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setembro 20, 2017
Mariana Palma na Triângulo, São Paulo
Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Soma, quarta exposição individual de Mariana Palma na galeria. Entre pinturas, fotografias e aquarelas ineditas, a exposição aprofunda temas e referências caros à artista sugerindo ao mesmo tempo novos desdobramentos. A mostra é acompanhada por texto de Paulo Miyada.
A produção mais recente, segundo o crítico, intensifica a procura da artista por um espaço pictórico singular, traçado pela convivência simultânea de superfícies aquosas de texturas e imbricações de figuras e objetos incompletos. Isso decorre do próprio processo de pintura: Mariana inicia suas obras mergulhando a tela em água coberta por pigmentos, em um processo similar à marmorização de papel. Com isso, produz padrões intrincados de cores, linhas e pontos, sobre os quais pinta laboriosamente partes de tecidos estampados, elementos arquitetônicos e plantas. Assim, com cores intensas e enorme quantidade de estímulos visuais, as pinturas procuram seduzir o olho e estabelecer com o espectador relações de fascínio, repúdio, identificação e estranhamento.
“São imagens abundantes e com muitos focos compositivos, que podem ser lidas em partes ou como conjunto, acelerada ou detidamente”, descreve Miyada. Segundo a própria artista, os novos trabalhos a óleo e acrílico são mais abertos e integrados. “Comecei a ocupar mais o espaço da tela. Tudo invade, tudo se abre. A composição interage mais com o fundo”.
Quanto às fotografias, Mariana retoma o conceito da montagem de plantas em estágios variados de apodrecimento e elementos artificiais de plástico. O resultado, segundo Miyada, é a criação de híbridos, muitas vezes evocações de alguma espécie de cópula. A artista aprofunda o tema das composições fotografadas frente a um fundo infinito preto. A novidade é a série de fotografias com fundo branco, onde as composições floreais são mergulhadas no leite. “O leite é um fundo mais ativo que o papel. Traz incômodo, claustrofobia, uma cegueira do fundo, um fundo ruim”, reflete a artista. Algo parecido acontece nas aquarelas, onde Mariana retoma o tema da criação de híbridos erotizantes com maior liberdade imaginativa e delicadeza.
Em cartaz até 4 de outubro de 2017, a exposição é permeada por texto poético de Miyada. Segundo o autor, uma tentativa de aproximação à miríade de desejos da artista, ao combinar, por colagem, trechos de poemas como “Elegia: Indo para o leito” (John Donne, tradução de Augusto de Campos), “Poema do amor sem exagero” (Joaquim Cardozo), “Objeto” (Paulo Leminski) e “Mel” (Waly Salomão).