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setembro 28, 2020
Mostra online de Aldo Tambellini na Casanova
Casanova abre a primeira mostra online do artista Aldo Tambellini: Depois de uma sala solo na Tate Modern, em Londres, o artista experimental mostra um conjunto de obras exclusivas e inéditas
Aldo Tambellini é um artista americano-italiano, reconhecido internacionalmente por um trabalho pioneiro que explorou as novas tecnologias da década de 1960, combinando slides, fotografias, filmes e também pintura, áudio, arte cinética e performance.
Conversa ao vivo com a curadora Jane de Almeida e o galerista Adriano Casanova, no sábado, 3 de outubro de 2020, às 11h, no online.casanovaarte.com/live.
A exposição “No princípio era tudo negro”, realizada online, apresenta obras inéditas de Tambellini no Brasil, com grande variedade de mídias e elementos a serem explorados por uma audiência que vê pela primeira vez o conjunto pulsante da uma obra singular. Juntamente com esse acervo, proveniente da Harvard Filme Archive, mostra também cartões postais e cartas, apresentando internacionalmente uma relação pouco conhecida de Tambellini com São Paulo.
Nos últimos anos, Aldo Tambellini tem exibido seus trabalhos em importantes centros como a Tate Modern (2012 e 2020), MoMA (2013), ZKM (2020), Centre Georges Pompidou (2012) e a Bienal de Veneza (2015). Este reconhecimento recente reflete suas obras pioneiras no cenário artístico de Nova York durante 1950 e 1960, com peças dedicadas ao ativismo político e preocupações filosóficas sobre a comunidade artística.
Nesta exposição, produzida em parceria com a Fundação Tambellini e A galeria CASANOVA, estão sendo exibidos os filmes da série Black (1965-1969), bem como um conjunto de obras fotográficas e áudio-poemas, agrupados online para uma visão geral do trabalho prolífico do artista.
Tambellini interveio nos filmes em sua fisicalidade, para discutir a materialidade do meio, raspando a película e usando química e tinta para repintar os quadros. Partindo de questões filosóficas sobre a matéria negra, sua produção artística encontra um forte ativismo político do movimento negro com as vozes de manifestações dos anos 60 nos Estados Unidos. Seus filmes combinam sons variados como uma bateria africana e comentários sobre o assassinato de Bobby Kennedy, além de imagens abstratas de rostos de políticos e negros, além de imagens de televisão. O espectador se surpreenderá com a atualidade temática e visual de seus métodos na década de 1960, como o racismo, protestos, telas divididas, projeções com múltiplas telas. No entanto, as composições inquietantes de abstrações imagéticas e sonoras conferem à sua obra uma potência que transpõe a curiosidade histórica.
Acima de tudo, há uma referência importante nas obras de Tambellini: a junção do conceito de preto em diferentes nuances – o preto do racismo, o preto como um princípio da física atômica e o preto como o início da civilização humana. Os negativos e as imagens do filme articulam diferentes formas de abstração obsessiva do preto, evidenciando aquilo que Tambellini afirma a respeito de seus filmes como “pinturas em movimento”.
Além dos filmes, serão exibidas duas séries de fotografias abstratas, chamadas Videogramas e Lumagramas, trabalhos feitos com impressão direta da tela de vídeo sem uso de câmera. A exposição terá ainda o privilégio de apresentar as cartas e cartões postais do período em que Tambellini viveu em São Paulo, com vívida introspecção sobre a cultura de seus antepassados brasileiros. Seu avô paterno italiano, Paul, foi um plantador de café em São Paulo, local onde nasceu seu pai John. Em 1983, após a sua apresentação na Bienal de São Paulo, como representante do MIT (Massachusetts Institute of Technology), Aldo Tambellini explorou a região e escreveu cartas para sua companheira da época relatando as cores, os sons, as sensações que vivenciou nessa ocasião, assim como seus encontros artísticos com os pioneiros da arte “eletrônica” da época no Brasil.
A mostra estará disponível online de setembro até o final de dezembro de 2020. Durante este período, será atualizada com uma série de entrevistas em vídeo com curadores, e uma conversa especial ao vivo com a curadora Jane de Almeida e o galerista Adriano Casanova, no sábado, 3 de outubro de 2020, às 11h, no online.casanovaarte.com/live.