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janeiro 19, 2010
Projeto Zonas de Contato propõe diálogo entre artistas de diferentes gerações no Paço das Artes
Nesta primeira edição, Paulo Climachauska apresenta a exposição Rota da Seda e convida Rafael Carneiro para um diálogo artístico de desenhos e pinturas que trabalham com a desconstrução e o esvaziamento em busca de novas significações. Workshop e mesa redonda integram a programação
O novo projeto do Paço das Artes, Zonas de Contato, propõe a um artista que convide outro de geração mais nova para promover um diálogo de trabalhos. Paulo Climachauska é o artista-curador escolhido para inaugurar esta primeira edição, que traz como convidado o jovem artista Rafael Carneiro. Climachauska apresenta a exposição Rota da Seda, um conjunto de quatro pinturas e 16 desenhos realizados com contas de subtração, que dialogam com uma pintura de grande dimensão de Rafael Carneiro. Zonas de Contato tem abertura no dia 25 de janeiro, a partir das 20h, em evento aberto ao público, e pode ser visitada de 26 de janeiro a 04 de abril.
De 22 a 26 de março, das 16h às 18h, Paulo Climachauska ministra o workshop gratuito Procedimentos em Arte Contemporânea destinado a interessados na discussão sobre poéticas e procedimentos na arte contemporânea. Haverá análise de material apresentado pelos participantes e exercícios práticos. No dia 25 de março, ocorre o seu encerramento, com mesa redonda gratuita e aberta ao público que contará com as participações de Paulo Climachauska, Rafael Carneiro e Thales Ab’Saber.
Rota da Seda faz referência ao histórico caminho de ligação entre o Oriente e o Ocidente, que inclui regiões do Oriente Médio atualmente marcadas pelas disputas por gás e petróleo. Os desenhos representam imagens de locais destruídos por guerras e confrontos dentro do percurso da Rota da Seda extraídas de jornais impressos e internet; as pinturas mostram insetos como o bicho da seda e libélulas, em referência formal a aviões e helicópteros, todos pintados em padrões semelhantes à camuflagem militar.
Os trabalhos de Paulo Climachauska fazem parte de uma série denominada “construção por subtração”, na qual o artista busca reverter a lógica organizacional de um mundo pautado por uma somatória de processos construtivos e progressivos. “Propor um mundo construído por subtração no lugar da soma é para mim desvendar a artificialidade deste sistema tido como natural e propor outras formas de entendimento do mundo”, afirma o artista.
O contato estabelecido com a pintura de grande dimensão de Rafael Carneiro se dá tanto pela forma expositiva quanto pela linguagem e proposta teórica das obras. Ambos os artistas apropriam-se de imagens anteriormente produzidas como referência para a criação de suas obras e trabalham com a desconstrução e esvaziamento dos elementos que compõem um quadro em busca de uma significação que aponte para outra direção. Para a exposição, foram organizadas duas salas idênticas, formando dois corredores espelhados na entrada do Paço das Artes.
Sobre os artistas
Paulo Climachauska nasceu em São Paulo em 1962 e graduou-se em História e Arqueologia pela Universidade de São Paulo. Realizou sua primeira exposição em 1991 no MAC-SP. Participou da 26ª Bienal Internacional de São Paulo em 2006 e, no mesmo ano, da 8ª Bienal de Cuenca, no Equador, e da 14ª Bienal de San Juan, em Porto Rico. Realizou exposições individuais no Moderna Musset, de Estocolmo, na Galeria Millan (SP), Galeria Lurixs (RJ), Project 01, Park Gauflstrafle, em Hamburgo, Paço Imperial (RJ), entre outras tantas instituições. Participou ao longo deste tempo de quatro edições do Panorama da Arte Brasileira, no MAM-SP, e de outras Bienais como as de Havana, em Cuba, Lima, no Peru, e da I Bienal Ceará América, em Fortaleza, além da coletiva no Henry Moore Institute em Leeds, na Inglaterra, e no Toyota Contemporary Art museum, no Japão. Possui obras nos principais acervos públicos do Brasil, a exemplo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAM-SP, Instituto Cultural Itaú, MAC-SP, Pinacoteca Municipal de São Paulo, MAM-RJ e Coleção Gilberto Chateaubriand.
Rafael Carneiro nasceu em São Paulo (SP), em 1985, e concluiu, em 2006, o curso de artes plásticas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Em 2005, expôs na mostra coletiva do Projeto Nascente, no Centro Universitário Maria Antônia (Ceuma). Em 2007, participou do 32º Salão de Arte de Ribeirão Preto Contemporâneo, onde ganhou o Prêmio Aquisição. Em 2008, expôs como artista premiado na coletiva Projéteis de Arte Contemporânea, promovida pela Funarte, Rio de Janeiro. Na mesma cidade, exibiu uma individual na Galeria Artur Fidalgo. Vive e trabalha em São Paulo.
Zonas de Contato
Zonas de Contato engloba o deslocamento e a ampliação das funções no ambiente da arte: o artista convidado, além de expor suas obras, atua como curador ao eleger e convidar um jovem artista cujo trabalho dialogue com o seu, estabelecendo as múltiplas zonas de contato que a arte contemporânea permite.
A inovação deste projeto do Paço das Artes se encontra nos diálogos possíveis entre as linguagens da arte contemporânea. Zonas de Contato propõe aproximações entre formas de exibição, linguagens e propostas artísticas, além de um diálogo entre artistas de diferentes gerações.
Paço das Artes
O Paço das Artes, Órgão da Secretaria de Estado de Cultura do Governo do Estado de São Paulo, foi criado em 1970 e atualmente é administrado pela Associação dos Amigos do Paço das Artes Francisco Matarazzo Sobrinho, Organização Social de Cultura. Atualmente, conta com a direção geral da curadora e crítica de artes visuais Daniela Bousso, com a direção técnica da pesquisadora e curadora de arte contemporânea Priscila Arantes, com a direção administrativo-financeira do engenheiro Selim Harari e com Marcela Amaral na gerência do Núcleo de Projetos. A missão do Paço das Artes é “fomentar, exibir, difundir e refletir sobre a arte contemporânea”.