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agosto 14, 2017
Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira no Santander Cultural, Porto Alegre
Trata-se da primeira exposição com abordagem Queer realizada no Brasil, que traz um recorte totalmente inédito na América Latina.
O Santander Cultural apresenta a mostra Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira com mais de 270 obras – oriundas de coleções públicas e privadas – que percorrem o período histórico de meados do século 20 até os dias de hoje. Aberta ao público a partir de 15 de agosto, trata-se de uma iniciativa inédita que explora a diversidade de expressão de gênero e a diferença na arte e na cultura em períodos diversos. O Santander valoriza a diversidade e investe em sua unidade de cultura no Sul do País para que ela seja contemporânea, plural e criativa.
A exposição, que adota um modelo de disposição não cronológica e propõe desfazer hierarquias, mostra que a diversidade surge refletida no modelo artístico observada sob aspectos da variedade e da diferença. Pintura, gravura, fotografia, serigrafia, desenho, colagem, cerâmica, escultura e vídeo são apresentadas por meio de 85 artistas.
Queermuseu é, sobretudo, uma mostra que busca dar projeção à arte e a cultura por meio de questões artísticas que ultrapassam diversos aspectos da vida contemporânea, na constituição formal dos objetos, nos hábitos, nos costumes, na moda, na diversidade comportamental, geracional e na evolução da estética.
A curadoria realizada por Gaudêncio Fidelis propõe um diálogo entre as obras e promove o questionamento entre realidade material e conceitual e seus desdobramentos. “Uma exposição queer, que busca não ditar ou prescrever regras, discute questões relativas à formação do cânone artístico e a constituição da diferença na arte. Para esta plataforma curatorial levei em conta aspectos artísticos, culturais e históricos de cada trabalho” afirma o curador.
Queermuseu é um ‘museu provisório’, ficcional e metafórico, onde a inclusão é exercida para além de parâmetros restritivos, excludentes e discricionários. Para Marcos Madureira, vice-presidente executivo de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander, “A Diversidade é um valor para o nosso negócio. Acreditamos que o capital humano é o que torna uma organização diversa, com maior probabilidade de inovação e maior chance de se diferenciar no mercado”.
Este projeto é apoiado pelo Ministério da Cultura, patrocinado pelo Santander, realizado pelo Santander Cultural e Governo Federal e produzido pela Rainmaker Projetos e Produções.
Histórico
A produção artística e cultural queer ganha cada vez mais espaço em importantes instituições culturais internacionais. Alguns exemplos ocorreram em 2010: Hide/Seek: Difference and Desire in American Portraiture realizada pela National Portrait Gallery da instituição Smithsonian, em Washington, apresentou uma produção moderna e contemporânea. Ars Homo Erotica, realizada pelo Museu Nacional da Polônia, em Varsóvia, percorreu um arco histórico da arte grega à contemporaneidade. Recentemente inaugurou na Tate Britan, em Londres, a Queer British Art (1861-1967), com um conjunto de exposições de caráter histórico. Outras iniciativas de pequeno porte foram realizadas ao redor do mundo.
Gaudêncio Fidelis | (Gravataí, RS, 1965) é curador e historiador de arte, especializado em arte brasileira, moderna, contemporânea e arte das américas. É Mestre em Arte pela New York University (NYU) e Doutor em História da Arte pela State University of New York (SUNY), com a tese The Reception and Legibility of Brazilian Contemporary Art in the United States (1995-2005). Foi fundador e primeiro diretor do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), em 1992. Foi curador do Ciclo Arte Brasileira Contemporânea do Instituto Estadual de Artes Visuais do RS do qual foi diretor de 1992 a 1993. Escreveu diversas monografias de artistas e possui centenas de artigos publicados em jornais e revistas brasileiras e estrangeiras, catálogos e outras publicações de arte. Publicou os livros Dilemas da Matéria: Procedimento, Permanência e Conservação em Arte Contemporânea (MAC-RS, 2002), Uma História Concisa da Bienal do Mercosul (FBAVM, 2005), O Cheiro como Critério: em Direção a Uma Política Olfatória em Curadoria (Argos, 2015), entre outros. Participou de inúmeras conferências como palestrante e conferencista no Brasil e exterior em instituições como a Fundação Bienal de São Paulo (Brasil), Clark Institute (EUA), Centro Cultural Banco do Brasil (Brasil), Bard College Center for Curatorial Studies (EUA), Binghanton University (EUA), Fundação Bienal de Cuenca (Equador). Foi Curador-adjunto da 5ª Bienal do Mercosul em 2005. Em 2016 integrou o júri da XIII Bienal de Cuenca. É membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Museológico Brasileiro do IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus e do Conselho do Museu Oscar Niemeyer (Curitiba-PR). Foi diretor do Museu de Arte do Rio Grande Sul (MARGS) de 2011-2014 e Curador-chefe da 10a Bienal do Mercosul – Mensagens de uma Nova América em 2015. É membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).