|
agosto 29, 2012
Jac Leirner e Tiago Carneiro da Cunha na Galeria Fortes Vilaça
A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar individual dos artistas Jac Leirner e Tiago Carneiro da Cunha. Em sua primeira exposição na galeria desde que começou a ser representada pela Fortes Vilaça, Jac Leirner mostra uma série de obras novas feitas com materiais utilizados em montagem de exposições. Já Tiago Carneiro da Cunha apresenta esculturas em faiança em uma continuação do trabalho que vem desenvolvendo nos últimos anos e que também será apresentado na 30ª Bienal de São Paulo.
Jac Leirner | Hardware seda – Hardware silk
Hardware seda – Hardware silk, título que faz alusão ao material utilizado nos trabalhos da mostra de Jac Leirner, como níveis de precisão, cabos de aço, ferragens e papel de sedas utilizado para enrolar tabaco, é uma exposição composta por cerca de 12 obras.Os trabalhos foram desenvolvidos em sua experiência na Universidade de Yale em março e abril deste ano, onde a artista fez residência e ministrará aulas ainda em setembro.A prática conceitual de acumular objetos do nosso cotidiano, reagrupá-los com rigor formal e assim inverter seus valores iniciais, é uma constante nas obras da artista.
Em Retrato, cartões postais adquiridos ao longo de décadas ou fotos roubadas de cinemas nos anos 70 e 80, de ícones como de Bruce Nauman, Shoemberg, Giacometti e Cocteau são laminados e agrupados com correntes e ferragens, em uma inversão onde os mestres que influenciaram a artista passam explicitamente a constituir a própria obra.Em Hardware Seda, argolas, tubos plásticos e metálicos, porcas, extensores, cabos de aço e até uma chave são ligados uns aos outros em uma linha de aço que se estende cortando o espaço da galeria. O que é usado normalmente como estrutura ou instrumento para montar uma exposição de arte passa a ser a própria obra, novamente constituindo uma inversão de valores.Já em Skin (ZigZag 1 1/2 Ultra Thin),sedas para enrolar tabaco são dispostas na parede uma ao lado da outra formando um grande quadro como uma pintura minimalista carregada pelo significado da repetição de um mesmo signo. Nas obras de Jac Leirner, os objetos são livremente mapeados com atenção especial para as transições entre o registro pessoal e o político, entre o cotidiano e o histórico.
Jac Leirner nasceu em São Paulo, 1961, onde vive e trabalha. Formou-se em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. Em 1991, fez residência no Walker Art Center, em Minneapolis, nos Estados Unidos. No mesmo ano, na Inglaterra, é professora convidada da Universidade de Oxford e artista residente no Museu de Arte Moderna da mesma cidade. Participou das Bienais de São Paulo de 1983 e de 1989. Participou do Aperto 90, na Bienal de Veneza de 1990 e representou o Brasil, também em Veneza, na Bienal de 1997. Integrou a 9a Documenta de Kassel, em 1992. Seu trabalho está presente em coleções como a Tate Modern Gallery, em Londres ; The Museum of Modern Art e Guggenheim Museum em Nova York, Museu de Arte Moderna de São Paulo ; Walker Art Center, em Mineápolis nos Estados Unidos ; entre outras. Em 2011, realizou mostra individual Retrospectiva na Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo, ganhando o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), pela melhor exposição do ano.
Tiago Carneiro da Cunha | Novas Esculturas
Tiago Carneiro da Cunha apresenta 3 novas esculturas em faiança policromada e tinta esmalte, que levam o seu habitual interesse por imagens abjetas a novos níveis de elaboração formal, através de uma utilização muito particular de efeitos oriundos da tradição escultórica clássica. Desta vez porém, o artista adiciona uma nova camada satírica ao incorporar elementos utilitários às esculturas.
Em Monstro de Lama com Vela Vermelha uma figura que parece coberta por um lençol de lodo multicolorido, paralisada em uma emersão fantasmagórica, leva uma grossa vela vermelha no topo de sua cabeça.A cera escorrida da vela se confunde com as cores e com os volumes da escultura, como se esta fosse há tempos utilizada como um candelabro,numa variação do mesmo tema desenvolvido em Monstro de Lama com Vela Branca, igualmente em exposição. Cicládico com Despacho consiste em uma figura reclinada em atitude relaxada, com os braços cruzados atrás de sua gigantesca cabeça geométrica reminiscente do estilo Cicládico (da Grécia pré-clássica), cujo titulo referencia. O espaço entre as pernas e os braços - no entanto - é utilizado para colocar frutas e nozes, em um meio-caminho incômodo entre escultura, fruteira e o despacho do título.
Neste sentido, esta nova série parece misturar conceitos de 'valor de uso' [nas suas versões satirizadas de objetos utilitários], 'valores espirituais' [na recém citada referência ao candomblé, e na mistura de registros sagrados e profanos] e - discutivelmente - o que GiorgioAgamben descreve como 'valor de exibição' [no livro "In Praise of Profanation", Zone Books 2007], se assim entendermos seu uso persistente de uma superfície altamente polida, refletiva e sedutora. As esculturas se encontram assim na ambígua posição de serem ícones com aspirações iconoclastas.
Tiago Carneiro da Cunha nasceu em 1973, em São Paulo.Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. É um dos artistas selecionado para a 30ª Bienal de São Paulo. Em 2011 expôs no Museum of Modern Art of San Francisco – SFMOMA, EUA e em 2010 foi curador da exposição "Law of the Jungle" –para a Lehmann Maupin Gallery, em New York, EUA.Seu trabalho está presente em coleções importantes como SFMOMA, (EUA);Coleção Gilberto Chateaubriand (Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro), Saatchi Collection (UK), e Thyssen-Bornemissa TB21 (Áustria); entre outros.