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abril 11, 2014
Camille Kachani e Vick Garaventa na Zipper, São Paulo
Esculturas híbridas de Camille Kachani invadem a Zipper Galeria
Aproximando natureza, arte e processo, as obras de Kachani desafiam o equilíbrio como dinâmica, ora orgânica, ora inorgânica
Camille Kachani, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 17/04/2014 a 10/05/2014
A Zipper Galeria apresenta, a partir de 16 de abril de 2014 às 19h, a primeira individual do artista libanês Camille Kachani na galeria. Com curadoria de Cauê Alves, a mostra reúne um conjunto de peças que enfatizam a dimensão poética de objetos que, afastados de seu caráter funcional, são transformados em esculturas e proporcionam diversos questionamentos.
As relações mais fundamentais se dão entre os elementos naturais e manuais, útil e inútil ou orgânico e inorgânico. O que se observa através da exposição, segundo o curador Cauê Alves, é que esses pares de opostos tendem a se transformar um no outro.
A madeira, material orgânico recorrente na produção do artista, aponta para um desejo de ser ressuscitada. Cabos são alongados como se estivessem vivos e folhas verdes brotam como se estivessem crescendo nos próprios objetos, espontaneamente e sem esforço.
Gaveta, martelo, foice, tesoura, enxada, faca, entre outros utensílios e ferramentas são sobrepostos e arranjados de maneira aparentemente instáveis, situando-se entre o equilíbrio e o desequilíbrio. A otimização dos objetos feitos para a mão não se adequa à nova função que adquiriram e criam um abismo entre o uso cotidiano dos objetos e a configuração da peça final. Essa distância aparece de modo mais direto quando copos, pratos, martelos e talheres são divididos ao meio. Há um pequeno hiato entre o espaço que separa as metades, a síntese de toda a exposição: a distância entre a totalidade e a singularidade partida da arte.
Camille Kachani (Beirute, Líbano, 1963), destaca-se no atual panorama da arte contemporânea brasileira por suas obras tridimensionais. Desde 2012, vem desenvolvendo um processo inventivo de possibilidades relacionadas ao processo de transformação da natureza. Suas obras são objetos híbridos, que investigam as condições originais e primitivas dos elementos naturais. Como exposições mais recentes, podemos citar sua individual na FUNARTE São Paulo, em 2008, e nas galerias Anna Maria Niemeyer, no Rio de Janeiro, e Galeria Thomas Cohn, em São Paulo, em 2010. Participou também das exposições coletivas: Annamaria Niemeyer: um caminho, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, Espelho Refletido, no Centro Cultural Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 05+50 MARP 20 Anos, no Museu de Arte de Ribeirão Preto, e Panorama Terra, pela RIO+20, todas durante o ano de 2012
Cauê Alves (São Paulo, Brasil, 1977) é mestre e doutor em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É professor da graduação e pós-graduação do curso Arte: história, crítica e curadoria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, (PUC-SP) e do curso de pós-graduação da Escola da Cidade, Civilização América: Um Olhar Através da Arquitetura. Escreve regularmente sobre arte contemporânea e tem experiência em história da arte, teoria da arte e estética. Foi um dos curadores do 32º Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2011) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011). Realizou, entre outras curadorias, a mostra Mira Schendel: Avesso do Avesso, no Instituto de Arte Contemporânea; e Quase Líquido, no Itaú Cultural.
Vick Garaventa ocupa o Espaço Zip’Up com pinturas, desenhos e gravuras
Vick Garaventa, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 17/04/2014 a 10/05/2014
Paralelamente à exposição de Camille Kachani, a Zipper galeria apresenta a artista Vick Garaventa, com curadoria de Mario Gioia pelo projeto Zip’Up. Transitando num território entre algo científico e imaginário, a artista plástica Vick Garaventa reúne pinturas, desenhos, gravuras e peças tridimensionais, utilizando conceitos e temáticas hoje correntemente utilizados na arte contemporânea, como a catalogação, os arquivos e a reapropriação, recombina-os com ciências hoje esquecidas, como a frenologia, e investiga como podem ser trabalhadas essas insuspeitas junções nesta era da fragmentação e da circulação maximizada.
Vick Garaventa é artista plástica, brasileira, nascida em 1989 na cidade de São Paulo. Graduada pela FAAP no curso de Artes Plásticas, em 2010. Participou da 41ª e 42ª edições da Anual de Arte da faculdade, ganhando prêmio máximo de bolsa de estudos. Fez parte de diversas exposições coletivas, incluindo no Museu de Arte Brasiliera (MAB), em São Paulo, e no programa de exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP). Paralelamente, trabalhou como assistente de artistas como José Roberto Aguilar, Rodolpho Parigi, Ana Elisa Egreja e Adrian Villar Rojas. Foi também assistente de montagem para exposição no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, em 2008.
Mario Gioia é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), coordena pelo quarto ano o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria. Em 2013, assinou por tal projeto as curadorias das individuais de Ivan Grilo, Layla Motta, Vítor Mizael, Myriam Zini e Camila Soato. No mesmo ano, fez as curadorias da coletiva Ao Sul, Paisagens (Bolsa de Arte de Porto Alegre) e das intervenções/ocupações de Rodolpho Parigi e Vanderlei Lopes na praça Victor Civita/Museu da Sustentabilidade, em SP. Foi repórter e redator de artes e arquitetura no caderno Ilustrada, no jornal Folha de S.Paulo, de 2005 a 2009, e atualmente colabora para diversos veículos, como a revista Select. É coautor de Roberto Mícoli (Bei Editora), Memória Virtual - Geraldo Marcolini (Editora Apicuri) e Bettina Vaz Guimarães (Dardo Editorial, ESP). Faz parte do grupo de críticos do Paço das Artes, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas. É crítico convidado do Programa de Fotografia 2012/2013 e do Programa de Exposições 2014 do CCSP (Centro Cultural São Paulo).
Sobre o Projeto Zip’up
Idealizada por Fábio Cimino, a sala Zip’Up é um espaço experimental reservado para receber novos artistas e curadores, nomes emergentes e talentos ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo do projeto é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores e público, dando oportunidade e visibilidade a talentos em iminência e/ou amadurecimento.