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abril 1, 2016
Ricardo Rendón + Zé Carlos Garcia na Zipper, São Paulo
Pensar a escultura como uma performance talvez seja uma das principais propostas do mexicano Ricardo Rendón para sua segunda individual na Zipper Galeria. O título, Memória Possível, reflete sobre as inúmeras probabilidades de se dialogar com uma obra de arte, pensando o objeto não apenas como elemento estático, mas como algo que pode ser remodelado pelas pessoas. “Mais que objetos terminados, vejo em minha produção o desenvolvimento de uma forma em contínua evolução, uma forma determinada pelo ato criativo e pelas diferentes condições dos ambientes de trabalho”, afirma o artista.
Em suas produções, o mexicano utiliza diversos tipos de materiais como gesso, feltro e cimento, misturando práticas industriais e artesanais. Seus trabalhos instigam os sentidos por meio do contraste e da flexibilidade de seus elementos, e estimulam o pensamento ao refletir sobre as ausências que moldam a vida. Ao discutir sobre prática escultórica da arte contemporânea, Rendón parte da matéria para discorrer sobre a velocidade da sociedade na qual vivemos.
"Contra o pano de fundo de uma visão social que continua bastante clara na maneira como o ato do trabalho físico é entendido, o artista parece voltar a enfatizar o valor escultórico da sua produção. Evidentemente, as obras de Rendón nunca deixaram de ser propriamente escultóricas, ocupando, de maneira ineludível, o espaço expositivo, mas o que vemos aqui é uma nítida preocupação com questões específicas da escultura, notadamente o tratamento do peso, ou a maneira como o peso da peça não é acessório, mas central na constituição do trabalho. Ao suspender fragmentos de chapas de pedra e de madeira, Rendón coloca essas questões em pauta, ao passo que sugere um diálogo com referentes da história recente da escultura ocidental, como a série das Gravitaciones de Eduardo Chillida, entre outras possíveis referências, que justifica a sua reivindicação de um papel central para a escultura no panorama artístico contemporâneo." (trecho do texto crítico de Jacopo Crivelli Visconti sobre o artista).
Zip’Up: Zé Carlos Garcia - Ganimedes, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 04/04/2016 a 30/04/2016
A utilização de penas em estruturas tridimensionais tem sido um dos objetos de pesquisa na obra de Zé Carlos Garcia. Em sua primeira individual em São Paulo, o artista carioca dá continuidade ao trabalho com escultura plumária e apresenta uma peça de grande formato que ocupará integralmente o espaço expositivo. Com curadoria de Raphael Fonseca, vencedor do prêmio Marcantônio Vilaça de curadoria em 2015, a mostra “Ganimedes” abre também o calendário deste ano do Zip’Up. O programa acontece na sala superior da Zipper Galeria desde 2011 e é destinado a produções experimentais e projetos curatoriais inéditos.
A pesquisa artística de Zé Carlos se desenvolve principalmente no campo da escultura e da instalação. Suas peças contrastam o trabalho da mão humana para fins escultóricos com um caráter por vezes visceral e incontrolável da utilização de material orgânico. Para tal configuração da imagem, materiais como madeira e metais são justapostos a penas e corpos de animais. Os fazeres da marcenaria e da metalurgia caminham, portanto, juntamente com a colagem, a costura, e convidam à exploração desses corpos estranhos pelo corpo do espectador.