos XX e XXI há uma perda de identidade na produção dos auto-retratos. À luz dessas idéias apresenta os trabalhos de auto-retrato dos artistas contemporâneos citados através do uso da fotografia e suas possibilidades de manipulação para realizar os auto-retratos. Ela acredita que a fotografia, mais que uma categoria com características próprias, dialoga com outras possibilidades artísticas, e agrega novas significações – transforma a noção de real e a realidade e a ficção ganham novas idéias.
Em seguida, Santiago Rueda Fajardo apresenta Los Mártires, os problemas das drogas na sociedade colombiana têm crescido nas últimas três décadas – humanos, ambientais, econômicos, políticos, militares e sociais. Ele acredita que o tema tenha aparecido pela primeira vez na fotografia ”Entierro de un colega” publicada por la Revista Ilustrada em 1900, e posteriormente em fotografias de Ernst Rothlisberger, Erwin Schottlaender e nas artes gráficas de Luis B. Ramos por conseqüência da força política no país.
Para Fajardo, apesar do aumento do consumo e da degradação humana pelas drogas, o interesse na imagem de denúncia e testemunho da tragédia tem diminuído. Embora cite alguns artistas que trabalham com essa problemática, ele acredita que a miséria e a doença da droga tem sido pouco discutido nas artes, em comparação aos problemas da corrupção política. E finaliza com a questão: Que coletividade, que desejos e que força representa o indigente? – usuários de drogas e moradores de ruas.
Rubiane Vanessa Maia da Silva apresenta sua pesquisa Encontros Partilhados que traz considerações sobre a contaminação entre Arte e Vida, um modo de pensar e produzir favorável à linhas de resistência de um mundo-crise. Para ilustrar sua fala, ela analisa o Studio Butterfly, de Virgínia de Medeiros apresentado em 2006 na 27° Bienal de São Paulo. A escolha partiu pela forma de criação em processo que lida com um universo temporal-espacial , e principalmente afetivo. Acredita que na arte essas misturas são mais intensas, arte e vida se diluem e torna um fluxo contínuo – artista, o público e o trabalho.
Silva apresenta o panorama da vida contemporânea e a tendência comum de aproximação aos trabalhos que tem como estratégias a alteridade e a referência à paisagens psicossociais da contemporaneidade. Para ela, novos tempos são construídos e oferecidos como dispositivos de relações. Acredita que o trabalho de Vírginia de Medeiros articula uma diálogo ético-político-estético que convoca novas corporeidades, uma forma de repensar uma política da vida que se afirme na potência da existir.