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setembro 9, 2019
Linhas de força – Superfícies em transe na Referência, Brasília
Linhas de força – Superfícies em transe chega à Referência Galeria de Arte
Mostra coletiva de nove artistas mulheres que trabalham com diversos suportes e linguagens ocupará os dois andares da galeria
A partir do próximo dia 10 de setembro, às 17h, a Referência Galeria de Arte apresenta a continuação da mostra Linhas de força – Superfícies em transe, que reúne as obras de nove artistas mulheres que produzem e/ou residem em Brasília. Participam da mostra Adriana Vignoli, Alice Lara, Bruna Neiva, Luciana Paiva, Karina Dias, Patrícia Bagniewski, Raquel Nava, Yana Tamayo e Zuleika de Souza. Artistas de gerações diferentes, trazem para a galeria obras em diversas linguagens e suportes como a pintura, a escultura, a videoinstalação, a fotografia, a performance e a escultura. No dia da abertura, as artistas falarão ao público sobre seus trabalhos, suas linhas de pesquisa de matérias e linguagens e modos de produção. A mostra fica em cartaz até o dia 4 de outubro, com visitação de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A Referências Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 – Subsolo, Asa Norte, Brasília-DF. Telefone: (61) 3961-3501
“A multiplicidade de linguagens e suportes é uma das características desta mostra. A outra, o tema sobre o qual cada artista se debruça: meio-ambiente, direitos dos animais, direitos humanos, arquitetura, tempo, memória, deslocamento, arte”, explica a galerista e curadora da mostra Onice Moraes. Trata-se de um recorte importante da produção de artistas mulheres de Brasília. “São artistas de gerações e trajetórias diversas e produções reconhecidamente relevantes, com obras em acervos de museus nacionais e internacionais e em importantes coleções privadas”, completa.
Parte da mostra “Linhas de força – Superfícies em tensão” foi apresentada em agosto passado durante a ocupação da Referência Galeria de Arte na Galeria Casa. Nesta continuação da exposição, algumas obras foram substituídas e outras acrescidas. “Como são dois espaços expositivos diferentes, a montagem teve de ser repensada”, afirma Onice. Além disso, várias obras foram vendidas, levando a uma reorganização da mostra. “O público poderá observar que os trabalhos ganham um outro olhar a partir do espaço em que estão inseridos”, completa a galerista.
Conversa com o público
No dia 10 de setembro, às 19h, as artistas Adriana Vignoli, Bruna Neiva, Karina Dias, Patrícia Bagniewski, Yana Tamayo e Zuleika de Souza conversam com o público e realizam uma visita à mostra. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.
Sobras as artistas e suas produções
Adriana Vignoli apresenta trabalhos que tratam de suas relações com a arquitetura, a natureza e a materialidade. Graduada em Arquitetura e mestrado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília. Entre 2013 e 2014, morou em Berlim e expôs na Nassauischer Kunstverein de Wiesbaden, no Pavilhão na Milchhof, Berlim, e na Hochschule für Bildende Künste Dresden (Faculdade Técnica em Artes Visuais de Dresden). Adriana apresenta na Ocupação 6 com a Referência obras em desenho sobre pedra e escultura em concreto, vidro, terra e borracha. “Utilizo o desenho como meio de pensamento sobre o objeto no tempo e no espaço. O uso do grafite revela o tempo e o espaço pela maneira em que o esforço da linha e também na colagem feita da reconfiguração de fragmentos de desenho figurativo de pedras paleolíticas”, diz Adriana.
Alice Lara pesquisa sobre a linguagem da pintura acerca da condição do animal-não-humano. “Penso também sobre as relações que a humanidade estabelece com eles. Relações essas transitantes entre sentimentos dispares como curiosidade, interesse, amor e desprezo. Para mostrar essa realidade me inspiro em histórias, relatos e vivências pessoais, buscando traduzir a condição animalesca, em sua diversidade, complexidade e mistério”, afirma a artista. “Animais são minha obsessão temática. Sempre lanço um olhar para nossos misteriosos companheiros sobre a Terra, e espero na reciprocidade um entendimento desta relação cuja alteridade é distintiva tanto para eles como para a humanidade”, completa. Nascida em Brasília, em 1987, cidade onde fez sua formação em Artes Visuais em licenciatura e bacharelado. Atualmente, faz mestrado em Artes Visuais na Universidade de São Paulo (USP).
Bruna Neiva é artista visual, pesquisadora em arte e produtora cultural. Possui mestrado na linha de Poéticas Contemporâneas do Instituto de Artes pela Universidade de Brasília, onde desenvolveu sua pesquisa em arte contemporânea, linguagem e memória, voltada para a fotografia e performance. O trabalho de Bruna Neiva transita pela performance e tem a fotografia como suporte para suas ações. Nas obras presentes na mostra - "Terra inscrita" e "não te moves de ti #3" -, Bruna se reporta à inconcretude da realidade e à solidez do sonho como matérias poéticas. A artista constrói nesses trabalhos à força inscrições em um espaço, pensando o corpo como território.
Artista visual e professora do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, Karina Dias atua na graduação e pós-graduação. Pós-doutora em Poéticas Contemporâneas (UnB), Doutora em Artes pela Université Paris I – Panthéon Sorbonne. Trabalha com vídeo e intervenção urbana, expondo no Brasil e no exterior. É autora do livro “Entre visão e invisão: paisagem (por uma experiência da paisagem no cotidiano)”. Coordena o grupo de pesquisa vaga-mundo: poéticas nômades (CNPq). Para a mostra na Referência, Karina apresenta dois vídeos “L’air de montagne”, 2016, e “(a)cordada”, 2013-2014, além de 15 fotografias da série “Diário de bordo “, 2013-2016.
Luciana Paiva é artista visual, vive e trabalha em Brasília. É doutora em Artes pela Universidade de Brasília com a tese: “Frente-verso-vasto: por uma topografia da página” (2018) orientada por Karina Dias. Cursou o Programa Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 2011 e participou do Rumos de Artes Visuais 2011-2013. É uma das artistas indicadas ao prêmio PIPA 2019 e também foi selecionada para o programa de exposições do Centro Cultural São Paulo deste mesmo ano. Foi uma das artistas premiadas no II Salão Mestre D'Armas em Planaltina -DF. Em sua produção investiga as relações entre escrita e espaço a partir de mídias e materiais diversos, com principal interesse pelo uso dos elementos da escrita (livros, páginas e letras) como matéria. Na mostra “Linhas de força – Superfícies em transe”, Luciana apresenta as obras “Vértice n2” e “Dobra”, onde recortes de papel, madeira, acrílico. “A série “Vértice” parte da minha pesquisa sobre os elementos visuais que compõe os espaços da escrita. As peças realizadas nesta série propõem-se como páginas a serem contempladas”, informa a artista.
Patrícia Bagniewski é formada em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB). ”Durante o período que estudei lá, tranquei a faculdade e fui morar em Londres, onde fiz meus primeiros cursos com o material vidro, que é o material principal que trabalho”, afirma a artista. Apaixonada pelo material, fez workshops, cursos e estágios em fábricas de vidro soprado na Grã-Bretanha, na Suécia, no Brasil e no Japão, onde fez mestrado para continuar com suas pesquisas. O conceito presente nas peças criadas em vidro pela artista joga com a dicotomia da leveza, da dança do olhar durante o processo de produção, o sopro que dá forma ao objeto. Sua produção é equivalente a um parto. A areia, material não transparente, se transforma num líquido que deve ser soprado, que precisa de muito calor. É um trabalho físico difícil. Requer força, tanto física quanto mental, ritmo e disciplina. É um material que instiga a artista visual por ser antagônico, porque ele brinca com os olhos, ao mesmo tempo permite a visão através da matéria e prende o olhar no objeto. Ele é frágil, duro e resistente.
Raquel Nava investiga o ciclo da matéria orgânica e da inorgânica em relação aos desejos e hábitos culturais, usando taxidermia e restos biológicos de animais justapostos à materiais industrializados em suas instalações, objetos e fotografias. A variação cromática com a qual trabalha nos objetos e fotografias, se aproxima da paleta utilizada na sua produção de pintura. A diversidade de sua produção está nos experimentos com técnicas e materiais, mas sempre surge uma referência aos órgãos ou aos organismos. Formada em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (2007), obteve título de mestre em Poéticas Contemporâneas pela mesma instituição (bolsa Capes 2010-12) e foi aluna da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires (2005). Expõe com regularidade desde 2006, tendo realizado mostras no Brasil e exterior. Indicada ao Prêmio Pipa 2018 e ao 7º Prêmio Industria Nacional Marcantonio Vilaça 2019.
Yana Tamayo é artista visual, educadora e curadora independente. É sócia-fundadora da Nave, espaço autônomo de arte onde desenvolve projetos de pesquisa e formação em arte, curadoria e execução de exposições. Doutora em Arte na linha de pesquisa Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília - UnB [2015], é mestre pela mesma instituição e linha de pesquisa [2009] e especialista pela Universidad Complutense de Madrid [2006]. Desde 2015 coordena na Nave um grupo de estudos por ano fazendo acompanhamento de projetos artísticos, o Laboratório. Desde abril de 2018 é coordenadora local do Programa CCBB Educativo – Arte e Educação no CCBB Brasília. Vive e trabalha em Brasília. Para a mostra “Linhas de força – Superfícies em transe”, Yana apresenta “Terra Nullius (As margens da alegria)” em que propõe um diálogo poético entre memórias de palavras e de imagens que de alguma forma conectem histórias de fundação e narrativas divergentes sobre os mesmos fatos: a ocupação do território central brasileiro. A partir da coleta de palavras presentes em histórias dos nomes de cidades localizadas nas fronteiras do estado do Tocantins – acessíveis no banco de dados do IBGE – e do conto “As Margens da Alegria”, de Guimarães Rosa, propõe um emaranhado-poema que possa ser escrito e reescrito por quem se depara com o trabalho.
Zuleika de Souza é fotojornalista com passagens por importantes veículos nacionais como o Correio Braziliense, as revistas Veja, IstoÉ, Senhor, Manchete, Vogue, Casa Cláudia, entre outros. Participou de publicações como “Processo constituinte” e “100 fotógrafos fotografam o Brasil nos 500 anos”. Realizou sua primeira exposição individual no CCBB Brasília com a mostra “Chão de flores”, onde abordou a arquitetural vernacular de uma Brasília pouco conhecida. Em 2016, apresentou a mostra “Entrequadras”, na Galeria Alfinete, e em 2018, “W3-divergentes Brasílias”, no Espaço Renato Russo. Nesta mostra, Zuleika apresenta sua mais recente série de fotografias-objetos que abordam a fragilidade das memórias, assim como os bibelôs. “Sou uma colecionadora de imagens, memórias e objetos. Estou sempre tentando fazer inventários de lembranças”, afirma.