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junho 13, 2019
Artista Sallisa Rosa cria Horta Mandioca na Pampulha, Belo Horizonte
Artista Sallisa Rosa, residente do Bolsa Pampulha, cria a Horta Mandioca. Natural de Goiânia (GO), ela foi selecionada, junto com outros 9 artistas, para residência artística em Belo Horizonte; seu trabalho propõe reflexão sobre arte ancestral.
15 de junho de 2019, sábado, das 8h às 17h
Museu de Arte da Pampulha
Av. Otacílio Negrão de Lima 16.585, Belo Horizonte, MG
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Com a temática Umuarama, no tupi “local ensolarado onde se encontram os amigos, lugar de descanso”, a artista Sallisa Rosa propõe a criação da Horta Mandioca, em terreno em frente ao Museu de Arte da Pampulha (Av. Otacílio Negrão de Lima, 16.585). “Entendo a mandioca como caminho artístico ancestral, como possibilidade de enraizar a cultura indígena na cidade. A mandioca é tecnologia indígena, e é também um ser encantado, que será cultivado coletivamente”, afirma.
A intervenção é resultado da residência artística promovida pela 7ª edição do Bolsa Pampulha, realizada pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, e pelo JACA - Centro de Arte e Tecnologia. O programa tem o propósito de estimular a produção e a pesquisa em artes visuais na capital mineira, contribuindo para o processo formativo da comunidade artística local e nacional.
Sallisa propõe duas grandes ações: o mutirão de plantio, no dia 15 de junho, e o de colheita, em setembro, ao fim de sua residência artística pelo Bolsa Pampulha. Nesse período vão ocorrer outras ações no espaço, como rodas de conversa e eventos artísticos culturais. Indígenas e comunidade poderão acompanhar o crescimento da mandioca. Na mureta que cerca o terreno, haverá um grafismo - sempre presente nos processos coletivos indígenas.
“Invocando o mundo da mandioca, será possível atuar de diversas maneiras com esse universo, que é de pensar a tradição da alimentação, a descolonização da alimentação, a cultura da farinha, do cultivo, e do pertencimento, de nós do território mandioca”, afirma Sallisa.
Natural de Goiânia (GO), Sallisa se dedica a investigações contemporâneas de imagens e temas que a atravessam, como a sua própria identidade, o universo feminino, futuro, ficção e descolonização. Seu trabalho se desenvolve a partir da fotografia de indígenas urbanos – uma investigação em torno da identidade nativa contemporânea.
Sobre Sallisa Rosa no Bolsa Pampulha - O que é ser indígena hoje? Recusando a imagem de povos indígenas congelados no tempo, assim como os tratamentos tradicionalmente atribuídos aos mesmos povos pelas artes visuais e a antropologia, os trabalhos de Sallisa Rosa se voltam à trajetória de indígenas urbanos em território brasileiro. A artista vive há quatro anos no Rio de Janeiro, em uma comunidade urbana formada por indígenas de diferentes origens, e lembra que não são os indígenas que estão nas cidades, mas as cidades, sim, se situam em territórios indígenas.
Artistas selecionados pelo Bolsa Pampulha - Dez artistas foram selecionados para o Bolsa Pampulha 2018/21019: Alex Oliveira (BA), Guerreiro do Divino Amor (RJ), David de Jesus do Nascimento (MG), Dayane Tropikaos (MG), Gê Viana (MA), Sallisa Rosa (GO), Sara Lana (MG), Simone Cortezão (MG), Ventura Profana (BA) e Desali (MG). Saiba mais sobre cada um aqui: https://www.bolsapampulha.art.br/portfolio/bolsistas/.
Durante o período da residência artística, ao longo deste ano, serão realizadas ações regulares, abertas ao público e gratuitas. A próxima é no dia 7 de julho o Bolsa Pampulha terá a presença da artista convidada Rosângela Rennó. Ela formou-se em Artes Plásticas pela Escola Guignard e em Arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais e é doutora em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Sua obra é marcada por apropriação de imagens descartadas, encontradas em mercados de pulgas e feiras, e pela investigação das relações entre memória e esquecimento. Em suas fotografias, objetos, vídeos ou instalações, trabalha com álbuns de família e imagens obtidas em arquivos públicos ou privados. Dedica-se também à criação de livros autorais.
Já em 28 de julho é a vez da artista, curadora e pesquisadora Mônica Hoff. Ela é co-fundadora do Espaço Embarcação, em Florianópolis. É Mestre em História, Teoria e Crítica de Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atualmente cursa doutorado em Processos Artísticos Contemporâneos no PPGAV/UDESC. Entre 2006 e 2014, coordenou o programa educativo e as atividades públicas da Bienal do Mercosul, atuando como curadora adjunta na nona edição do evento, em 2013. Desde 2014, realiza, com a curadora Fernanda Albuquerque, o Laboratório de Curadoria, Arte e Educação. Em 2018, em parceria a curadora Kamilla Nunes, organizou outros dois projetos: Escola Extraordinária e La Grupa.
As palestras são seguidas de bate-papo e ocorrem no Museu de Arte da Pampulha, sempre aos domingos, de 15h às 17h, com entrada gratuita.
Francisca Caporali, diretora do JA.CA, conta que foi proposto para esta edição do Bolsa Pampulha um processo no qual profissionais mulheres foram convidadas para compor a comissão de seleção e de acompanhamento, e elas selecionaram um grupo que trata também de diferentes protagonismos e urgências de representatividade e identidade. “Desejamos que exista um convívio desses artistas com outros agentes da cidade e trabalhamos para a construção dessas redes. Estamos encantados com o grupo de artistas selecionados e as importantes discussões com as artistas convidadas e a comissão de seleção”, afirma Francisca.
"O programa é um dos projetos mais importantes da Fundação Municipal de Cultura. Realizado no Museu de Arte da Pampulha, é pioneiro em residências artísticas no Brasil. Trata-se de um programa de formação que propicia aos artistas um apoio financeiro para o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos artísticos, com um acompanhamento de pesquisadores de trajetória reconhecida na área. De caráter experimental, o programa cria diálogos entre curadores e artistas, deslocando-os de seus contextos, trazendo para Minas Gerais discussões e reflexões sobre o que existe de mais atual em Arte Contemporânea brasileira”, afirma Fabiola Moulin, presidente da Fundação Municipal de Cultura.
Bolsa Pampulha - O Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte teve sua origem nos anos 1930 e, ao longo de oito décadas de existência, sempre com periodicidade bienal, foi se modificando. Em 2003, seu modelo foi transformado no Programa Bolsa Pampulha. Foi criado por Adriano Pedrosa, quando curador do Museu de Arte da Pampulha. Está é a sua 7ª edição. Desde a sua criação, tornou-se referência, projetando diversos nomes nacional e internacionalmente, como Cinthia Marcelle, Paulo Nazareth, Marilá Dardot, Janaína Wagner, Rafael RG, Marcellvs L, entre outros.
Sobre o JA.CA - Centro de Arte e Tecnologia: É uma Organização da Sociedade Civil que realiza pesquisas, projetos e experimentações artísticas em seu espaço no Jardim Canadá, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e em outras localidades e instituições parceiras. A organização iniciou suas atividades, em 2010, como um projeto de residências artísticas internacionais, sendo consolidada e constituída formalmente como associação civil sem fins lucrativos, com objetivos de promoção e disseminação da cultura e da arte, no início de 2013. Desde sua fundação executa e gere projetos que se alinham em dois principais eixos: atividade de formação e educação em artes; e pesquisas em arquitetura, urbanismo e design. É responsável, desde 2018, pelo Programa Educativo do Centro Cultural Banco do Brasil em suas quatro sedes (Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo). A Organização da Sociedade Civil JA.CA Centro de Arte e Tecnologia foi selecionada pela Prefeitura de Belo Horizonte por meio de edital, lançado em julho de 2018, para atuar como parceira na produção do 33º Salão Nacional de Arte / 7º edição da Bolsa Pampulha, no Museu de Arte da Pampulha.