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junho 26, 2019
Ernesto Neto: Ativação da obra - ARA | Yube, Awá le jó - Movimento é Vida na Pinacoteca, São Paulo
ARA | Yube, Awá le jó - Movimento é Vida
Ara em Tupi significa tempo, espaço, céu, claridade e dia, em Iorubá significa corpo e em português o ato de arejar a terra. O encontro trata das relações do corpo com a terra. ‘Yube’ significa jibóia e ‘Awa le jó’ (Nós podemos dançar) em Yorubá. O ciclo terá um encontro de dança que permite através do movimento do corpo a percepção do encontro entre os povos, as semelhanças das danças sagradas indígenas com o xirê dos orixás. Dança da cura pela identidade.
29 de junho de 2019, sábado, das 11h às 17h
Pinacoteca de São Paulo - Octógono
Praça da Luz 2, Centro, São Paulo, SP
APRESENTAÇÃO
A obra de Ernesto Neto envolve um constante imaginar outras possibilidades de estar no mundo, outros modos de convivência entre as pessoas e delas com o ambiente, a natureza, a espiritualidade. Neste sentido, suas instalações mais recentes têm sido concebidas para acolher celebrações coletivas em reverência à essas esferas a partir de saberes ancestrais.
A instalação inédita Cura Bra Cura Té, concebida por ele especialmente para o Octógono da Pinacoteca, faz referências às diversas culturas que moldaram o Brasil. Essa traz como elemento central uma peça de madeira de três metros de altura, semelhante à um tronco, instrumento oficial de tortura, que simboliza um sistema escravocrata contemporâneo encoberto que, segundo o artista, ainda rege a estrutura econômica nacional e internacional.
Uma de suas extremidades tem como “raiz” um tapete com o mapa territorial do Brasil, rodeado de cores que aludem à mestiçagem nacional. O tronco, oco, foi preenchido por mercadorias que tem sido protagonistas da economia brasileira ao longo da história (açúcar, café, ouro, soja). Suspensa sobre a outra extremidade do tronco, há uma “copa” de crochê em formato de gota carregada de folhas curativas provenientes de culturas indígenas e afro-brasileiras.
Ao longo do período expositivo, o artista propõe uma ativação da obra por meio de quatro ciclos que incluem um “banho”, momento no qual o tronco é envolvido pela gota simulando uma cópula – a fusão entre feminino e masculino – assegurando aos participantes uma restauração energética. Após o ato, o tronco é cortado. Até o fim da exposição, este será eliminado totalmente.
Este corte carrega uma intenção de cura individual, coletiva e histórica, ao fazer referência aos processos de violência e espoliação vividos no país por séculos. Essa cura se vale primordialmente do reconhecimento e do respeito à sabedoria dos povos tradicionais africanos e indígenas.
Todos estão convidados a participar.
PROGRAMAÇÃO
11:00h – Meditação com Grupo Cachuera
11:45h – Banho - movimento da obra
12:00h – Fala sobre Alimentação com Maria Nascimento + Almoço com EBÉ
14:00h – Fala Naine Terena
15:00h - Cura Adriana Aragão
16:00h – Cura Daiara Tukano
17:00h – Corte - Fechamento
MENU
Menu do Pará – Raízes amazônicas
Convidada: Maria do Socorro
Prato do dia R$ 20.00
Chibé (Angu de farinha de mandioca com tucupi com vegetais variados, folhas e coentro)
Chips de mandioca
Bebida R$ 7.00
Suco de cupuaçu com hortelã
Sobremesa R$5.00
Açaí com farinha de tapioca
Melado de cana a parte.
Combo: Prato do dia + Bebida + Sobremesa = R$ 30.00
PARTICIPANTES
EBÉ - Escola Brasileira de EcoGastronomia
Escola formada por Daniela Lisboa, especialista em Economia Solidária e Escolas de Alimentação Viva; Cassia Cazita, que tem em experiência em movimentos de ocupação cultural e de rua e Fabiana Sanches, ligada à Articulação Agroecológica e militante do movimento Slow Food. O encontro resultou em projetos como o Convívio Slow Food ComoComo, a primeira grande Campanha de Combate ao Desperdício de Alimentos e o Festival Disco Xêpa 2014. A Ebé desenvolveu um cardápio especial — em parceria com agricultores locais, nutricionistas e chefs indígenas e de origem africana — para o almoço disponível aos participantes da ação.
R$ 20 por pessoa.
ADRIANA ARAGÃO
Percussionista, vocalista, compositora, arranjadora e pesquisadora da cultura do Candomblé. Sua influência musical vem da família e da própria religião. Yátébèse (Mãe que faz as súplicas - aquela que executa os cânticos), desde pequena tem a permissão para tocar os Tambores Sagrados. Uma das fundadoras do Bloco Afro Ilú Obá de Min. Atualmente faz parte do naipe de cantoras e ministra cursos de Dança e Toque dos Orixá em espaços culturais e Sesc. Atua como cantora e percussionista no musical da Cia de Teatro São Jorge variedades. É mestra regente do Bloco Agora vai e percussionista do Bloco Queen Magia. Possui graduação em Musicoterapia pela faculdade Paulista de Artes. Pós graduação em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP).
DAIARA TUKANO
É artista plástica, mestre em direitos humanos pela universidade de brasília e coordenadora da Rádio Yandê, primeira rádioweb indígena do brasil. Ativista indígena trabalha com comunicação independente, abordando a questão da defesa dos direitos humanos e dos povos indígenas. Pesquisadora em educação em direitos humanos e cultura de paz se foca sobre o direito à verdade e à memória dos povos indígenas. Pintora e desenhista seus trabalhos abordam aspectos culturais de seu povo Tukano Yépá Mahsã, a resistência indígena, as mulheres e o fortalecimento das identidades indígenas.
MARIA DO SOCORRO ALMEIDA NASCIMENTO
É chef de cozinha em São Paulo. Nascida em Abaetetuba, pequena cidade do norte do Pará, cresceu entre barcos, igarapés, rios, açaizeiros, brinquedos de Miriti, o som do carimbó, além dos cheiros, sabores e temperos da rica culinária paraense. Hoje, além do forte ativismo que desenvolve através da gastronomia pela preservação do hábito alimentar dos ribeirinhos da Amazônia, se tornou empresária e educadora. Como empresária fornece produtos oriundos da sociobiodiversidade amazônica em São Paulo, em sua maioria de economia feminina e, como educadora, compartilha conhecimentos sobre Segurança e Qualidade e Cozinha Brasileira na Escola Gastronomia Periférica localizada no Capão Redondo também em São Paulo.
NAINE TENENA DE JESUS
Docente na Faculdade Católica de Mato Grosso, Arte educadora, realiza diversas ações de visibilidade e apoio aos povos indígenas do Brasil. coordenou o livro Povos indígenas do Brasil: Perspectiva no fortalecimento de lutas e combate ao preconceito por meio do audiovisual, lançado em 2018. Foi palestrante da Verbier Art Summit 2019, participou dos dias de estudos e produziu "Quem roubou essas memórias" no livro da 29º Bienal de SP. Foi da equipe de curadoria da 1º e Exposição Terra e resistência, no Museu de Cultura Popular de MT e curadora da exposição "Os donos do Rio", do fotógrafo Téo Miranda (2017); Participou da 2º Edição da Exposição Terra e Resistência, com a instalação Corpos Midiáticos - a violência contra a mulher no campo. Criou a videoinstalação 'Câmera de Segurança' para o Colóquio de Cinema e Arte da América Latina e tambpem ativada na Jornada da Reforma Agrária 2018. É doutora em educação, mestre em artes, comunicóloga.
GRUPO CACHUERA
Dedicam-se à valorização, manutenção e divulgação da cultura brasileira e da oralidade como forma de resistência ao abafamento e silenciamento das vozes das tradições populares pelo modo de vida capitalista. Inspirado no repertório e fundamentos compartilhados com as comunidades de tambor da região sudeste (Jongos e Batuques de umbigada), o grupo propõem a experimentação das manifestações buscando construir para si um espaço artístico singular, com um repertório próprio de composições e arranjos musicais dentro dos gêneros tradicionais. O trabalho tem como princípio sensibilizar e despertar novos contornos e vivências para pensarmos as relações afetivas e práticas coletivas da vida contemporânea. O encontro tem roteiro firmado nos elementos da fogueira, do tambor e da prática coletiva de cantar, tocar, dançar e compartilhar histórias.
Próximo ciclo: 13.07
Programação de cada ciclo será divulgada na semana anterior.
Ernesto Neto - Sopro, Pinacoteca de São Paulo - 31/03/2019 a 15/07/2019