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junho 22, 2018
Martha Niklaus no Paço Imperial, Rio de Janeiro
A exposição Histórias de peixes, iscas e anzóis reúne, pela primeira vez, uma seleção de obras da artista carioca Martha Niklaus realizadas entre 1993 e 2018. Com curadoria de Paula Terra-Neale, serão mostradas esculturas, vídeos, fotografias, objetos e instalações de diferentes projetos - Livro, Capturas, Rosáceas, Histórias ilustradas de peixes, iscas e anzóis, Bandeira de Farrapos, Choque de Cores, Horizonte Negro e Azul. Histórias de peixes, iscas e anzóis fica em cartaz no Paço Imperial de 28 de junho a 26 de agosto (terça a domingo).
“As obras falam sobre as relações com o outro e com o coletivo. Subvertendo a ordem das coisas e criando novos sistemas, elas trazem uma reflexão do nosso estar e fazer no mundo, nos diferentes papéis que desempenhamos como ‘peixes, iscas e anzóis”, comenta Martha Niklaus. Nas quatro salas do último andar do Paço Imperial, o público poderá entrar em contato com trabalhos marcantes da artista como o livro “Histórias ilustradas de peixes, iscas e anzóis” (2009), que foi criado a partir da obra “Rosáceas” (2002-2009) e contém 1023 tipos humanos apresentados em grupos cromáticos, além de uma seleção classificada por ‘tipos, profissões e atitudes’; as esculturas “Casca” (1997), feita com malha de croché moldada e retirada de um corpo, “Crescente” (1997), uma tarrafa de pesca composta por 2.500 bonecos de chumbo aplicados na malha de fio de nylon, e “Memória do fogo” (1998), resultado da queima de uma fogueira que teve suas toras de madeira envolvidas em tela de arame; as vídeoinstalações “Choque de Cores” (2015), intervenção urbana realizada na praia de Ipanema, e “Horizonte Negro” (2015), obra manifesto que teve a participação 26 embarcações de velejadores da Marina da Glória, na Baía de Guanabara; e vídeos relacionados a diversos trabalhos. Além do inédito projeto “Azul”, desenvolvido nos últimos quatro anos durante viagens imersivas pelos rios Tapajós e Arapiuns, no Pará.
A curadora Paula Terra-Neale destaca que “O trabalho de Martha Niklaus opera nas zonas limítrofes dos encontros que se dão entre o individual e o coletivo; entre o real absoluto da experiência e as imagens que engendramos para fixá-las; entre a memória como arquivo e rastro de nossa humanidade e a possibilidade de um futuro utópico construído pela arte. Combinando aspectos da arte conceitual, minimalista e experimental, incorporando a performance e vídeo-arte; trabalhando com materiais diretamente extraídos da natureza, do nosso cotidiano ou ainda com sucatas, esta obra não quer se restringir a uma escola, movimento ou tendência artística. Dentre algumas assemelha-se às produções iniciadas nos anos 60/70, como o Neoconcretismo aqui no Brasil e a arte Povera na Itália”. A exposição Histórias de peixes, iscas e anzóis é um projeto curatorial da Terra-Arte.
Durante o período da exposição, será realizada uma visita guiada, aberta ao público em geral, com tradução simultânea para a linguagem de LIBRAS. A artista Martha Niklaus oferecerá também, para alunos e professores da rede pública de ensino, a oficina gratuita “Um Mundo de Classificações”.
O projeto da exposição está sendo viabilizado pelo patrocínio de pessoas físicas, através da Lei Rouanet/MinC, e pelo financiamento coletivo lançado no site da artista.
Martha Niklaus vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formada em Licenciatura em Artes, pela PUC-RJ, frequentou, desde criança, a Oficina de Arte Maria Teresa Vieira e o atelier do escultor José Cesar Branquinho. Nos anos 80, ingressou no Atelier de Escultura do Ingá e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Desde 1982, realizou diversas obras e participou de várias mostras coletivas internacionais. Seus últimos trabalhos apresentados no Rio de Janeiro foram: “Horizonte Negro”, coreografia náutica na Baía de Guanabara (2015); “Cabo de Guerra”, performance no evento “Maremoto”, na favela da Maré (2014); “Livro”, vídeoinstalação no Museu da República (2013); e “Choque de Cores”, intervenção urbana na Praia de Ipanema (2011). De 2014 a 2017, Martha fez viagens de imersão nos rios Arapiuns e Tapajós, no Pará, desenvolvendo os projetos “Azul” e “Online-Offline” (com crianças de comunidades ribeirinhas). Ganhou vários prêmios, sendo o mais recente o Redes de Artes Visuais da Funarte - 12ª edição, em 2015.