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maio 25, 2019

Bárbara Wagner & Benjamin de Burca na Bienal de Veneza, Itália

Para a representação oficial do Brasil na Biennale Arte 2019, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca apresentam uma instalação em torno de novo filme comissionado para a ocasião. A mostra tem curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro e é organizada pela Fundação Bienal de São Paulo

Entre maio e novembro de 2019, as duas salas do Pavilhão do Brasil no Giardini della Biennale em Veneza estarão ocupadas por uma exposição criada em torno do filme inédito Swinguerra. O mais recente projeto do duo Bárbara Wagner & Benjamin de Burca (Brasília, 1980 / Munique, 1975) teve sua produção iniciada a partir do convite de Gabriel Pérez-Barreiro, apontado como curador pela Fundação Bienal, para realizar uma exposição individual como a representação oficial do Brasil na mais antiga bienal do mundo. A mostra será composta de uma videoinstalação em dois canais do filme comissionado para a ocasião e, na sala menor, uma seleção de retratos dos participantes do novo trabalho, de forma que todo o Pavilhão irá refletir, em duas mídias diferentes, a mesma obra.

Embora sua realização tenha tido início no final de 2018, Swinguerra vem sendo gestado desde 2015, quando, durante a produção de sua primeira obra em audiovisual, Faz que vai (2015), a dupla teve contato com a swingueira. Nesse fenômeno cultural recifense, grupos de dança de 10 a 50 pessoas treinam rigorosamente para se apresentar em competições anuais. “A swingueira é uma espécie de atualização de um conjunto de tradições como a quadrilha, a escola de samba e o trio elétrico, praticada de forma autônoma e independente por jovens que se encontram regularmente em quadras esportivas na periferia do Recife”, explica Bárbara Wagner. “É um fenômeno que nasce da necessidade de integração social, passa pela experiência de identidade e chega ao palco e ao Instagram como uma forma de espetáculo alimentado pelo mainstream, mas que sobrevive absolutamente fora dele”, adiciona.

Assim como nas obras anteriores do duo, Swinguerra toma a forma híbrida de um documentário musical que cria um espaço ambíguo na medida em que as dimensões ficcionais e documentais se encontram, instaurando um terceiro território de linguagem. Fruto de uma prática colaborativa e horizontal com os retratados, o filme acompanha ensaios de três grupos de dança: um de swingueira; outro de brega, movimento já abordado pelo duo no filme Estás vendo coisas (2016), comissionado pela Fundação Bienal para a 32ª Bienal de São Paulo; e um de batidão do maloka, fenômeno surgido em 2018. “Os artistas presentes em nossos filmes são pessoas que conhecemos de perto e com quem colaboramos para os desenhos de roteiro. Nas filmagens, diante da câmera, eles performam a si mesmos, pois é esse tipo de conhecimento trazido no corpo que queremos analisar junto com eles”, afirma a artista.

“Swinguerra apresenta um panorama profundo e empático da cultura brasileira contemporânea, em um momento de significativa tensão política e social. Os corpos predominantemente negros na tela (muitos deles de gênero não binário) estão de muitas formas no centro de disputas contemporâneas sobre visibilidade, direito e autorrepresentação”, afirma o curador Gabriel Pérez-Barreiro. Como nos demais filmes do duo, questões de gênero, raça, poder e classe são abordadas de forma complexa, sem tomadas de posição simplistas ou reducionismos por parte dos artistas. Os fluxos econômicos que acompanham o surgimento desses fenômenos culturais, assim como os conflitos pessoais enfrentados pelos dançarinos, perpassam o filme, No entanto, eles não configuram a narrativa, mas sim constituem o pano de fundo daquilo que é comunicado pelos corpos em cena, seus movimentos e a tradição de que compartilham.

A realização de um catálogo em formato tradicional, que tem acompanhado as últimas representações oficiais do Brasil nas Bienais de Veneza, será substituída, neste ano, por uma publicação de arte que irá apoiar o projeto de forma mais direta: um cartaz realizado em linguagem semelhante à adotada para divulgação cinematográfica, com 48 × 68 cm, bilíngue, com tiragem de 10 mil exemplares.

Posted by Patricia Canetti at 11:21 AM