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agosto 11, 2005
Conversa de vernissage, por Juliana Monachesi
Conversa de vernissage
JULIANA MONACHESI
Sábado passado rolou a abertura da exposição do argentino Julio Grinblatt na galeria Baró Cruz. Eu fui. E bati o seguinte papo com o artista, que vive em Nova York desde 1997 e fala português muito bem, obrigado:
(Vai uma reprodução bem livre da conversa, de memória)
Este lugar aqui é o mesmo que o Gursky fotografou, não?
Não. Quer dizer, é, mas a fotografia dele é super manipulada, quase não sobra nada do que o lugar propriamente é. Se você puder colocar as imagens lado-a-lado depois, vai perceber isso.
(A foto do Andreas Gursky é de 1997 e tem o título "Times Square"; fui checar no "Art at the turn of the millennium", sem ter a imagem do Grinblatt ao lado, mas deu para perceber que o lugar é uma ficção)
Bem, mas que fotografia mostra algo como é?
Nenhuma. E isto é assim desde sempre, a imagem digital só deixou as pessoas mais conscientes do fato. A série Cielito Lindo trata disto; parte do pressuposto de que a ampliação mecânica é sempre uma invenção.
(Cielito Lindo são ampliações feitas a partir de um mesmo negativo, o registro de um céu azul. O artista leva o negativo a diferentes laboratórios em diversos países e pede que ampliem o céu mais bonito possível)
Estas fotografias (da série "Pasillos", entre as quais está a do prédio na Times Square) são do tamanho de um negativo quase; seu interesse é discutir o próprio meio?
Elas são um pouco maiores que um negativo. Mas meu interesse está sim no meio; por isso é que as imagens têm materialidade; com a desmaterialização da fotografia pelos meios digitais muita gente deixou de considerar que a fotografia tem um corpo.
(As imagens são pouco maiores do que um negativo, mas são ampliadas em um papel fotográfico com o triplo de seu tamanho, o que faz com que tenham uma "margem" branca maior do que a imagem em preto-e-branco; e são penduradas a uma pequena distância da parede, o que acentua sua materialidade)
A idéia de registrar estes espaços públicos de fluxo totalmente vazios tem relação com sua mudança para NY?
Eu comecei a série assim que me mudei, mas não foi nada programado; gosto de fotografar sem elaborar nenhum discurso prévio. Eu me dei conta de que estava focalizando estes espaços, anos depois, olhando dezenas de contatos. É assim que eu trabalho com a fotografia, como editor.
(Julio Grinblatt é desses artistas de absoluta honestidade com sua própria produção. Assim que sistematiza o que está fazendo, passa a fazer outra coisa; isto, claro, em séries de trabalho passíveis de serem feitas "sem saber" o que se está fazendo, o que seria impossível em "Cielito Lindo")
a reprodução da conversa "de memória" abre as dezenas de janelas da ficção/informação. lindo como vão se abrindo as cascatas estes pedaços de lembrança, misturados aos dados. ditos re-inventados, diálogo interdito. belo/possível trabalho jornalístico.
Posted by: Joana Regattieri at agosto 31, 2005 1:09 PMOlá amigos. Gostaria imensamente de estar em contato com a jornalista Juliana Monachesi. Seria possível que me passem o seu contato profissional de email. Saudações, Eduardo Fittipaldi
Posted by: Eduardo Fittipaldi at setembro 1, 2008 8:15 PMOlá amigos. Gostaria imensamente de estar em contato com a jornalista Juliana Monachesi. Seria possível que me passem o seu contato profissional de email. Saudações, Eduardo Fittipaldi
Posted by: Eduardo Fittipaldi at setembro 1, 2008 8:16 PM